segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Crime, disse ela!

No programa da Rádio Renascença “Diga Lá Excelência”, que aos domingos à noite tem repetição na Dois, a conversa era com Inês Fontinha da Associação Ninho e versava se a prostituição deveria ou não ser legalizada em Portugal.
Confesso que não tenho, ainda, opinião formada sobre matéria tão delicada. Por egoísmo, talvez. Embora, também por egoísmo colectivo, pense que a legalização nos pudesse, quiçá, defender da maior disseminação do vírus da SIDA e outras doenças venéreas.
Mas fiquei a perceber que, na opinião de Inês Fontinha, legalizar não é solução e, citando vários exemplos de países europeus onde a prostituição é legal e considerada uma profissão, defendeu com argumentos de peso a sua posição contrária.
Até aqui nada de extraordinário. Mas, a dada altura, a propósito da entrevistada defender a criação de medidas que acabassem com o tráfico de mulheres e com a humilhação a que são sujeitas, a entrevistadora perguntou-lhe se “não considerava igualmente humilhante e agressivo aos direitos humanos, a situação de muitas mulheres de leste com o curso de medicina, por exemplo, a trabalharem ilegalmente no nosso país como mulheres a dias”. À pergunta Inês Fontinha respondeu: “Está a confundir duas coisas distintas: uma refere-se às políticas de imigração do país; a outra trata-se de tráfico de mulheres e isso é crime aos olhos da lei”.
E eu ouvi e corroborei.

11 Comentário(s):

Blogger Agnelo Figueiredo disse:

Eu não tenho nada a opor.
Carteira profissional, sindicato, formação inicial e contínua, recibos de prestação de serviços, concorrência, e tudo o resto como qualquer profissional.
Só tenho medo de uma coisa:
O Estado deve resistir à sua tentação de crescimento e considerar esta actividade como sector exclusivamente privado. Não deve haver putas funcionárias públicas.

segunda-feira, 09 janeiro, 2006  
Blogger Neoarqueo disse:

O problema da legalização poderá estar no facto de por acaso algum bordel precisar de recrutar prostitutas e recorrer ao Fundo de desemprego. Aí, como se sabe, ha´muitas mulheres inscritas, e depois como é que era? Elas tinham que aceitar ou recusar? Recusar por falta de quê? de habilitações? e se naturalmente recusassem, ser-lhes-ía cortado o subsídio de desemprego? Hummm...um problema que não é fácil resolver...digo eu, não sei...

segunda-feira, 09 janeiro, 2006  
Blogger nunofigueiredo disse:

O assunto é sério demais!

Antes de mais devo dizer que a entrevista foi mal conseguida!

Depois que sou, por uma questão de saúde publica, a favor da regulação desta pratica profissional. Digo regulação e não legalização.

Quero também dizer que sempre fui contra a prostituição, principalmente porque achava que quem se prostituía, não era por gosto do acto, mas sim para fazer frente a dificuldades, económicas e sociais. Mas também desde sempre achei que quem mais problemas tinha era quem recorria á prostituta.

E pronto é apenas uma opinião!

segunda-feira, 09 janeiro, 2006  
Blogger Alex disse:

Infelizmente, prostituição e emigração estão muito associadas.
Como se costuma dizer, chega-se com uma mão atrás e outra à frente. Depois, tira-se a mão de trás e da frente e já está. É fácil não é?
Mas parece que vamos no bom caminho. Segundo os “media”, o Gabinete de Gestão Financeira do Ministério da Justiça já avençou uma estrangeira nessa situação. É sempre bom tirar e prostituição da rua.
Gesto lindo. Um belo exemplo da nossa excelente política de integração de imigrantes.
Como diz um colega meu “Faz cá falta. Dá tempero a muitos casamentos...”.

terça-feira, 10 janeiro, 2006  
Blogger Alberto Oliveira disse:

O Nuno Figueiredo traçou a sintéticamente uma opinião que defendo e partilho; regulação, não legalização.

A questão da intrevistadora é no mínimo feita de má-fé e a resposta de Inês Fontinha só podia ser essa porque é a correcta.

O cerne a questão está na entrada em Portugal de qualquer pessoa, venha ela de onde vier. E no oportunismo dos empregadores; privados ou não.

terça-feira, 10 janeiro, 2006  
Blogger Vica disse:

Eu acho que deveriam legalizar, não só aí, como aqui. A situação existe, persiste, e facilita a prática de outros crimes, justamente porque é ilegal, não tem controle de nada e é reprimida moderadamente, afinal quantos políticos não fazem uso destes serviços?

terça-feira, 10 janeiro, 2006  
Blogger Que Bem Cheira A Maresia disse:

Gosto de te vir ler e deste teu apurado sentido de oportunidade que nos faz pensar.

Beijoka da Lina

terça-feira, 10 janeiro, 2006  
Blogger segurademim disse:

A Inês Fontínha tem razão! conheço-lhe a clareza e as convicções, foi minha professora! - imigração e prostituição são coisas distintas!!!

As imigrantes que se sujeitam a tarefas abaixo das qualificações, nos países de acolhimento, defendem as suas expectativas de fazer um caminho no sentido da legalização; é uma forma de terem um salário para poderem viver e enviar algum dinheiro para os familiares no país de origem. Entretanto, como estratégia de integração, aprendem a lingua, tratam das equivalências e através do vínculo laboral, ganham direito à autorização de permanência no País.
De reter que em outros países, os processos de legalização são muito mais complexos (Alemanha, França, Inglaterra). Parece-me que lhes damos tempo para se organizarem e estabilizarem. Acresce, que me parece importante que se aprenda a língua antes de se exercer a medicina!

Pessoalmente choca-me muito mais que se tenham vedado hipóteses de trabalho a licenciadas nacionais e se continuem a encaminhar jovens para cursos que não têm qualquer préstimo. Empurrando assim muitas jovens portuguesas, também licenciadas, para a prostituição :(

O Tráfico existe nos dois sentidos de imigrantes e de emigrantes e é crime :(

BJ

terça-feira, 10 janeiro, 2006  
Blogger sattelite disse:

Legalizar não é solução uma vez que iriam continuar a existir os aproveitadores e o tráfico permanecia porque tal como as médicas que trabalham como mulheres de limpeza porque são ilegais, também iria continuar a haver mulheres ilegais a trabalhar em bordéis legais...

quarta-feira, 11 janeiro, 2006  
Blogger Eduardo Leal disse:

Ora bem... não percebi como é que os alhos se misturaram com os bogalhos...
Estou tão baralhado que nem sei por onde começar.
Como já deixei claro no meu curto artigo sobre o Jerónimo de Sousa e a sua (do Partido) posição sobre este tema, (www.fiodonorte.blogspot.com), sou a favor da legalização desta prática em Portugal.
Mas deixemos bem claro. A prostituíção não é comparável a outras profissões.
O exemplo Alemão, onde a prostituíção é legal, de cortar o subsídio de desemprego a uma mulher porque ela recusou o emprego de prostituta num bar (!!!) parece-me muito infeliz.
Primeiro porque não acho lógico que quem efectuou descontos numa profissão e, por isso, tem direito a um subsídio, tenha que aceitar outra actividade qualquer sob risco de perder o mesmo.
Depois porque, apesar de me sentir capaz de desempenhar mil e uma profissões, não me estou a ver a permitir entradas a estranhos no meu segundo território (o primeiro é o pensamento.
Porque a prostituíção, mesmo que legalizada, (e reitero que era assim que devia ser - legalizada e regulamentada),não é profissão que desejemos para as nossas filhas...

quarta-feira, 11 janeiro, 2006  
Blogger Mónica disse:

poupa-me ao programas da radio renascença!

sábado, 14 janeiro, 2006  

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