domingo, 19 de novembro de 2006

Competências

Não sei se com intuitos cosméticos, para que a Europa saiba que já não somos o país analfabeto do Salazarismo, ou para promover candidatos ao ensino superior, o Governo da nação decidiu criar centros de validação de competências para profissionais que não tendo o 12º ano possam, com três anos de experiência, ter direito a um diploma que lhes confere o mesmo grau de ensino.
Assim, à priori, parece uma medida interessante até porque todos nós conhecemos muitos profissionais cuja competência ultrapassa a sua limitada instrução, ultrapassando, inclusive, muitos que com formação superior não atingem tal patamar onde se encontram aqueles. Estamos de acordo que assim é.
Mas não podemos encarar esta medida única e exclusivamente por este prisma da pseudo justiça. Então e os que fizeram a sua formação cumprindo os três anos do secundário? Como ficam esses que, hoje, já terão a desvantagem de ter menos três anos na sua carreira contributiva para a Segurança Social? Que benefício lhes será dado como recompensa, hoje, que existe uma campanha de sensibilização para evitar o grande abandono escolar que ainda grassa por todo o país depois da escolaridade obrigatória? Não estaremos a promover um país de facilidades onde o importante é esperar que o tempo resolva a nossa falta de qualificação?

20 Comentário(s):

Anonymous Anónimo disse:

A medida tem o seu quê de interessante. Porém, esta medida não é portuguesa, surge de acordo com o Tratado de Bolonha.
Efeitos positivos ou negativos? A ver vamos com o tempo...O mercado de trabalho vai concerteza separar o trigo do joio.Muitas vezes o trigo e joio estão em searas trocadas... Consideremos este exemplo: " sou um empresário de uma empresa micro que quer livrar-se de algum trabalho burocrático amanhã; para tal surgem-me dois candidatos: C1- 12ºano, estudos na àrea de economia e gestão, curso de especialização na mesma área, sem qualquer experiência profissional naquilo que preciso, disponibilidade imediata. C2- 9º ano, experiência profissional de 5 anos naquilo que eu preciso, só está disponível daqui a 1 mês. Quem escolheria eu?

domingo, 19 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

pois, a ideia em si ná é má...

mas aproveitava e mandava os nossos ministros tb fazerem uns exames...de equivalência :-))))))

domingo, 19 novembro, 2006  
Blogger Bel disse:

O tsfm escolheria o individuo com experiEncia profissional esquecendo-se possivelmente que todos têm de começar.
È positivo estes cursos de qualificação profissional, embora a comparação justa deverá ter em conta o factor competência de quem o ministra.
O tratado de bolonha não trará grandes consequencias a curto prazo mas a médio colocará na mesma balança um individuo em que o seu curso foi de cinco anos e um cujo curso é de três.
O programa das cadeiras está a ser reajustado? Sim? Será funcional?
Quem sabe?

domingo, 19 novembro, 2006  
Blogger amigona avó e a neta princesa disse:

Oi João, não tens aparecido... boa semana...

segunda-feira, 20 novembro, 2006  
Blogger Maria Cota disse:

Nem sempre o caminho aparentemente mais fácil é o que garante melhores resultados.
Parabéns por mais um texto lúcido, lógico e fluido!

Beijinhos da amiga
Ana

P.S. Para quando um almocinho?:)

segunda-feira, 20 novembro, 2006  
Blogger sattelite disse:

o processo de bolonha só vem dificultar ainda mais o mercado de trabalho para o pessoal qualificado, se até qui já existem muitos licenciados desempregados, com este processo vão ser cada vez mais. Já para não falar no facto de existir a possibilidade de pessoas com mais de 23 anos poderem aceder ao ensino superior só com o 9º ano, não será isto uma injustiça em relação aqueles que se esforçaram para concluir o 12º e sujeitaram-se a exames nacionais?

segunda-feira, 20 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Vejo que o teu blog continua como sempre, fantástico! :)
Venho apenas desejar-te tudo de bom.
Beijinhos*

segunda-feira, 20 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

realmente uma medida complexa e cheia de espinhos.

segunda-feira, 20 novembro, 2006  
Blogger RPM disse:

Meu caro....concordo consigo...

mas repare bem no conjunto de disciplinas que os novos discentes vão ter!!!! uma tonelada de disciplinas.....de certeza para que os diplomas sejam em pouca quantidade....

abraço

RPM

segunda-feira, 20 novembro, 2006  
Blogger Eduardo Leal disse:

Meu Caro João,

A mim, o que me parece importante é qualificar...

E não me parece liquido que os diplomados nas faculdades sejam remetidos para segundo plano, ou até que fiquem a par dos novos qualificados.

Não será que já estamos a ver problemas onde apenas surgem soluções?!

terça-feira, 21 novembro, 2006  
Blogger Maria P. disse:

Grata por todas as dedicadas visitas à Casa de Maio.

Beijinho.

terça-feira, 21 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Caro João,
até à pouco tempo tive responsabilidades de dirigente de nível superior na matéria que traz ao seu Blog...resolvi continuar no meu campo, mas não nesse projecto. Considero, no entanto, louvável o esforço que se vem fazendo ao nível da qualificação; tenho dúvidas no entanto a outros níveis. Não subscrevo o qualificar só por qualifcar, queria acreditar na qualificação com credibilidade...

terça-feira, 21 novembro, 2006  
Blogger Vica disse:

Olá, amigo! Há quanto tempo! Pensava que não ouviria mais falar de ti!! Ainda não consegui te escutar na rádio, mas tentarei fazê-lo assim que puder. Beijos.

terça-feira, 21 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Não sei se vai soar bem... mas cá vai.
Esta medida soa como aquelas pessoas que pegam em 4 tábuas e fazem uma barraca lá para os lados de uma grande cidade. Depois de 4/5 anos chamam lá a TV a Rádio e os Jornais e choram "Baba e Ranho" pelas condições miseráveis em que vivem, pedindo(exigindo) uma nova habitação, com as condições e conforto a que têm direito como todos os outros Portugueses.

Já deve haver por aí alunos, a pensar sériamente em sair da escola, ir trabalhar (ou talvez não) e daqui a uns quantos anos fazer o tal exame e ja está.

Será que vai haver alguma coisita, daqui a uns anitos, para se ter um "canudo"?

quarta-feira, 22 novembro, 2006  
Blogger Al Cardoso disse:

Infelizmente e o que se tem notado, promover facilidades tem levado a que com honrosas excepcoes continuamos a ser um pais de mediocres.
Eu nao sou contrario a estas qualificacoes, mas tem que haver o meio termo, "nem tanto ao mar nem tanto a terra" ja diz o nosso povo.

Eu sou em favor de qualificacoes com merito, e nao so para acompanhar-mos a media educacional do resto da Europa.

Um abraco de amizade.

quarta-feira, 22 novembro, 2006  
Blogger José Manuel Dias disse:

O que importa é melhorar as qualificaçõs das pessoas que já estão no mercado de trabalho e dar sinais de exigência crescente a quem vai entrar. A ideia que "só o excelente é suficiente" deve generalizar-se...a bem de todos e do nosso futuro.
Estamos, pois, a meu ver, no bom caminho...
Abraço

sexta-feira, 24 novembro, 2006  
Blogger Unknown disse:

A medida nem me parece má, agora espero é que o estado abelhudo não vá obrigar as empresas a aceitar primeiro os "bem licenciados" (ou o contrário) e depois os outros (os calaceiros da escola que depois de amocharem com trabalho ganham experiência e rumo e voltam para o sabor dos livros). Tem que ser o mercado de trabalho a decidir se vale ou não a pena. Ninguém pode ter medo da competição, como diz alguém que eu conheço - só temos trabalho porque temos concorrência.

Um abraço

sexta-feira, 24 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Não discuto a justiça da medida...
mas muitas pessoas como referes efectivamente tem competencias que ultrapassam os seus estudos, e muitas dessas pessoas, até se encontram num patamar mais elevado do que aqueles que tem formação, então porque não? Afinal se tem competência hà que os valorizar, Há que se valorizar!!!, até porque muitas pessoas não concluiram os seus estudos por falta de oportunidades, por motivos de força maior...
Então se têm as competências e a unica coisa ke lhes falta é um papel para confirmar perante os mais cépticos as suas capacidades, então que lhes deem essa oportunidade! até ao que sei a equivalência só lhes é dada depois de comprovadas as aptidões, se as tiverem axo bem, até porque há injustiças muito maiores do que estas para com a sociedade e para com os trabalhadores, que passam perfeitamente despercebidas, se as pessoas tem qualificações vamos lá dar-lhes o papelinho que tantos consideram importante, que muitos têm, e que por vezes nem sequer estão qualificados para os ter!
Mas... obviamente esta é a minha opinião... não será certamente a de muitos...
Beijos e bom domingo

sábado, 25 novembro, 2006  
Blogger ¦☆¦Jøhη¦☆¦ disse:

Boas noites.

Está aqui um post interessante, acerca de uma matéria que já me tem feito reflectir um pouco. Não sou a favor do facilitismo como é evidente, mas também não creio que seja assim uma injustiça muito grande o facto de se dar uma hipótese legitima a pessoas competentes de alcançar a equivalência ao 12º ano. Se depois vão para a Universidade, isso será questão para cada um reflectir, por mim, licenciado e a frequentar uma pós graduação e um mestrado, não me sinto minimante incomodado por este facto, até porque conheço pessoas com escolaridades muito inferiores à minha, e que sabem muito mais que eu! O meu pai por exemplo, tem para mim um conhecimento prático que equivale a muitos cursos e mestrados! Assim como pessoas que eu conheço, perfeitamente capazes e merecedoras de terem estas equivalências. Até porque estou certo que isto não deverá ser um processo tipo "mar de rosas", imagino que haverá um certo grau de exigência! E falo porque sei, porque ainda no outro dia, vi o programa de um curso do IEFP que irá dar a equivalência ao nono ano a um amigo meu, e até achei esse programa bastante interessante, pelo menos no dominio das matemáticas e linguísticas. Portanto, eu não creio que seja do tipo de "dar diplomas e equivalências a qualquer um que apareca". Por mim, demos uma chance a quem merece de alcançar algo mais na vida.

Um abraço, João

sábado, 25 novembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

É verdade! Parece uma contradição, não é?
Abraços!

domingo, 26 novembro, 2006  

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