Onde pára a História?
O governo do Zimbabwe anunciou a decisão de devolver mais de duas mil propriedades aos seus antigos donos, a quem haviam sido retiradas a ferro e fogo há meia dúzia de anos atrás. Aliás, mais que um comunicado, tratou-se de um pedido de volta.
Na base deste retrocesso de um processo sangrento e violento como foi este, está o facto das propriedades agora prontas para devolução não terem, nestes anos, produzido absolutamente nada. Os proprietários nativos não terão usado as terras expropriadas aos antigos colonos para criação de riqueza.
Em Moçambique, o governo apela aos bóeres da África do Sul que regressem às suas antigas propriedades e disponibilizou milhares de hectares de terra fértil e abandonada para que seja utilizada por novos agricultores que queiram ali restabelecer a sua vida.
Por toda a África de língua oficial portuguesa se anseia o regresso dos portugueses àqueles territórios para que sejam um contributo no desenvolvimento e progresso dos países em questão. Há, todos os dias, um manancial de ofertas e de pedidos para mão de obra em África. Sobretudo de gente que saiba fazer e ensine a fazer. Há um enorme deficit de saber fazer.
Se é verdade que sendo estes países um éden de oportunidades, não é menos que o risco continua iminente e a minha geração, não tendo vivido tão intensamente como a anterior a descolonização, mantém-se receosa a este desafio que se chama África.
Não creio que, por exemplo, os bóeres voltem ao Zimbabwe com a mesma confiança e determinação que tinham antes de se verem despojados dos seus haveres.
Na Bolívia, o presidente Morales, teve a “brilhante” ideia de querer nacionalizar as companhias petrolíferas aí instaladas. Na sua maioria, senão na totalidade, são empresas multinacionais que investiram muito naquele país, em “know how” e infraestruturas na expectativa de daí retirarem o devido retorno. Como está bom de ver ninguém dá nada a ninguém, mas se as multinacionais precisam do ouro negro da Bolívia, também esta necessita do seu investimento e da criação de riqueza.
Pergunto-me, então, se não será melhor cada país fechar as suas fronteiras ao mundo e tornar-se independente e auto-suficiente? Não é esse o caminho. Era bom que os governantes fossem os primeiros a percebê-lo!
18 Comentário(s):
Ninguém vai nessa conversa...O Zimbabwe, antiga Rodésia, que eu visitei e admirei, nunca mais vai ter o mesmo esplendor, a mesma riqueza...Porque é preciso trabalhar...e até agora nada se produziu nas terras confiscadas aos seus proprietários...
Episódios tristes...Também já não acredito na pretensa boa-vontade desses governantes.
Bjs
Concordo contigo quando dizes que não será possivel voltar com a confiana do antes. Sim não entendo porque deixar vir os emigrantes se não os sabemos receber ou não podemos. Seria imortantissimo ser auto suficiente.
NO ano passado concorri para cabo verde mas apesar de pedirem professores de matemática para Moçambique confesso que não tive coragem ou melhor tive medo.
1. a história não pára... :)
2. Não é esse o caminho???? significa o quê?
Olá Maresia,
Quer dizer que este tipo de atitudes, como as citadas, fechando as fronteiras ao capital estrangeiro que é visto como mau e dominador não leva, seguramente, ao progresso nem ao bem estar das populações. Fechar fronteiras não é o caminho.
"aqui e noutro sitio onde te visito" Sem dúvida alguma es uma pessoa perspicaz.
Resta me confessar que sim sou a mesma pessoa em duas personagens ou melhor em tres.
boa semana João
P.S.Por engano removi o comentário anterior. Não foi arrependimento foi mesmo engano
Neste momento está em voga investir em África.
Entre nós fala-se muito em empresas que vão ou querem investir em Angola e Moçambique, por exemplo.
É claro que especialmente eu, na qualidade de natural de Moçambique, gostava de ver o país onde nasci potenciar e disfrutar de todas as qualidades que tem.
Infelizmente isso não tem acontecido, mas também quem anda minimamente atento sabe bem que, na maioria das vezes e na maioria dos países africanos, só se concegue vencer pela via da corrupção.
Quer se queira quer não a partir, principalmente, da descolonização esta é uma realidade inegável.
Na minha opinião, o capital estrangeiro é muito importante se não for para "engordar" muitos hipócritas, cheios de dinheiro e com grandes fortunas, em paíes onde a miséria é o expoente máximo.
politica enerva-me profundamente. As moscas mudam mas a m***a é a mesma....
Se as coisas fossem assim tão simples, muitos países já se tinham divorciado do resto do mundo!
Abraços
E para que e os antigos colonos haveriam de voltar, e recuperar as fazendas, que os africanos nao souberam continuar, so se fosse com a ideia benemerita de no fim de recuperadas as voltarem a deixar nacionalizar.
E triste, por exemplo Angola, um pais que conheco bem, que antes da desconolizacao era o quarto productor mundial de cafe e hoje nao sera nem o quadrajessimo, e os portugueses deixaram tudo intacto, e so continuarem a trabalhar e a gerir as fazendas.
So queria deixar um concelho aos menos avisados, vejam as novas politicas de certos paises sul-americanos para ver que os anos sessenta estam de volta e, nao caiam na nessa armadilha.
Nasci em Angola, e em 74 fui para a Africa do Sul, para a Rodésia, depois para Portugal, do pouco que me lembro eram paises ricos sob todos os aspectos, no entanto foram caindo a nível económico, e por má gestão de recursos, infelizmente nem todos sabem ou conseguesm gerir a sua riqueza, apenas com os meios humanos internos.
Na realidade, em todos os paises nunca as fronteiras estiveram fechadas aos recursos humanos estrangeiros,que como tudo, pode trazer beneficios ou não aos paises que acolhem pessoas que lutam por uma vida melhor...
Quem disse que era fácil?...
Considerando as economias internas de cada um, considerando os mercados de oferta e procura, o desemprego, pessoal especializado, e considerando ainda os objectivos pessoais daqueles que optam por atravessar fronteiras, não será benéfico este intercambio de culturas e conhecimentos?
Seremos nós capazes de viver uns sem os outros?.
Pena que os paises que estavam com uma economia estavel, na altura não souberam valorizar a importância que os colonos tinham para a produção de riqueza...
Agora?... não sei se aqueles que foram "convidados" a sair, terão vontade de regressar...
Bjx e boa semana.
Gostaria de ouvir sua opinião sobre o Brasil e o que acontece por aqui. beijos, claudia
Não sei se muitos daqueles que vieram de Angola e lá deixaram tudo, queiram voltar ao local de onde saíram, praticamente sem nada e, tiveram que começar do zero, para restabelecer as suas Vidas...
Agora, querem o seu regresso, porque chegaram à conclusão que afinal precisam de quem escorraçaram. A luta do Povo é tremenda, para sobreviver, eu sei, mas aqueles que provocaram a guerra e a misérias nesses Países, onde estão agora? Encheram os bolsos e abandonam a Terra que eles ajudaram a tornar estéril?
Conheci uma Família, cujos Pais perecerem em Angola, porque não quiseram deixar a terra que cultivaram com muito sacrifício. A verdade, é que se para muitos, a vida foi fácil nesses Países, outros tiveram que trabalhar e lutar muito para conseguirem alguma coisa e não quiseram deixar assim a terra que amavam. Por isso, acabaram por perder a Vida e tudo o que conquistaram ao longo dos anos. Não acredito que os Filhos deles, algum dia queiram voltar ao País, que assassinou os Pais.
Uma questão delicada e polémica, a meu ver...
Um abraço e boa semana ;)
Há feridas que nunca se curam, pedir para voltar a quem deixaram sem nada, é muito difícil.....a história não perdoa!
Ir a Angola? a pedido de várias famílias?
Quem tiver que ir que vá.Quem tiver que ficar que fique.
quando perceberem, desistem de ser governantes...
Vamos é viver para o centro geodésico de Portugal...
Pois pois, gato escaldado...
Concordo consigo!
Um abraço da Dani
JL - essa era a ideia de Salazar - Orgulhosamente sós.
Está lindo...
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