terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Salas de "chuto"

Ouvi na rádio que a Câmara de Lisboa se prepara para fazer aprovar uma medida que resulte criação, na capital, de salas de "chuto", pomposamente designadas de salas de injecção medicamente assistidas.
Ora, chame-se-lhe o que se chamar é como aquilo que a gente sabe que por mais perfume que tenha nunca será senão aquilo que é.
Quando, aqui há uns anos, o PS tentou implementar este conceito e prática eu manifestei a minha opinião contrária. Hoje, independentemente do partido que a propõe, mantenho a minha posição do passado.
A razão é simples: devemos estimular ou apoiar os que caíram nas malhas da droga a livrarem-se do vício. Perpetuá-lo não. Dir-me-ão que não, que as salas servirão exactamente para prevenção de doenças e com assistência médica garantindo que o toxicodependente acompanhado seja orientado a tomar o caminho da redenção.
Não me parece que assim seja. Tanto mais que um consumidor não se livrará do vício consumindo o produto do próprio vício sendo que, neste caso, o acesso à droga poderá ser gratuito.
Seria melhor, talvez, se a Câmara de Lisboa se preocupasse um pouco mais com os seus idosos que vivem tantas e tantas vezes na solidão da cidade frenética e cada vez mais egoísta. Ou então com aqueles que nunca escolheram ter doenças e têm, não tendo garantidas, contudo, todas as condições e assistência médica de que necessitam.
É que, apesar de eu considerar que devemos ser solidários com os toxicodependentes que pretendem a cura, considero também que essa condição resulta de uma opção que em determinada fase da sua vida tomaram. Foi uma escolha. Errada, é certo, mas não deixa de o ter sido. Têm direito a uma segunda oportunidade e nós o dever de lha garantir, mas não assim.

18 Comentário(s):

Anonymous Anónimo disse:

Pois...é assim. Tempos de mudança, estes.

terça-feira, 05 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Caro João Lopes,
partilho da sua opinião, subscrevo-a inteiramente e dou-lhe os parabéns por esta sua esplanação tão simples e objectiva.
Concordo plenamente que a preocupação das entidades deveria ser no sentido de quem sofre involuntariamente ou de quem tem dificuldades que advenham de situações que nunca desejaram.
Falta também dar prioridade àqueles que por várias razões são vítimas, da delinquência proveniente, dos toxicodependentes.
Estes, antes de chegarem às salas de chuto, já prejudicaram muita gente inocente e que nada tem a ver com esse mundo.
É que as salas de "chuto" são mais uma forma de quem tem poderes, para agir, se acomodar.

terça-feira, 05 dezembro, 2006  
Blogger nunofigueiredo disse:

e eu a pensar que salas de chuto era os estadios de futebol!

mas afinal o chutos são outros.

qualquer municipio deve tratar os seus municipes de igual modo. sejam eles toxicodependentes, sem abrigo, idosos, deficientes, todos sem excepção.
por isso não se deve pensar que ao dar apoio a uns esta a tirar apois a 0utros.

quando for a Mangualde vou apitar. Embora nos termos do código da estrada dentro das localidades só é permitido o uso da sinalização sonora em caso de perigo iminente. contra ordenação leve punida com coima.

era só para informar.
abraço.

terça-feira, 05 dezembro, 2006  
Blogger Alex disse:

Discordo da tua opinião amigo JL.

A ideia não é criar antros de drogados em alguns bairros da capital mas sim dignificar um pouco a vida dos dependentes de drogas duras, ministrando-lhes programadamente substitutos. Estou certo que esta medida, acompanhada de outras, irá possibilitar a recuperação de alguns toxicodependentes e atenuar outros males.
Pode ser que assim não tenham de andar nas ruas a “roubar as carteiras às velhinhas” para satisfazerem o vício.

Um abraço

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Apesar de nem sp concordar contigo... neste assunto, penso como tu!

Estive em Amesterdão, onde este serviço existe e o q vi, foi precisamente o q descreves!

No q diz respeito aos idosos... é uma vergonha, a maneira como familiares e certos serviços hospitalares (alguns, exemplares nesse assunto, diga-se em abono da verdade, mas outros há...) se desfazem deles como se fossem 'objectos' descartáveis.

Finalmente, aquele leitor q considera q são os 'drogados' [e aqui defendo-os, pq sei q fazem mt coisa mal, como riscar carros e outros] se ele visse bem ñ são os drogados q roubam 'as 'velhinhas' mas pessoas bem saudáveis, viciadas sim em artigos de luxo q a sociedade impõe como de consumo 'obrigatário!! E para quem ñ tem educação de valores, estes passam a sê-lo num país q em nada investe para a cultura cívica dos seus cidadãos.

Agradeço teu olhar em meu espaço.

Bom feriado!

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Concordo contigo, esta é a verdade.
Um beijo*

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Blogger Al Cardoso disse:

Tambem eu sou dos estao contra essas "benditas" ideias, recupera-los sim sempre, mas prolongar-lhes o vicio nao faz sentido nenhum.
Ja me nao admirava esta medida por parte do governo, agora patrocinada pela camara de maioria PSD e que nao estava a espera!!!

Se mais vivermos mais veremos!!!

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

JL,

Compreendo a sua posição de princípio que durante muito tempo sufraguei. Mas...

Dois terços da população prisional foi condenada por crimes relacionados com negócios de droga ou formas de obter dinheiro para as comprar - o custo para os nossos impostos é acentuado; A insegurança dos miúdos e dos idosos (pelo menos)nas grandes cidades é dramática; os tribunais criminais das grandes cidades do litoral estão ocupados em mais de metade com processos relacionados com droga; Pensemos nos Juízes, funcionários, advogados, polícias, assistente sociais, etc, etc que no aparelho de justiça estão ocupados com a droga, em vez de se ddedicarem a outras necessidades da sociedade; Nos hospitais as urgências dão prioridade a um drogado que ali apareça, pois não se sabe que infecções tenha e por isso passa á frente de toda a gente e tem tratamento médico muito mais dispendioso do que o cidadão, pagador de impostos, que está ali há uma hora com um braço partido à espera da sua vez para ser atendido; enfim, pensemos em todos os inconvenientes que as drogas e os drogados nos causam.

Agora, conceba como mero exercício intelectual a liberalização do consumo de heroína. O Estado abre uma única sala de chuto nos confins do Alentejo e faculta heroína de borla. Parece que a população consumidora emigraria de imeadiato para lá, deixando as nossas cidades limpas.
Ao lado dessa imensa sala de chuto, o Estado monta uma clínica para recuperação de toxicodependentes, abrindo as portas ao voluntariado das diversas confissões religiosas, organizações filantróppicas, bloco de esquerda e outras instituições habituadas a terem sempre razão. Por um momento, pense nesta hipótese.

Respeita-se o direito de cada toxicodependente dar cabo da respectiva saúde, sem incomodar a sociedade. Dava-se a oportunidade de tratamento para aqueles que quisessem. Acabava-se com o negócio tremendo das drogas - sem procura, acabavam as importações. Os hospitais ficariam disponíveis para os cidadãos, as prisões poderiam passar a servir para reeducar e socializar os presos - pois com a população reduzida a um terço, o uso normal de uma prisão seria possível.

Ou seja, o meu ponto é este: por princípio, sempre me senti contra qualquer forma de aceitar ou tolerar socialmente os consumos de droga. Mas com o estado actual da situação...

Dir-me-ão, e com razão, então e os nossos filhos ? Não ficarão com droga mais acessível sendo ela gratuita ?

Mas só com a educação de cada um dos nossos filhos, eles passarão ou não ao lado das drogas. Mas isso depende, em especial, de cada pai e mãe. Sendo certo que não será a proibição por si só que os salvará.

Mas com a droga gratuita concentrada num só local, será expectável que ela deixe de andar pelas ruas, por falta de clientela.

Enfim, neste como em outros assuntos, já tive muitas mais certezas do que actualmente tenho.

Mas a sua posição é intelectualmente irrepreensível.

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Blogger Sun disse:

é.. nesse caso discordo de vc. Não tenho muito a falar porque o "carneiro" disse tudo que eu penso. Por que fechar os olhos se realmente acontece? Por que deixar os toxicodependentes nas mãos dos traficantes? Por que deixá-los com mais e mais doenças? O Estado não está dando conta de controlar a situação, o poder paralelo está cada dia mais forte. Culpa da "droga" da droga e do nosso preconceito.

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Blogger motormotor disse:

Eu n~ºao tenho ainda uma opinião sólida sobre o assunto. É complicado....

quarta-feira, 06 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

"Seria melhor, talvez, se a Câmara de Lisboa se preocupasse um pouco mais com os seus idosos que vivem tantas e tantas vezes na solidão da cidade frenética e cada vez mais egoísta."

creio que concordo com você, mas em parte. deve-se eleger uma prioridade e, entre drogados e idosos, com certeza apoiaria os idosos (se houver que definir uma entre as duas ações sociais que você citou). há outras carências médicas mais urgentes.

quinta-feira, 07 dezembro, 2006  
Blogger Amaral disse:

Caro JL
permite-me discordar de ti em parte. Acho que a criação de salas de chuto são um mal menor, se forem realmente bem implementadas. Poderão ser de grande utilidade na recuperação de alguns toxicodependentes, desde que haja um acompanhamento sério.
Quanto ao facto de os idosos viverem em solidão concordo, mas uma mão não pode apagar a outra; são realidades distintas e o poder político deve encontrar solução para ambos os casos.
Um abraço e bom feriado

quinta-feira, 07 dezembro, 2006  
Blogger Crónicas de Ariana disse:

Passei para desejar um bom fim-de-semana!

BJS :)

sexta-feira, 08 dezembro, 2006  
Blogger desculpeqqc disse:

Eu cá dava era um chuto nas salas...

sábado, 09 dezembro, 2006  
Blogger Eduardo Leal disse:

João,

Penso que já tivemos oportunidade de, por várias vezes e ao vivo debater este tema.
COmo te lembrarás sou convictamente a favor do fornecimento gratuito das drogas para todos aqueles que, comprovadamente sejam considerados toxico-dependentes.
Não oneraria o estado, uma vez que os custos directos e indirectos decorrentes do facto das drogas terem um preço altamente especulativo são um problema para a sociedade em termos financeiros.
Por outro lado, ao registar os toxico-dependentes poderíamos sempre tentar reabilitá-los, uma vez que também acredito ser esse o caminho desejável.
Mas... ao fornecer as drogas, evitaríamos os roubos que acontecem porque nenhum toxico-dependente que trabalha ganha o suficiente para sustentar o vício e ao evitar os roubos impediríamos que eles descessem a níveis de indignidade terríveis.
As salas de chuto são um primeiro passo. Como dizem nestes comentários, não podemos negar a evidência. Está na hora de encarar os problemas de frente.
É urgente, quando não conseguimos resolver algo pela forma ideal, procurar formas alternativas.
E eu continuo a acreditar que o problema não está em quem consome, mas em quem vende e especula com o preço de drogas com custos de produção ridículos.

Um Abraço,

sábado, 09 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Nem sei que diga!!!
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………*Bom*
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……*****De*****
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sábado, 09 dezembro, 2006  
Blogger sattelite disse:

Tenho de concordar com o JL, é inademissivél estarem-se a criar condições para que os toxicodependentes se possam injectar. primeiro deveriamos corrigir as desigualdades sociais, o acesso de todos de igual forma há educação, saúde e justiça. É uma utopia pensar-se que as salas de chuto iram servir para reabilitar toxicodependentes, é falso. Serão drogados com assistência mádica privada e gratuita que iram prevenir overdoses e complicações decorrentes do uso de drogas.
Carneiro, os assaltos não iriam diminuir com o facto de se desalojarem para o alentejo os drogados, iriamos era criar uma zona J alargada ao sul do país.
Acabe-se com todo o orçamento para a recuperação de pessoas que desistiram de viver. Gastam-se milhões de euros em metadona cujos resultados são irrisórios, na sua maioria, os toxicodependentes do programa da metadona não cumprem nenhuma recomendação dos CAT, os CAT estão mal organizados e entregues a pessoas que nada percebem do mundo dos toxicodependentes.

Já agora Carneiro, quanto ao mundo prisional, não fale de um meio que desconhece...

segunda-feira, 11 dezembro, 2006  
Blogger maresia disse:

O i o ai que eu ainda sou do tempo do outro que queria ir a casa da avozinha para cheirar o pó - CHUTA CAVALO E MORRERÁS

quinta-feira, 14 dezembro, 2006  

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