terça-feira, 4 de setembro de 2007

O dono do circo e a marioneta

A crise que abalou a maior instituição financeira privada do país, o Millennium Bcp, fez-me lembrar as guerrilhas típicas internas de disputa pelo poder nos partidos políticos.
Não é muito frequente ver este tipo de comportamento nos grandes grupos económicos, sobretudo os que se movem pelos superiores interesses dos accionistas que têm como objectivo último a “engorda” da conta bancária.
No Bcp não foi bem a isso que assistimos. Aliás, neste último semestre e também fruto dessa guerra interna, os lucros do banco caíram a olhos vistos quando comparados com o período homólogo do ano passado.
E por que é que esta luta me fez lembrar a dos partidos políticos? Está fácil de ver. Temos um presidente do Conselho de Supervisão – e digo já que o Bcp é das poucas instituições cotadas na bolsa portuguesa que tem um órgão assim – que é presidido pelo anterior presidente do Conselho de Administração do banco. Ora, a dada altura e ao sentir o peso da idade, Jardim Gonçalves disse ao mundo da alta finança que se ia retirar e que passava a pasta a Paulo Teixeira Pinto, seu delfim. Mais, disse então, que o banco ficaria muito bem entregue e que era uma oportunidade de ouro para seguir a estratégia de crescimento, que os accionistas tanto queriam, por via de aquisições.
Pensou, ainda, que seria melhor ideia se ao calçar as pantufas arranjasse uma espécie de telecomando com que controlaria Paulo Teixeira Pinto, como se de uma marioneta se tratasse. E se bem o pensou, melhor o fez: criou o Conselho de Supervisão presidido por ele.
E lá estava Jardim Gonçalves, quer fizesse chuva, sol ou frio, de pantufas calçadas e de comando na mão, enquanto Paulo Teixeira Pinto molhava o respectivo traseiro para tentar apanhar o peixe. Sucede, porém, que de tanto usar o comando as pilhas começaram a ficar gastas e a marioneta deixou de responder aos impulsos eléctricos e começou a actuar por conta e risco, que é como quem diz, autonomamente.
Jardim não gostou e, autêntico dono do circo, muda de marioneta, mantendo no entanto o mesmo discurso usado no passado e muda, também, de pilhas do telecomando.
Escusado será dizer que enquanto houver telecomando e as pilhas durarem…

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5 Comentário(s):

Blogger Al Cardoso disse:

O senhor Jardim, (o Goncalves) parece que aprendeu uns tiques de outro Jardim, que ate presidente num arquipelago que e terra natal de ambos!!!

Um abraco amigo do d'Algodres.

quarta-feira, 05 setembro, 2007  
Blogger Unknown disse:

Parece que Jardim Gonçalves levou a água ao seu moinho.

um abraço.

domingo, 09 setembro, 2007  
Blogger Cerejinha disse:

Já tinha saudades do que se lê por aqui...

segunda-feira, 17 setembro, 2007  
Blogger Alex disse:

Este comentário foi removido pelo autor.

quarta-feira, 19 setembro, 2007  
Blogger Alex disse:

(Palavras sábias de Samora Machel)

uuu ob_
.......|_
.........|_
...........|_
.............|_UUU

Significa:
Os pequenos obedecem aos grandes.

quarta-feira, 19 setembro, 2007  

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