segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Onde estavam no 25 de Abril?

Alegre diz, com raiva, pompa e circunstância, que não admite lições dos candidatos que não lutaram pela liberdade.
Confesso, em primeira mão, que não sei a história toda. Sei, apenas, a que Alegre e os seus comparsas foram contando até hoje.
Mas pergunto, com toda a ousadia e provocação com que o Sr. Batista Bastos o faria: Onde é que estavam Alegre e os restantes paladinos da liberdade no dia 25 de Abril?
Enquanto se pavoneavam sob a protecção do exílio, por cá, sofria-se na pele as agruras da ditadura.
Por isso e cansado de ouvir esta gente da política a dizer o mesmo, deixo aqui o meu voto de protesto a estes e o de louvor aos militares que, revoltados com a sua própria condição, fizeram o 25 de Abril e deram o primeiro passo para o sistema político que hoje conhecemos.

26 Comentário(s):

Blogger My Daily Struggles disse:

Greetings from the USA.

segunda-feira, 12 dezembro, 2005  
Blogger Eduardo Leal disse:

Gosto, fundamentalmente dos Cravos.
Eu sei onde estava no 25 de Abril!
Eu lembro-me que, apesar de criança (tinha exactamente a idade que a minha filha tem hoje - 12 anos) gostei do que fui vendo.
Empenhei-me na luta estudantil.
Travei combates políticos, fiz a minha consciência política num dos momentos mais ricos da história de Portugal.

Não gosto: da palavra comparsas neste texto, até porque não esqueço o quanto devemos aos que ficaram a lutar pela liberdade de expressão e pensamento (faço notar que muitos dos textos publicados na blogoesfera seriam nos dias de antes do 25 de Abril uma carta de recomendação para algumas das cadeias do antigo regime), como também não esqueço os que tiveram que fugir para o exílio.

Entendo que as palavras de Alegre (que não ouvi mas depreendo serem como dizes) não se dirigiam aos meus pais, cidadãos anónimos, pouco informados, como a muitos outros, com um descontentamento surdo e pouco esclarecido, mas sim áqueles que ficaram agastados com a revolução, que lutaram contra ela, que desviaram capital para o estrangeiro e que minaram tanto quanto podiam as estruturas do nosso país.
Não sei se algum dos candidatos a PR se inclui neste grupo. Espero bem que não e por isso acho o discurso de Alegre injusto.

Mas volto a dizer... não o acho comparsa de ninguém...
Companheiro... isso sim!

segunda-feira, 12 dezembro, 2005  
Blogger Unknown disse:

eu não sei o que dizer... mas cada vez mais acho que temos o País, os politicos e a gente que merecemos.
e cada vez mais, nos vão faltar ao respeito...


o BB pergunta onde estavam no 25 de abril e eu pergunto onde anda o nosso povo??? cada vez nos lixam mais e nós deixamos.

segunda-feira, 12 dezembro, 2005  
Blogger Blogexiste disse:

Admito que estar sempre a trazer o 25 de Abril para o debate das presidenciais possa não ser muito criativo... no entanto, a verdade é que o nosso povo parece ter a memória curta e, por vezes, há necessidade de "acordar" os mais "distraídos".
Agora uma coisa é verdade... um facto... algo objectivo. Nem todos os actuais candidatos têm o mesmo percurso na luta pela implementação e consolidação da Democracia. Há mesmo quem apenas esteja atento para avançar no momento certo... quando a "onda" faz o trabalho todo. Depois, no fim, limita-se a arranjar pose para ficar bem na fotografia! Enfim... faz pela vida! Quem é que o pode criticar?

segunda-feira, 12 dezembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Em casa, meu amigo, e lembro-me de ver um camião da SACOR, a passar na estrada a apitar que se fartava, e perguntei ao meu pai, porque apitava, e ele disse-me, porque acabou a ditadura.
Tinha eu então 7 anos.

segunda-feira, 12 dezembro, 2005  
Blogger north disse:

Se me permitir o amigo JL e sem querer mudar o rumo ao seu post, eu respondo se calhar alguns estavam cá a preparar o 25 de Novembro, que permitiu a verdadeira liberdade e conteve certos excessos que se praticaram após o 25 de Abril e que nos iriam, com toda a certeza, levar a outra ditadura só que de cor diferente!!

segunda-feira, 12 dezembro, 2005  
Blogger Agnelo Figueiredo disse:

Olhe, passei a noite de 24 para 25 de Abril em Coimbra a jogar lerpa.
De manhã, quando subi as "monumentais" achei que havia pouca gente. Na faculdade, quase ninguém. Sabia-se que tinha havido um golpe. Mas havia dúvidas. Seria dos saudosos do Salazarismo?
Mais lá para a hora do almoço, percebemos.
Seguiram-se dias fantásticos.
Depois ... foi a desbunda total.

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Unknown disse:

Em casa de minha Mãe, solteirinho, sem responsabilidades etc... etc... etc...
Agora tudo mudou, ... será que o causador foi mesmo o 25 de Abril????

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Unknown disse:

Da parta da manhã ou á tarde?
Concordo com o North, o dia mais importante foi o 25 de Novembro, se não saíamos de uma ditadura de direita e passávamos para uma de esquerda. Pelo menos assim temos uma ditadura democrática, antigamente eram sempre os mesmos no poder, e hoje?

Abril, Terminou a "dita dura" agora só há a "dita mole", tomem Levitra.

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Alex disse:

JL

No 25 de abril tinha dez anos e vivia em Angola.

Tal como o teu sogro, o meu pai e a minha mãe, à custa de muito poupar, tinham uma conta bancária bem recheada, que estava num banco “dito de Portugal”. O regime, dificultava as transferências para não descapitalizar a colónia – diziam eles na altura.

A partir desta data esse dinheiro voou e nós também. Que remédio... Roupa no corpo e sorte em estar vivo.

Alguns desses senhores políticos, apoiados por papás ricos ou pela URSS, andavam por fora do país a lutar contra o regime ou cobardemente a fugir à tropa (Soares-Paris, Manuel Alegre-Aregélia ou Marrocos). Outros, tentavam fazer frente ao regime aqui, na clandestinidade (Louça e Jerónimo de Sousa). Quanto a Cavaco e Silva – desconheço – provavelmente estava em Boliqueime, na bomba do pai a trabalhar (deixem-no... como ele gosta).

Uma coisa é certa. Em Portugal a revolução foi exemplar. Praticamente não se deu um tiro, quase não houve mortos.

Mas a bagunça era grande. Esses senhores políticos, ávidos de poder, até se esqueceram que existiam milhões de portugueses fora do continente. Como não queriam ser mais chamados de colonialistas e exploradores deixaram que os grandes colonialistas URSS e USA tomassem conta dos “pobres” Paplop e Timorenses... Que linda descolonizacão tiveram...

Igualmente, os nosso militares revoltosos, apesar de estarem fartos de guerra, também podiam ter poupado a vida a muitas pessoas que morreram nas colónias depois do 25 de Abril e que foram completamente abandonados. Quer queiramos quer não, a nossa tropa, à excepção de algumas zonas na Guiné, Moçambique e uma pequena parte de Angola, tinham o controlo efectivo do territórios.

Mas eram os colonialistas, os bichos papões que andavam a explorar os pretos... Na realidade eram-no alguns... “Temos que o reconhecer com toda a frontalidade” como diz o Sr. Batista Bastos.

JL, era de facto uma situação insustentável. O fascismo e o colonialismo tinham de acabar. Os povos tinham direito a um regime mais justo e a sua autodeterminação. Mas podia ter sido bem diferente se esses senhores políticos e militares não estivessem apenas preocupados com os seus lugares e umbigos.

Um abraço

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Estrela do mar disse:

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Estrela do mar disse:

...podes crer João...concordo perfeitamente com o que aqui escreveste...


Eu no 25 de Abril de 74...era uma criancinha, ainda nem sequer tinha entrado para a escola, mas tenho uma vaga ideia(muito vaga mesmo)...que algo se estava a passar.


Beijinhos e continuação de uma boa semana.

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Que Bem Cheira A Maresia disse:

Um post bem a propósito!

Eu estava a acabar no colégio, ou melhor nesse dia não tive direito a ir e foi uma festa em todos os sentidos e tu? ehehehe (BRINCANDO)


Beijo da Lina/mar revolto

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Em Lisboa, a prepararmo-nos tds para sair de casa de manhãzinha...s filhos para a escola, os pais para o trabalho quando ouvimos na rádio...aqui posto de comandos, etc..já ninguêm saiu...meio incrédulos, meio eufóricos...500 telefonemas e notícias depois, é a alegria total, a festa!
Tudo mudou desde esse dia...de um filme que se vivia a p&b constantemente censurado, silenciado, receoso, pássou-se a viver num filme a cores onde tudo se tornou posssível de ser falado, discutido. Sempre com muita paixão e esperança no novo futuro.
Deu-se o 25Nov. e o 11Março e tudo o resto que td a gente sabe...o que ficou de melhor foi o fim do fascismo e o começo da liberdade de expressão!
Toda a minha adolescência e juventude foi forçosamente marcada pelo 25 de Abril e nos anos que se seguiram formei a minha consciência política através da maior parte dos acontecimentos políticos nacionais...das manifas à reforma agrária; de comícios, festas e lutas estudantis ao trabalho activo e partidário.

Agora, a alegria continua mas as 'lutas' são já feitas de outras formas ;-)

Beijinhos

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Nina disse:

Junto-me a ti neste protesto ;)

Beijinho :)

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

O jeronimo nunca foi clandestino, só se filiou no PC depois do 25 de Abril.
O Alegre estava na Argelia depois de ter cumprido a comissão de guerra em Angola.
O Cavaco (não tenho a certeza absoluta) estava em Inglaterra a estudar... e já agora tb não foi à guerra (mas foi à tropa- era escriturario...)

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Maria Manuel disse:

Ai, que puseste o dedo na ferida! É essa "incomodidade" que sinto em relação a Alegre...
O meu pai fez 4 anos de guerra de Angola e falou-me, não muito, mas o suficiente, sobre o medo, o sentido do dever e a dificuldade em "abraçar" uma causa absurda... Isso não mo faz menos herói do que quem se opõs/fugiu e talvez me seja mesmo impossível ultrapassar a vanglória de alguém incapaz de uma tal coragem anónima!

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger Eduardo Leal disse:

Alto lá!
Mas vocês acham mesmo que quem não foi para a guerra, fugiu?!
Não encaram a possibilidade de haver convicções?
Acreditem que existem diferenças substanciais entre matar por uma causa em que se acredita e matar sem causa, ou pior ainda, pelas causas dos outros...
Não conhecia Manuel Alegre no tempo em que saiu de Portugal, mas conheci outros que sairam do País para não matar seres humanos que lutavam pela independência...

Daqui a muitos anos, os nossos bisnetos considerarão a colonização tão abjecta como hoje consideramos ter sido a escravatura.

Eu fiz a tropa, felizmente num tempo em que não dávamos tiros em ninguém. Fui preparado para matar, mas tenho valores acima dos valores da Pátria... por exemplo os valores que defendem a vida do meu semelhante.
Honestamente, não sei o que faria se hoje o meu país me mandasse matar gente de uma qualquer parte do país que quisesse a independência, por mais disparatado que esse desejo me parecesse.

terça-feira, 13 dezembro, 2005  
Blogger sattelite disse:

A política é um mal necessário, tu já lá andaste e compactuaste com os tais "senhores" que hoje criticas, não se pode cuspir no prato onde se comeu...Só há um tipo de pessoas que pode criticar esses "senhores", são aqueles que, de facto viveram a ditadura e estiveram presentes no dia da Revolução para o que desse e viesse. Também não concordo com as afirmações de Manuel Alegre mas, abstenho-me porque não posso julgar o que não vi.

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Blogger Agnelo Figueiredo disse:

É verdade que só vivi 19 anos antes de 1974. Mas, devo dizê-lo, nunca me senti limitado nas minhas liberdades durante esses anos da juventude. Nem conheci, pessoalmente, ninguém que o tivesse sido.
Verdadeiramente, para a "malta" de então, a angústia era a certeza de ir para a guerra.
De resto, como hoje se sabe, foi mesmo a guerra - e o problema dos milicianos - que levou os capitães (do quadro) a "fazer" o 25 de Abril.
Não fosse o adiamento por estudos, e também eu teria ido.
Depois há uma questão determinante:
"fugir" à guerra só estava ao alcance de tipos ricos. Até o Zeca Afonso foi à guerra...

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Havia tb a estrategia do PC em mandar "os seus homens" para a guerra (principalmente oficiais)

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Blogger Fornense disse:

pois é .. ele deve ter lutado muito.. com akela barriguinha..

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

1 -Parece que há alguma confusão por aqui. Então quem foi que fugiu à tropa? Soares tem 81 anos, façam as contas e vejam que idade tinha quando deflagrou a guerra colonial, Manuel Alegre fez tropa em Angola, Cavaco Silva fez tropa em Moçambique, Jerónimo de Sousa também fez tropa e o Francisco Louça não tem idade para ter ido à guerra do ultramar.
Quando queremos dizer mal...!!
2 - E os que foram para o exílio fugiram? mas de quê? Da comodidade das suas casas de gente abastada? Não terão sido "convidados" a sair?

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Blogger Alberto Oliveira disse:

Estava cá, do lado oposto ao do regime de então, era um jovenzeco idealista e estava preparado mentalmente que se ao fazer o serviço militar fosse chamado para as "colónias" dava o cavanço. A situação não se chegou a pôr; Abril de setenta e quatro "resolveu a questão", felizmente para mim.

Uma mudança de regime político será sempre uma "operação complexa" que só o tempo (ahistória) determinará onde se errou ou não.

Pessoalmente (e embora trinta anos em termos históricos sejam uma gota de água no oceano) mas porque testemunhei (umas vezes intervindo, outras como espectador atento) penso que se caminhou dolorosamente devagar. Faltou-nos essencialmente a experiência (negativa, claro!) da maioria dos povos europeus que tiveram de reconstruir cidades e paises ao sair de duas guerras mundiais. Da experiência (sofrida) de uma guerra civil como a que os nossos vizinhos espanhóis tiveram.

Em trinta anos, não tivemos de lamber feridas; de tal modo, que até "perdoámos" a quem nos ofendeu, feriu e matou, durante décadas. Em trinta anos preocupámo-nos a elevar o "nosso" nível de vida. E tanto nos preocupámos que chegamos a uma actualidade "fatalísticamente prevista" de ano para ano.
Pior; num esvaziamento da causa política como não deve haver memória na história de vida de um país de regime democrático.

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Blogger Mónica disse:

alex e eu!
adoro essa pergunta estupida!
os politicos são os que merecemos, o que fazes tu (ou eu) pra mudar?
blog!!!

quarta-feira, 14 dezembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

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quarta-feira, 28 fevereiro, 2007  

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