"Baixem os braços do Cristo Rei!"
Ora, aqui está uma associação – a Associação República e Laicidade -, quase desconhecida mas com mais poder do que os mais de 80% de católicos portugueses e a própria Igreja.
Fenomenal. Sou católico. Não sou, contudo, fundamentalista ao ponto de considerar uma heresia o que exige esta associação. Não sou.
Mas também sei, por experiência própria, que não foram negativas nem impeditivas da minha formação as pequenas orações que rezava todas as manhãs na escola primária.
Se for provado que isso é mau para os meninos, então concordo em absoluto que se erradiquem todos os ícones religiosos das escolas. Que se faça uma Santa Inquisição com eles. (É uma provocação!) Que se faça como em França, por exemplo.
Reflicto, todavia, em dois pontos que me suscitam dúvidas e sobre os quais gostava de “escutar” a vossa opinião:
1 - O Estado português é laico, segundo reza a Constituição. E os portugueses?
Já agora: e o que é o Estado? Foi-me ensinado que somos todos nós. Não somos, afinal?
Compreendo e desejo, apesar das minhas convicções religiosas, a absoluta separação e que o Governo da Nação seja neutro ou, se quisermos, laico.
2 - As declarações da Ministra da Educação não foram nada conclusivas. Afinal, não se trata de uma proibição mas, antes, deixar à consciência de cada professor se retira, ou não, os crucifixos.
Um dia destes é deixado à consciência de cada um se deve conduzir pela esquerda ou pela direita, conforme melhor lhe aprouver no momento.
Já agora vale a pena acrescentar que, ao invés do que diz a associação, o crucifixo não é um símbolo católico. É cristão! E isso é muito mais abrangente, como se sabe.
Por último recordo aqui as palavras do Pe. José Luís Borga quando confrontado com esta e a notícia que no próximo passo a associação vai exigir a abolição dos feriados religiosos. Ironicamente disse: “Acho muito bem! E até julgo que devem ir mais longe: façam implodir o Mosteiro dos Jerónimos e baixem os braços ao Cristo Rei que teima em querer abraçar Lisboa”. E acrescentou: “Os verdadeiros cristãos não precisam de nada disso para professar a sua fé!”.
18 Comentário(s):
Passei por cá para espreitar o novo post...e a minha modesta opinião sobre um assunto tão delicado, fica para amanhã, que agora já tenho os olhos a
fecharem-se :-))))
Beijinhos
Voto na implosão!
Abaixo todas as manifestações de religiosidade.
Voltei atrás...a franqueza fica-lhe molto benne! Eu tb sdou a favor dela (da franqueza).
Relativamente ao 3ºdesenho, na se pode ter sempre a mesma imaginação ou criatividade...há dias que saiem melhor e outros dias que na saiem tão bem...enfim, c'est la vie :-)
Quanto à afirmação «sou do maior clube português» só pode estar a falar do SpOrtinG, certo?? ehehehe
Bom Feriado :-)
Bem pior esteve a deputada do Bloco, Ana Drago, quando comparou um crucifixo com chouriços...
“se numa escola do interior estivesse pendurado um enchido, um chouriço ou qualquer outra coisa ligada à nossa cultura popular ninguém levantava a questão”.
Saudações.
...Como dizia ontem, num assunto tão delicado, só posso dizer:
‘Não confirmo nem desminto!’ :-)
Agora a sério. Eu sou contra o que a Igreja fez (e continua a fazer embora doutra forma. Até na política mundial se metem...), durante séculos em todo o lado. Mas não sou contra a Fé, nem Jesus Cristo!
Muito pelo contrário.
Considero que Este foi o primeiro Homem “Novo” a existir à face da Terra. Por isso O mataram!
Depois, propagaram o Cristianismo, à maneira deles, pelo mundo todo, distorcendo-o completamente; criando uma série de ‘tabus’ para se manterem intocáveis; ostentando uma riqueza/opulência contrária a tudo o que Cristo sempre defendeu; manipulando os mais desfavorecidos, sempre!
Claro que tudo isto se passa a um nível hierárquico superior.
Não incluo neste processo, todas as Instituições de Caridade e a maior parte dos Padres das paróquias, que hoje existem felizmente!!
Quanto aos crucifixos nas escolas, não me ‘aquece nem me arrefece’...não é por aí realmente, que se mede a Fé de ninguêm.
Com franqueza (taurina) e uma pitada de provocação,
have a nice day :-)
Eu acho que como princípio está correcto; diria mais: a escola é frequentada por alunos provenientes das mais diversas religiões e/ou credos e por outros alunos que não professam nada. Assim, não me paraece que se deva "impôr" o símbolo de uma a crentes de outras, ou a ateus. Portugal é uma Estado laico, não é nenhum Estado Religioso. Se verificarmos e olharmos para as diversas salas de aula, não me lembro de na Faculade de Letras e na Faculade de Direito de Coimbra(as que eu frequentei) haver qualquer crucifixo ou outro símbolo nas paredes. Não havia nada, apenas umas colunas de som que transmitiam as palavras do professor. O facto da maioria dos portugueses ser católica não justifica, necessariamente, que o Estado tenha que os lembrar e "aconselhar" desde pequeninos disso. A Associação que lembrou esta matéria tem direito a fazê-lo e que se abra o bebate e se conclua e decida posteriormente. Como o Sr Pe Borga diz,“Os verdadeiros cristãos não precisam de nada disso para professar a sua fé!”. Haja ou não ironia nas suas palavras disse a verdade...Para finalizar: o Mosteiro dos Jerónimos já não é apena sum local de culto Católico...é Património Arquitetónico Mundial.
Creio sinceramente, que embora possa ser considerado ofensivo para alguns, sempre que nao haja objecoes das comunidades porque nao deixa-los onde estam ha tanos anos (os crucifixos).
Nesta como em todas as materias o mais importante sera o senso comum, e, nunca partir do principio do 8 ou 80, lembremo-nos que tambem ha sempre no meio o 40.
Um Estado laico por coerência, na minha opinião, terá que ter a atitude pernonificada na ministra, ao dizer que não se trata de uma proibição mas sim deixar à consciência de cada professor retirar ou não os crucifixos.
Concordo com isto, se um professor tiver na sala de aula 100% de alunos católicos tudo bem, agora se houver apenas um aluno que por vontade própria ou do seu encarregado de educação não concorde, então o crucifixo não deverá ser colocado.
Apesar de tudo a doutrina católica quando posta em prática nunca fez mal a ninguém. Os dez mandamentos sempre foram e serão actuais e deveriam ser postos em prática por toda a gente, quer católicos ou não.
Para finalizar também penso que a Igreja Católica dever-se-ia preocupar em ser forte internamente para depois exteriorizar segurança nas suas convicções.
O Estado dever-se-ia preocupar com situações mais importantes e não com o acessório. Eu pessoalmente apenas vi crucifixos na sala da minha escola primária, depois não voltei a vê-los nem na secundária nem no ensino superior.
O crucifixo não será ele, também, Património?
Apenas as coisas inspiradas por ele se podem transformar em Património?
Porque reza a Constituição Portuguesa que o Estado Português é laico...
... e se das declarações da Ministra (que eu não ouvi) se infere "ser deixado à consciência de cada professor, resolver a "situação", então das duas, três: a Ministra não sabe por que Constituição o país se rege; interpreta o papel de Pilatos na perfeição; debita comentários para se fazer ouvir.
O padre J.L.Borga com a sua declaração, demonstra que afinal não se limita a cantar?! mal; também "apela à destruição do Património Nacional e Internacional". Neste caso, o do padre televisivo, é que me parece que reside o cerne da questão.
A RTP -canal estatal, no seu programa da manhã (de larga audiência) integra o "animador" padre J.L. Borga, na qualidade de artista de variedades ou na de pastor da religião católica?*
Assim, é mais fácil perceber "o encolher de ombros" da Ministra; deixar correr o marfim e não fazer ondas...
* Pelo que lhe tenho ouvido (não as canções, cruzes canhoto!) o padre J.L. Borges é "a voz da Igreja e da sua hierarquia". A sua opinião?! sobre o caso do padre sequestrado?! pela população de (não me ocorre o nome da terra) foi bem explícita... e o cidadão, se não gosta do que ouve, só tem de mudar de canal.
É assim que definem as situações ambíguas neste país...
Não percebo... mas a escola serve para ensinar a moral cristã?! Então para que serve a catequese?
A minha Mãe era professora primária e apeou o crucifixo bastante tempo antes de se reformar.
Já nessa altura ninguém lhe levantou um auto de fé.
Por acaso colocou na sala uma imagem de Jesus rodeado de crianças (lembram-se do venham a mim as criancinhas? - Não consta que tenha dito isso depois de crucificado).
Verifico que o tema religioso não deixa ninguém indiferente, sobretudo os não crentes, pelo que constato são os que mais comentam nos vários blogs que abordam este tema.
Na minha escola primária, de aldeia, também havia um crucifixo e rezávamos inclusive uma oração antes de iniciar as aulas. Também registo que o problema laico/religioso não se colocava uma vez que éramos todos católicos mais ou menos assumidos. Contudo numa turma de um ano mais recente colocou-se realmente o problema da oração atendendo ao facto de haver um aluno pertencente a uma igreja protestante. A dificuldade foi muito sabiamente resolvida, pela professora, construindo uma oração passível de ser rezada por ambos os credos. Hoje nesta escola reza-se segundo o credo católico uma vez que já não há alunos e o seu espaço foi cedido aos escuteiros católicos da terra.
Eu sou, por fé, católico, no entanto entendo que a oração onde existam professores ou alunos de outros, ou sem, credos criaria situações sem dúvidas incómodas e, portanto, não se façam. Agora levantar uma tempestade por causa de um crucifixo!!!! Quando o problema do ensino é outro fala-se em crucifixo!!!!! Isto é a mesma coisa que em vez de resolver o problema de uma torneira que pinga estar somente preocupado com a cor dela.
Peregrino
Para além do mais também não esquecer que a cruz faz parte do nosso património e por isso tem uma amplitude muito maior que o seu significado religioso. E esta parte é deveras importante, inclusive na republica dita laica, porque, e curioso, as condecorações que ela atribui são em grande parte cruzes e com ligações religiosas (ex: Ordem de Cristo; Ordem de Avis, Ordem de Sant'Iago da Espada.). E muito mais exemplos existem: A cruz da Ordem de Cristo como um dos emblemas dos nossos descobrimentos, a própria disposição das quinas, em cruz, na nossa bandeira nacional... Quero com isto dizer que embora deva existir a separação das religiões dos estados no entanto estas não se podem ignorar uma vez que ambas fazem parte da população.
Eduardo no post só foi levantado a problemática do símbolo e não do ensinamento moral. Mas a troca da cruz pela imagem….. ehehehehehh!!!!!! É o que se chama contornar a questão.
PS.- Essa dos chouriços está com piada :o))))))
Há coisas que não devemos negar.
Eu sou agnóstico, o que não quer dizer que negue a minha base cristã.
Foi nos príncipios cristãos que fui criado mas não é por essa razão que devo impor as minhas referências culturais aos outros por mais que acredite na sua validade (e até acredito!).
Quando referi a substituíção do crucifixo pela imagem de Jesus com as crianças, fi-lo porque sei o que estava por detrás da atitude: a minha Mãe acreditava e acredita que a imagem de um Deus feliz é mais interessante na educação das crianças.
Isso é dar força aos que acreditam que a fé não tem que ser martírio e sofrimento... pode ser esperança.
Não tem nada a ver, ou talvez tenha.
Já se diz por aí, que o próximo passo será mandar retirar aqueles Leões que ladeiam a escadaria para a Assembleia da República. É que (descobriu-se agora) são o motivo de tanta falta aos trabalhos por parte daqueles cuja côr (clubística) não é Verde e Branco...
hehehehe
E já agora, força Sporting!
Quando se diz "a republica dita laica", não se deve dizer "dita" deve dizer-se laica, porque a republica é MESMO laica, não é dita laica, e o seu "credo" assenta na Constituição Portuguesa.
vamos falar a sério: queremos ou não um país "religioso"? seres católico não me incomoda, mas não me impijas os teus feriados! quero outros, quero variedade!
já vivi num país sem feriados catolicos ou outros religiosos e olha aprende-se a desvalorizar ou pelo contrário a valorizar o que é mesmo sentido. não aos feriados católicos! ah, não era aqui o comentário... oops
Não sou Católico Romano, mas sou cristão (de outra corrente cristã). Mais do que a minha filiação denominacional, o importante para mim é considerar-me cristão (ou seja, procuro seguir os ensinos do Cristo vivo, que muitos querem que fique morto).
Posto isto, gostaria de dizer que, como cristão, defendo que todos têm o direito a expressar-se. E, parafraseando Voltaire, todo o Cristão deveria estar disposto a levantar-se em defesa daquele a quem, mesmo de sinal contrário ao Cristianismo, é negado o direito de se exprimir. Sou visceralmente contra as Inquisições, institucionais ou sub-reptícias e por isso não me incomoda a existência de uma Associação República e Laicidade, que é livre para expender as suas opiniões. Como diria um amigo meu, todos têm direito a dizerem disparates. Inclusive, até posso estar de acordo com algumas posições dessa Associação. Agora, que cada um se assuma. E essa associação, logo na sua página inicial, revela que ainda tem muito a aprender, pelo menos no tocante à língua portuguesa desta república que se pretende laica. Com que então, «Nem descriminações nem privilégios»? Quem não sabe distinguir entre «descriminação» e «discriminação» não tem o direito de falar em nome de qualquer república. Aprendam português e depois botem discurso. Não desvirtuem a nossa pátria, já que, segundo Pessoa, «a minha pátria é a língua portuguesa».
1 - Não me parece que o facto de uma Associação ter interpelado o Governo na questão dos crucifixos signifique que tenha mais poder que mais de 80% de católicos e a própria Igreja, isso significaria que os 80% de católicos estariam todos de acordo com os crucifixos nas escolas, o que não é verdade, foram eles, católicos, que votaram, há muitos anos atrás, a retirada dos símbolos religioso dos edifícios públicos;
2 - As palavras do Padre Borga denotam aquilo que a Igreja faria se, tal como no Irão, a Igreja detivesse o poder político;
3 - As pequenas orações que a Igreja nos pede para rezar e que alguns de vós tiveram que rezar na escola primária é uma prática religiosa que não tem a ver com a religião cristã, pelo menos a ser verdade que Deus, quando expulsou Adão e Eva, lhes disse que ficavam por sua conta e risco e que a "contabilidade" era feito no dia do Juízo Final. Por muito que oremos Deus não irá atender-nos, e, sejamos francos, cheira um pouco a meter uma "cunha", pedir um favor;
4 - Os 10 mandamentos são fruto de uma época e de uma sociedade e estão ou não actualizados consoante a sociedade em que estivermos. Para os muçulmanos ainda estão actualizados, mas para as sociedades ocidentais alguns dos mandamentos já não fazem sentido.
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