segunda-feira, 20 de março de 2006

A pescadinha

António Perez Metello tem o difícil condão de “descomplicar” a economia. É um mestre na arte de explicar os números conseguindo agarrar a nossa atenção e cativar-nos o gosto pelos assuntos económicos.
Um destes dias, usando da mesma mestria, explicou que a nossa economia paralela vale cerca de 30% do Produto Interno Bruto. E esta dita economia responsável por tão grande fatia, é a que é feita à margem da cobrança de receitas provenientes de impostos como o IVA, IRC e IRS, só para citar alguns exemplos.
Dizia, ainda, Perez Metello que bastaria um terço dessa economia no circuito dito normal e Portugal veria resolvido o seu deficit e teria as suas contas públicas equilibradas. Isto é, as receitas provenientes dos impostos cobrados em apenas 10% dessa economia que escapa às malhas do fisco seriam suficientes para que houvesse um equilíbrio entre as receitas e as despesas. Com tudo de positivo que isso significa. Um Estado só pode gastar o que tem. E o que tem, de uma forma simplista, é o que recebe dos contribuintes.
Claro que esta economia que se faz às escondidas e que não existindo em tamanha escala nos traria a todos enormes vantagens e benefícios: melhor saúde, melhor educação, melhores infraestruturas, ect. etc..
Publicamente, faço aqui o mea culpa nesta pescadinha de rabo na boca. Na verdade podemos fazer muito para contrariar isto bastando que em todas as transacções que fazemos peçamos a respectiva venda a dinheiro.
Coloca-se aqui outra questão que, a meu ver, é igualmente importante. Se o Estado quer que cada cidadão seja um agente fiscalizador tem que criar condições que motive os que já pagam demais e não podem fugir às suas obrigações a assumir essa função fiscalizadora. De uma forma simples: que cada venda a dinheiro de almoços, roupas, reparações da viatura ou em casa e por aí fora, possam ser consideradas despesas de abate em sede de IRS.
É obvio que voltamos à pescadinha: se fizermos isto sem esse benefício iremos colhê-lo mais tarde em melhores serviços do Estado. Em todo o caso alguém tem que tomar a iniciativa e dar o primeiro passo. Parece-me bem que seja o Estado.

15 Comentário(s):

Anonymous Anónimo disse:

eu não digo todas mas pelo menos aquelas que sejam necessárias para execer uma actividade. Um exemplo concreto.Um professor se compra um computador canetas .. livros...não as pode deduzir como custos. Mas se for formador numa escola a recibo verde já o pode fazer...
As despesas que são feitas com o objectivo de produzir algo( transportes... deviam de facto ter um mecanismo de dedução) claro que depois lá vinham dizer que nos estávamos a transformar em ficais um dos outros.
è certo qu eo estado em termos de fiscalização aumentou muito a sua eficacia. mas todos nós quando pedimos a um canalizador, um electricista,,, nunca pedimos recibo.. Logo todos nós contribuimos para a economia paralela. E fazemos compras em feiras e coiamos o cd e o software... A economia paralela é muito implica tambem a reeducação de uma geração. implica ganhar confiança no estado, implica acreditar que o nosso dinheiro vai servir para coisas úted

terça-feira, 21 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

tb sou da opinião que deveríamos gerir as n/ casas c/o 1 empresa e deveríamos apresentar despesas de tudo. Só custa a 1ª vez dpois habituamo-nos e organizamo-nos, a verdade é que actualmente já toda a gente pede factura aos médicos...pk? pk apresentam c/o despesa,se assim fosse c/ o restante o Estado conseguia controlar melhor. O problema será k talvez tb não lhes interesse!!!!! ktas vezes se ouve falar de polémicas em torno dos políticos por fuga ao fisco...não são todos iguais. A verdade é k não mas quase todos... dos restantes não sabemos nós os "podres"

terça-feira, 21 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Seria necessário alterar o sistema fiscal, de forma que, a certo tipo de actividades económicas fosse possível estar legalizadas, mas não como empresas com actividade regular. Por exemplo, se alguém tiver um produto/serviço sazonal para vender não existe enquadramento fiscal especial. Daí que, é mais simples e mais barato nem sequer participar ao fisco os resultados desta venda ocasional.
Tanta coisa para mudar até isto se tornar um país a sério...

terça-feira, 21 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

É fácil estar do lado do "politicamente correcto" nesta questão dos impostos. Mesmo que saibamos que só não foge quem não pode.
Mas não existe apenas maldade no mundo.Há actividades que, a pagarem impostos como a regra, não serão viáveis: algum artesanato, a maior parte da agricultura, a pesca artesanal.

E há situações em que o profissional liberal ao fim de cada trimestre anda aflito pois necessita emitir recibos que justifiquem minimamente a sua actividade, pois os seus clientes não querem recibo verde já que isso os obriga a pagar mais 21 %.

Ou seja, a não cobrança de iva acaba por ser um elemento por vezes concorrencial na formação do preço, outras vezes condição indispensável para que o produto seja vendido. Com iva ninguém o compra.

E para se poupar esse Iva na aquisição de produtos, também não se exige factura nas compras que se faça, para não se desequilibrar os fluxos in e out de uma pequena empresa. E a economia marginal funciona deste modo paralelo.

Por outro lado, se as pessoas não pedem recibos ao canalizador não é por serem distraídas. É apenas para não terem que pagar mais 21 %. E, do mesmo modo do que se passa com a sisa, desconfio que não haja um único português inocente.

E tudo se reconduz ao problema da taxa. Isso está estudado. Quanto maior a taxa, maior a fuga. Quanto menor, maior a base de incidencia.

Se se aplicasse a taxa de um por mil - atenção, que não é um por cento - sobre toda e qualquer operação bancária, mediante retenção automática, o total cobrado em cada ano seria o triplo, repito, o triplo da cobrança fiscal pelo método tradicional. E acabava-se com todos os impostos e repartições de finanças.

Foi um Senhor francês que se lembrou desta. Mas era um visionário e ninguém o levou a sério. Ele dizia que a cobrança incidente sobre os fluxos financeiros mundiais, dariam para acabar com a fome no mundo em 3 anos.

Há uma meia dúzia de anos a Associação Industrial Portuense (acho que é assim que se chama) mandou elaborar uma projecção dessas no mercado financeiro português e atingiu-se o tal número triplo.

Ninguém fala disto, porque o capital que suportaria a maior parte deste imposto único, é o mesmo capital que financia directa ou indirectamente o sistema partidário e político. Em Portugal como no mundo inteiro...

Mas que o sistema seria proporcional, justo, fácil e rentável, não tenho duvidas.

Que me importava a mim que em cada 100 € que eu levantasse do multibanco, me fosse retido imposto de dez centimos ? Ou que em cada despesa de 1.000 € eu pagasse 1 € de imposto ?

Mas se imaginarmos o que significa um por mil numa transacção financeira com os valores falados para a OPA da PT, já se percebe que esse imposto começa a ter alguma relevancia... Bem como se percebe de que lado surgem as resistencias.

terça-feira, 21 março, 2006  
Blogger Alex disse:

Já toda a gente sabe que a grande maioria das empresas têm contabilidades paralelas, que os nossos políticos têm sido uns incompetentes (cobardes) e que nunca tiveram "bolinhas" para acabar com isto.
Estes valores são vergonhosos. São típicos de um país sub-desenvolvido.
Às vezes sinto vergonha de ser Português

terça-feira, 21 março, 2006  
Blogger segurademim disse:

Não posso concordar mais contigo!!!!
o Estado é estranho e em vez de criar incentivos, mesmo pequenos, até os elimina! ex: o ano passado no IRS podiamos descontar 50 euros por pessoa do iva das facturas de restaurante, logo seria necessário juntar cerca de 1200 euros em despesas... este ano isso foi cortado! resultado, não se pede factura nenhuma, está bom de ver!!!!

O Peres Metello é de facto um must da comunicação, claríssimo

beijo ;)

terça-feira, 21 março, 2006  
Blogger segurademim disse:

ehehehehe podes estar descansado que os carros não têm mãe...
;)

terça-feira, 21 março, 2006  
Blogger Unknown disse:

Por mim fechamos o Estado, despedimos os politicos e vivemos só no lado escuro - o tal do "pára Lélo"...

Um abraço

quarta-feira, 22 março, 2006  
Blogger Silêncios disse:

Hoje tb passei por aqui. Sei que falas de coisas sérias...mas que hei-de fazer? Acabo por me rir!!

quarta-feira, 22 março, 2006  
Blogger Bel disse:

Bem tu adoras economia. E sempre bom ler te jinhos boa semana

quarta-feira, 22 março, 2006  
Blogger Ana Abreu disse:

Concordo plenamente ctg.
Eu já vou fazendo a minha parte, pedindo sempre a respectiva venda a dinheiro,ou seja, a factura.
E digo mais irrita-me profudamente ver por aí muito boa gente a fugir aos impostos, nomeadamente, as pequenas empresas e lojas comerciais e ainda quando lhe pedimos a respectiva factura tentam enganar-nos com um talão da maquina calculadora...isso tira-me do sério.
É por estas e por outras que o país está como está

quinta-feira, 23 março, 2006  
Blogger Zel disse:

Infelizmente, quem pode fazer alguma coisa tem os dedos entalados, sendo assim são sempre os meus a pagar!

Se fizessem como aos taxistas, isto dava para rir! , São os defensores da Injustiça, que mais a praticam...

Se meia dúzia deles tivessem de justificar com que rendimentos adquiriram o que têm!!!!!!!

Vale mais ficar por aqui.

sexta-feira, 24 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Eu fico tao informada neste blog, saio daqui com cultura a sair-me pelos poros lol, bom ja disseste tudo e concordo com tudo, eu tb acho q ao estado nao lhe ficava nada mal fazer alguma coisa por ele abaixo, é q os moços olhas para eles tem na testa afixado incompetencia. Ou entao sou eu que vejo coisas, tb nao me admirava nada, o outro dizia " i see dead people" né, eu vejo gente incompetente pronto. beijos

domingo, 26 março, 2006  
Blogger north disse:

Ora seria esse um dos pontos por onde o nosso governo devia começar e não por aquilo que os nossos pais e avós lutaram para termos (se é que me faço entender)!!

segunda-feira, 27 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

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quinta-feira, 01 fevereiro, 2007  

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