Plagiem e pasmem
Imaginem que plagiávamos um trecho do Memorial do Convento e alterávamos, apenas, o nome dos personagens sendo que tudo o resto era uma transcrição fiel da obra. Até as vírgulas e os pontos finais. Que, no caso, não serão muitos.
Depois enviávamos para várias editoras, entre as quais a Caminho, a editora de José Saramago, sob o nome de um autor desconhecido, por exemplo, o nosso nome.
Dias depois receberíamos na caixa do correio algumas respostas dessas Editoras, umas completamente tipificadas e padronizadas do género: "Agradecemos o envio da sua obra o que muito nos honrou. Lamentamos, contudo, não poder editá-la de momento por não se enquadrar na nossa estratégia editorial actual". Ou, então, outras um pouco mais elaboradas e personificadas de quem quer transmitir a ideia que leu com atenção o conteúdo submetido à apreciação, do tipo: "blá, blá, blá, blá blá, apesar de mostrar algum interesse e cuidado na escrita, blá, blá, blá, blá, não nos oferece um conteúdo com a qualidade a que habituámos os nossos leitores, blá, blá, blá, em todo o caso incentivamos a sua iniciativa e encorajamo-lo a prosseguir este desafio e, com certeza, no futuro nos apresentará uma obra mais ao estilo da nossa linha editorial, blá, blá, blá".
Já imaginaram esta cena com o Memorial do Convento? Ou, até, com "Cem Anos de Solidão" de Garcia Marquez? Claro que alguns dirão: Impossível! Nas editoras trabalham profissionais que farejam um Nobel à distância. Puro engano!
Esta ficção coincide com uma realidade provocada por um jornalista de um conceituado jornal britânico que quis pôr à prova as editoras. Escolheu dois Nobel da literatura de renome e fez aquilo que ficcionei mais acima. E o resultado foi aquele que já sabem. Impressionante, não acham?
Agora, bem vindos à vida real, e tentem fazer o mesmo com um curriculum vosso. Enviem para uma empresa de selecção de pessoas e para uma vaga onde, pelas características publicadas, vocês encaixem milimétricamente. E esperem pelo resultado. E por respostas “tipo” iguais às do Nobel. Depois riam ou chorem, conforme a vontade.
25 Comentário(s):
Já ouvi um editor dizer na TV, que ao ler a primeiras vinte páginas de um texto se vê logo se vale a pena (ou não) a sua edição. Como são muitos - tem que ser assim…E assim se perdem best-sellers.
Os empregadores empresariais, tal como os editores, podem perder cérebros só porque nesse dia acordaram com os pés de fora.
Aconselho a quem quer publicar alguma coisa para ser insistente. A quem faz um curriculum, a pôr a informação mais pertinente para o emprego a que se candidata, logo no início, a seguir aos dados pessoais.
JL, tens andado desaparecido (e aqui tão perto).
Amigo da onça.
bem também escolheste um mau exemplo.
Ninguem, acredita mesmo ninguém leu saramago. É só para colocar na estante.
E depois o trabalhão que dava emendar os erros.
A curiosidade que contas prova que a 1ª "triagem" é feita, provavelmente, por gente pouco letrada...
Concordo com Alex: no caso de originais, e qd se acredita ter valor, é preciso insistir!
Mocho, lamento desmenti-lo. É que "eu... estou aqui" ;-) e não sou a única... E mais: não há nada para corrigir nos livros de Saramago! Você é que talvez devesse corrigir essa sua apreciação redutora e generalista... Digo eu, na minha.
Não foram dois Nobel. Foi um nobel e um pulitzer. E os textos eram dos mais fraquinhos, não eram comparáveis aos textos de que o JL fala. Se mostrar a alguém a “memoria de elefante”, “os poemas possíveis” sem anunciar o autor, ninguém adivinha. É claro que se perde muito bom escritor pq o editor acordou mal disposto, não percebeu a livro ao ler na diagonal, etc. Mas tb seria estranho uma editora aceitar um plagio – ainda mais descarado do que os que vão existindo por aí-.... O que foi mm noticia foi as editoras serem sinceras acerca dos livros que publicam
eu pessoalmente não sou adepta do MEMORIAL DO CONVENTO mas a ideia é hilariante, mesmo.
bom dia
Eu não faria isso, mas estupefacta fico ao pensar que o valor literário é ditado pelo nome e não pelo conteúdo.
Mas... há sempre esperança de que quem vá ler o que eu for entregar, o leia mesmo e lhe dê algum valor...
:)
fantástico...é que há escritores e escritores...somos tds iguais mas há uns mais iguais que outros...ehehehe
BeijOca
Sulista
já experimentei com o meu curriculum lol nem chorei nem ri não me respondem!
Essa é Boa!!!
Um resto de Domingo cheio de Paz
Jinho
BShell
JL não é só com as editoras ou com as empresas à espera de um candidato para um lugar!! passa-se isso por exemplo com a PT no caso da ADSL em que recebia em casa cartas tpificadas que só mostravam que ninguém tinha ligado "patavina" para o meu problema, assim como com a TV Cabo as respostas que me enviavam eram iguais aquelas que se lêm nos papelinhos dos biscoitos! adaptam-se a todas as situações, não nos vêm esclarecer em nada e só mostram que ninguém pegou no assunto!
Vou experimentar isso com o meu currículo!
Curioso... N me vou dar ao trabalho, mas que grande palhaçada seria!!
Boa semana.
João confirma o teu mail no meu blog sff :)
Beijinho
já enviei..depois confirma se recebeste ok?
No entanto há quem se atreva a publicar titulos como "O Sr. Bentley: O enraba passarinhos". Não conheço o conteúdo, mas o título...vai lé...vai...
LOL
Bjs e boa semana
Este tema é fogo mesmo!!!
As editoras, não conheço nenhuma excepção estão governadas por criaturas que do alto do poleiro ditam sentenças no minimo caricatas.
E seria interessante ter acesso às hablitações literárias dos marmanjos que fazem a avaliação dos orginais que lhes caem no regaço... ia ser uma surpresa e tanto...surpresa muito desagradável.
E mais não digo senão entro outra vez para a Lista Negra...
xi
maria de são pedro
P.S. porque há listas negras podem crer
É a triste realidade do mundo em que vivemos. Hoje em dia quem quer publicar um livro tem de investir do seu bolso e só depois esperar resultados. Genial a ideia do jornalista, e, aqui, um post de se lhe tirar o chapéu.
Um bem haja.
e não é q tens toda a razão... não vale a pena chorar....triste este mundo..mediocre.....
jocas maradas
tens toda a razão....mas não vale a pena chorar..basta termos consciencia da mediocridade em que vivemos......sejamos lúcidos
jocas maradas
Com factor "C" quem ganha é você...mai nada!
SIm a cunha é o que dita quem ocupa que lugar. Mas de vez em quando ha excepçoes. Eu gosto de pensar que caminhamos para uma sociedade mais inteligente.
repito.. ninguém lê saramago. conheço dezenas de professores de Português... perguntem-lhes...
Saramago é um produto político , inventado por um editor qualquer.
E como politicamente só diz asneiras... nem isso vale.
Não fose ele um intelectualoide do PC e veriam como o tratavam
Também há gente a escrever muito bem nos blogs! alguma vez vão conseguir editar?!
se tiverem cunha...
;)
O que me espanta um pouco só é o meu amigo jl pegar no saramago e dá-lo como exemplo de um nobel a ser plagiado. Ó jl então tu já consideras o saramago nobel?
Viste, também consigo escrever como o saramago.
Ó TSFM,
Eu não tenho voz na matéria de decisão de um Nobel :-)
O Saramago é um Nobel. Quer se goste ou não. Mas é um Nobel.
Ainda não consegues escrever como o Saramago, apesar de seres um leitor atento e admirador do homem :-)
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