sábado, 11 de março de 2006

Plagiem e pasmem

Imaginem que plagiávamos um trecho do Memorial do Convento e alterávamos, apenas, o nome dos personagens sendo que tudo o resto era uma transcrição fiel da obra. Até as vírgulas e os pontos finais. Que, no caso, não serão muitos.
Depois enviávamos para várias editoras, entre as quais a Caminho, a editora de José Saramago, sob o nome de um autor desconhecido, por exemplo, o nosso nome.
Dias depois receberíamos na caixa do correio algumas respostas dessas Editoras, umas completamente tipificadas e padronizadas do género: "Agradecemos o envio da sua obra o que muito nos honrou. Lamentamos, contudo, não poder editá-la de momento por não se enquadrar na nossa estratégia editorial actual". Ou, então, outras um pouco mais elaboradas e personificadas de quem quer transmitir a ideia que leu com atenção o conteúdo submetido à apreciação, do tipo: "blá, blá, blá, blá blá, apesar de mostrar algum interesse e cuidado na escrita, blá, blá, blá, blá, não nos oferece um conteúdo com a qualidade a que habituámos os nossos leitores, blá, blá, blá, em todo o caso incentivamos a sua iniciativa e encorajamo-lo a prosseguir este desafio e, com certeza, no futuro nos apresentará uma obra mais ao estilo da nossa linha editorial, blá, blá, blá".
Já imaginaram esta cena com o Memorial do Convento? Ou, até, com "Cem Anos de Solidão" de Garcia Marquez? Claro que alguns dirão: Impossível! Nas editoras trabalham profissionais que farejam um Nobel à distância. Puro engano!
Esta ficção coincide com uma realidade provocada por um jornalista de um conceituado jornal britânico que quis pôr à prova as editoras. Escolheu dois Nobel da literatura de renome e fez aquilo que ficcionei mais acima. E o resultado foi aquele que já sabem. Impressionante, não acham?
Agora, bem vindos à vida real, e tentem fazer o mesmo com um curriculum vosso. Enviem para uma empresa de selecção de pessoas e para uma vaga onde, pelas características publicadas, vocês encaixem milimétricamente. E esperem pelo resultado. E por respostas “tipo” iguais às do Nobel. Depois riam ou chorem, conforme a vontade.

25 Comentário(s):

Blogger Alex disse:

Já ouvi um editor dizer na TV, que ao ler a primeiras vinte páginas de um texto se vê logo se vale a pena (ou não) a sua edição. Como são muitos - tem que ser assim…E assim se perdem best-sellers.
Os empregadores empresariais, tal como os editores, podem perder cérebros só porque nesse dia acordaram com os pés de fora.
Aconselho a quem quer publicar alguma coisa para ser insistente. A quem faz um curriculum, a pôr a informação mais pertinente para o emprego a que se candidata, logo no início, a seguir aos dados pessoais.

JL, tens andado desaparecido (e aqui tão perto).
Amigo da onça.

sábado, 11 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

bem também escolheste um mau exemplo.
Ninguem, acredita mesmo ninguém leu saramago. É só para colocar na estante.

E depois o trabalhão que dava emendar os erros.

sábado, 11 março, 2006  
Blogger Maria Manuel disse:

A curiosidade que contas prova que a 1ª "triagem" é feita, provavelmente, por gente pouco letrada...

Concordo com Alex: no caso de originais, e qd se acredita ter valor, é preciso insistir!

Mocho, lamento desmenti-lo. É que "eu... estou aqui" ;-) e não sou a única... E mais: não há nada para corrigir nos livros de Saramago! Você é que talvez devesse corrigir essa sua apreciação redutora e generalista... Digo eu, na minha.

domingo, 12 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Não foram dois Nobel. Foi um nobel e um pulitzer. E os textos eram dos mais fraquinhos, não eram comparáveis aos textos de que o JL fala. Se mostrar a alguém a “memoria de elefante”, “os poemas possíveis” sem anunciar o autor, ninguém adivinha. É claro que se perde muito bom escritor pq o editor acordou mal disposto, não percebeu a livro ao ler na diagonal, etc. Mas tb seria estranho uma editora aceitar um plagio – ainda mais descarado do que os que vão existindo por aí-.... O que foi mm noticia foi as editoras serem sinceras acerca dos livros que publicam

domingo, 12 março, 2006  
Blogger rafaela disse:

eu pessoalmente não sou adepta do MEMORIAL DO CONVENTO mas a ideia é hilariante, mesmo.

bom dia

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Eli disse:

Eu não faria isso, mas estupefacta fico ao pensar que o valor literário é ditado pelo nome e não pelo conteúdo.

Mas... há sempre esperança de que quem vá ler o que eu for entregar, o leia mesmo e lhe dê algum valor...

:)

domingo, 12 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

fantástico...é que há escritores e escritores...somos tds iguais mas há uns mais iguais que outros...ehehehe
BeijOca

Sulista

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Mónica disse:

já experimentei com o meu curriculum lol nem chorei nem ri não me respondem!

domingo, 12 março, 2006  
Blogger BlueShell disse:

Essa é Boa!!!

Um resto de Domingo cheio de Paz
Jinho
BShell

domingo, 12 março, 2006  
Blogger north disse:

JL não é só com as editoras ou com as empresas à espera de um candidato para um lugar!! passa-se isso por exemplo com a PT no caso da ADSL em que recebia em casa cartas tpificadas que só mostravam que ninguém tinha ligado "patavina" para o meu problema, assim como com a TV Cabo as respostas que me enviavam eram iguais aquelas que se lêm nos papelinhos dos biscoitos! adaptam-se a todas as situações, não nos vêm esclarecer em nada e só mostram que ninguém pegou no assunto!

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Vica disse:

Vou experimentar isso com o meu currículo!

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Red Boys ESTAÇÃO disse:

Curioso... N me vou dar ao trabalho, mas que grande palhaçada seria!!
Boa semana.

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Nina disse:

João confirma o teu mail no meu blog sff :)

Beijinho

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Nina disse:

já enviei..depois confirma se recebeste ok?

domingo, 12 março, 2006  
Blogger Cerejinha disse:

No entanto há quem se atreva a publicar titulos como "O Sr. Bentley: O enraba passarinhos". Não conheço o conteúdo, mas o título...vai lé...vai...
LOL
Bjs e boa semana

domingo, 12 março, 2006  
Blogger LUA DE LOBOS disse:

Este tema é fogo mesmo!!!
As editoras, não conheço nenhuma excepção estão governadas por criaturas que do alto do poleiro ditam sentenças no minimo caricatas.
E seria interessante ter acesso às hablitações literárias dos marmanjos que fazem a avaliação dos orginais que lhes caem no regaço... ia ser uma surpresa e tanto...surpresa muito desagradável.
E mais não digo senão entro outra vez para a Lista Negra...
xi
maria de são pedro

P.S. porque há listas negras podem crer

segunda-feira, 13 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

É a triste realidade do mundo em que vivemos. Hoje em dia quem quer publicar um livro tem de investir do seu bolso e só depois esperar resultados. Genial a ideia do jornalista, e, aqui, um post de se lhe tirar o chapéu.

Um bem haja.

segunda-feira, 13 março, 2006  
Blogger Su disse:

e não é q tens toda a razão... não vale a pena chorar....triste este mundo..mediocre.....

jocas maradas

segunda-feira, 13 março, 2006  
Blogger Su disse:

tens toda a razão....mas não vale a pena chorar..basta termos consciencia da mediocridade em que vivemos......sejamos lúcidos

jocas maradas

segunda-feira, 13 março, 2006  
Blogger Zel disse:

Com factor "C" quem ganha é você...mai nada!

segunda-feira, 13 março, 2006  
Blogger Bel disse:

SIm a cunha é o que dita quem ocupa que lugar. Mas de vez em quando ha excepçoes. Eu gosto de pensar que caminhamos para uma sociedade mais inteligente.

segunda-feira, 13 março, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

repito.. ninguém lê saramago. conheço dezenas de professores de Português... perguntem-lhes...
Saramago é um produto político , inventado por um editor qualquer.
E como politicamente só diz asneiras... nem isso vale.
Não fose ele um intelectualoide do PC e veriam como o tratavam

terça-feira, 14 março, 2006  
Blogger segurademim disse:

Também há gente a escrever muito bem nos blogs! alguma vez vão conseguir editar?!
se tiverem cunha...

;)

quarta-feira, 15 março, 2006  
Blogger Neoarqueo disse:

O que me espanta um pouco só é o meu amigo jl pegar no saramago e dá-lo como exemplo de um nobel a ser plagiado. Ó jl então tu já consideras o saramago nobel?
Viste, também consigo escrever como o saramago.

quarta-feira, 15 março, 2006  
Blogger JL disse:

Ó TSFM,
Eu não tenho voz na matéria de decisão de um Nobel :-)
O Saramago é um Nobel. Quer se goste ou não. Mas é um Nobel.
Ainda não consegues escrever como o Saramago, apesar de seres um leitor atento e admirador do homem :-)

quarta-feira, 15 março, 2006  

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