sábado, 18 de fevereiro de 2006

Dormindo com o inimigo


"Esmeralda Martins. Maria Rocha. Anabela Peixoto. Maria Morais da Silva. Carla Ferreira. Maria Costa. Maria Fernanda Dias. A lista poderia continuar, até bem perto das três centenas, se aqui se publicassem todos os nomes das mulheres que morreram às mãos dos homens que um dia lhes juraram amor, nos últimos cinco anos." in Visão

É assim que começa a reportagem de Cesaltina Pinto e Patrícia Fonseca, publicada na Visão desta semana, retratando a dura realidade para muitas mulheres na sua vida em comunhão com um homem que em vez de amor dá maus tratos.
Os dados oficiais dizem que cerca de 60 mulheres são assassinadas pelos companheiros, no nosso país, em cada ano que passa. Nesta contabilidade não entram aquelas que vão morrendo, dia após dia, no seu ninho protegendo as suas crias ou procurando protelar a sua inclusão nestas monstruosas estatísticas.
Não sei o que passa pela cabeça de quem assume tamanha faceta. Mas, seguramente, que não passará pela cabeça de ninguém, por mais anormal que seja, que os afectos se compram, se obrigam, se contratualizam. Ou será que passa?
A reportagem conta, ainda, a experiência de duas mulheres que sofreram na pele e na psique a violência de quem quer ser amado e desejado pelo poder que adquire através da força de um chicote. Mas o amor conquista-se e merece-se. Ou não. Não se exige.
Numa entrevista, logo adiante, Margarida Marante conta na primeira pessoa a experiência recente que a horrorizou e que ainda a mantém emocionalmente instável. É importante que figuras públicas, como ela, dêem o seu testemunho e que daí resulte o estímulo que tantas e tantas outras mulheres, que sofrem em silêncio, precisam para que o pesadelo termine.
As mulheres que, entretanto, pensam que o casamento ou o nascimento de um filho podem ser a solução, desenganem-se. Quase sempre agravam o problema.
Arranjem a coragem necessária e partam em busca da felicidade. Pode não ser fácil. Mas não é impossível.

31 Comentário(s):

Blogger Aladdin Sane disse:

Num "Você na TV" da semana passada, Manuel Grito Goucha e a sua irmãzinha entrevistaram, num momento de rara pedagogia, um homem que foi alvo de violência pela companheira (Avante, companheira, avante!).

Pois o homem pôs um anúncio n`"O Crime", - aliás, uns amigos incitaram-no a fazê-lo, "por brincadeira". Teve "muitas respostas" (aqui Goucha interrompe para avisar que "estas situações escondem muita solidão". Não vi o resto, mas o que vi comoveu-me (e muito!).

Levar estas situações a sério? Claro! "Exercer" a violência de forma continuada sobre outrém é abjecto. Isso todos o sabem, com issso todos concordam, esses comportamentos são por todos repudiados! Mas esses comportamentos são por muitos mantidos, e por muitas suportados num silêncio envergonhado.

E há que trazer a terreiro estas vergonhas, para que não se faça letra morta (ou, língua morta) deste nosso fado chorado entre quatro paredes.

HUMAN RIGHTS NOW!

sábado, 18 fevereiro, 2006  
Blogger Eduardo Leal disse:

Ora aqui está um assunto para o qual todas as palavras de repúdio serão sempre pouco.
Ignóbil.
Porque é lamentável que se exerça esse tipo de poder doentio sobre a parte mais fraca.
porque para além disso, numa relação deveremos podercontar com compreensão, com amor, com amizade, mas nunca, nunca qualte~r tipo de violência, seja físicaou emocional. Porque a violência emocional também mata, só que lentamente.

sábado, 18 fevereiro, 2006  
Blogger Su disse:

são vidas perdidas, esmagadas, doridas, por gente que acredita que os afectos conseguem-se pelo chicote... um horror...um inferno
claro que não é facil resolver o problema, vejamos o ex q dás da margarida marante: culta, experta, lucida, e que se viu reduzida a si mesmo sem hipotese de sair a naõ ser ao fim de tanto tempo e com ajuda de outros
agora imaginemos quem nada tem ...pq falar é facil, mas quem ajuda quem?
gostei de ler.te
jocas maradas

sábado, 18 fevereiro, 2006  
Blogger LUA DE LOBOS disse:

eis algo que me toca pela porta pois fui a primeira escritora neste cantinho à beira mar plantado que se atirou a este tema da Violência Doméstica e com custos adicionais que se revelaram bem elevados.
Fico sempre agradada quando vejo um Homem sair a terreiro e defender(geralmente a mulher)um ser que debaixo do terror, do silêncio e da vergonha se arrasta por vezes anos e até a vida toda.
Bem hajas por ter trazido este tema ao teu blog
xi coração
maria de são pedro

sábado, 18 fevereiro, 2006  
Blogger Blogexiste disse:

Lamentavelmente é ainda um problema estrutural (e, portanto, custa mais a mudar) de mentalidade colectiva de um povo... um sinal de masculinidade ou afirmação social é dar um enxerto de porrada na mulher. Tudo isto no âmbito da perfeita normalidade (e ausência de censura) social.

"Sebastião come tudo, tudo, tudo
Sebastião come tudo sem colher
Sebastião anda muito barrigudo
e por fim dá porrada na mulher"!

Canção Tradicional Portuguesa (dada como canção infantil)

Triste!!!

sábado, 18 fevereiro, 2006  
Blogger Silêncios disse:

Não, João, não é fácil.É mesmo mt complicado.
É preciso assumir que não se pode mais, é preciso convencermo-nos que temos o direito de protestar, é preciso, acreditar que merecemos mais do que aquilo que temos.
É preciso olharmos para nós e dizer basta.Passamos pela "vergonha" de enfrentar a família, os vizinhos, o que dizem ou que pensam.
Temos que passar por tudo isso, e sair de cabeça erguida, o que nem sempre é fácil, pois quando já não temos de lutar contra o monstro da nossa vida, deixamo-nos cair, num abismo sem fim.O cansaço e a desilusão vence-nos.E, há muito quem não se consiga levantar.
Felizmente, eu ergui-me de novo, tinha duas crianças que precisavam de mim, e isso fez-me levantar e seguir em frente.
E é importante, acreditar que ainda temos direito á felicidade e a amar alguém.
Foi o que eu fiz.
Hoje, 10 anos após a tempestade infernal que foi a minha vida, sou feliz, e quase consegui apagar as dolorosas lembranças.
Se ficam sequelas? Ficam... não se conseguem deitar fora.Mas, podem guardar-se numa gaveta, e deitar fora a chave.O importante, é decidir ser feliz...
Ena, hoje estiquei-me:))
Beijos, querido João

sábado, 18 fevereiro, 2006  
Blogger Unknown disse:

Um casal encontra o filho a folhear uma pilha de revista de Sado-masoquismo, boquiaberta diz a mulher para o marido – Pronto, bater-lhe não vale a pena…

Sabes lá se não é de porrada que eles/elas gostam, o mal disto é metermos o bedelho onde não somos chamados.
Tradição era a mulher ir á tasca do meu avô Barrigana dar umas lambadas no marido bêbado que nunca mais ia para casa e faze-lo girar á frente dela a toque de caixa, isso sim eram tempos de violência domestica, porque ele levava no focinho e com os copos ao outro dia pensava que tinha caído.

PS – Depois instituísse a malha na mulher e nos filhos quando o Benfica perdia, essa tradição perdeu-se porque não havia mãos a medir…

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Blogger Unknown disse:

Esqueci-me de referir que não me importo de levar umas chibatadas das violentas mulheres que acompanham este "post"...

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Blogger Agnelo Figueiredo disse:

Meu caro, com o "inimigo" por perto é muito mau adormecer. Deve tentar manter-se o estado de vígilia, quando não o de prontidão. Nem sempre é fácil, é verdade, mas deve ser um lema.

A propósito da tradição de que falou o GreenSky... apesar de estar a desaparecer, hoje ainda devem ter chovido algumas cargas de porrada, não?

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Pois, Azurara... há que dormir com um olho aberto!

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Blogger Mónica disse:

pertinente
muito triste

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Blogger Bird disse:

Vês o que te dizia eu???

Só tu para falares do que tantos calam.
Suspiro. Não sei por onde começar. Tu disseste tudo e tão bem João que o que deveria mesmo acontecer a seguir a lerem-te era fazer.

Eu sei que há mil razões para...
mas a mais importante de todas para mim é essa sede de poder dos Homens, dos ditos seres humanos, que conduz a esse desvario, quando acresce uma profunda ignorância sobre si mesmos e os outros e uma falta de tudo o que tem a ver som valores, sentimentos e RESPEITO.

E tudo o que possa acrescentar seria redundante.
Dás-nos tanto...

Abraço-te meu Lindo e beijo-te e agradeço-te mais uma vez

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Blogger Maria Manuel disse:

Não posso passar e apenas ler. Números e nomes de uma realidade que assusta e sensibiliza.
Deixo-te o abraço emocionado que o assunto merece!

domingo, 19 fevereiro, 2006  
Blogger Que Bem Cheira A Maresia disse:

Uma realidade triste que assombra uma sociedade que se diz de brandos costumes, infelizmente a violência sobre o homem tb existe e em número superior ao que se pensava.

Tem uma boa semana!

Beijo da Lina

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger Neoarqueo disse:

Pois é...cá temos a velha história da mulher roer no focinho...
Como se diz na Abrunhosa do Mato.
Acho mal...

Assim como acho pior o homem roer no focinho da mulher (no exemplo do Grensky).

Mas, toda a gente conhece a história do àrabe que sempre que chega a casa bate na mulher, e ele já não sabe porque lhe bate, mas..ela sabe...

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger sattelite disse:

É pena que se continuem a assistir a estes números, não há palavras que descrevam estes comportamentos...Não consigo imaginar o tipo de ser que comete estas atrocidades...

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger Alex disse:

Uma vez estava em casa e de repente os vizinhos do lado começaram a partir a casa toda em grande gritaria. Apercebendo-me que algo de muito violento se passava toquei-lhes na campainha. Passado um pouco, a porta abriu-se e o companheiro saiu esbafurido de sacos na mão. Surgue então a vizinha com a cara ensanguentada a chorar e a dizer: MALDITO… MALDITO… MALDITO…
A polícia já tinha sido alertada por alguém. Apareceu rapidamente e tomou nota da ocorrência. Perante esta situação de grande violência, prontifiquei-me a ajudar a vizinha em tudo o que fosse necessário e identifiquei-me aos agentes.
Qual o meu espanto quando, passado dois, dias vou à janela e observo os dois de novo juntos e de mão dada em direcção do café. Ela de óculos escuros e ele todo catita.
Vá lá uma pessoa entender estas coisas… Costuma-se dizer para não meter a colher entre marido e mulher. Quanto mais me bates mais gosto de ti. Que depois da zanga o amor é mais intenso. Etc… Etc… Etc…
Será que a porrada resulta em alguns casos?
Há gente muito estúpida!
Infelizmente a realidade que os números mostram é outra. É muito cruel.
Alex (Abrunhosa)

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger Unknown disse:

Meu querido amigo sei que também existem homens vitimas de mulheres loucas isso não é um problema exclusivo dos homens, embora em menos escala, sabes quem é vitima de maus tratos passa a desconfiar que nasceu para sofrer e que o dom da felicidade não as prendou, é lamentável...eu falo porque também me encontro no meio das vitimas. beijinhos

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger maresia disse:

Eu vivi isso de perto. A Mãe dos meus filhos antes de morrer apanhava até cair. O pai levava umas putas para dentro da própria casa, dormia com elas na cama de casal e a Mãe ficava no sofá. Se abria a boca... levava, claro! Pois então...

A minha Avó tinha uma criada, chamada Felicidade, vá-se lá perceber porquê. A senhora apanhava a sério e a minha Avó tentava ajudá-la. Resposta da Felicidade "Minha senhora, ele bate no que é dele!". E é assim o mundo do amor...

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger Cerejinha disse:

Este doeu!
Não a mim, pessoalmente, mas de quase certamente a algumas pessoas que por aqui passam.
"Arranjem a coragem necessária e partam em busca da felicidade", POIS HÁ SEMPRE ALGO OU ALGUÉM QUE NOS PODEM TORNAR FELIZES.
:-)
Boa semana!

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Tema pesado e complexo...acho que já aqui foi dita muita coisa verdadeira...para um lado e para o outro...e este assunto é sempre muito triste.

Beijinho

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Ahhhhhhhh!!!...tiraste as 'letrinhas' !! que bom :-)

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger vero disse:

Infelizmente ainda existem e existirao muitas mulheres a serem vitimas deste tipo de monstruosidades... Mas o medo de falar, o medo de recorrer a ajuda impede-as de reagir... de tomarem qq tipo de atitudes...esta é a sociedade em que vivemos...nua e crua... e esses animais??? Continuam à solta!!!
Beijinhos***

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Enquanto se continuar a pensar que a base deste problema reside na maldade pura de quem maltrata e no medo ou na falta de coragem de quem cala, ele nunca será resolvido. As pessoas envolvidas - agressores e agredidos -, são, antes de qualquer outra coisa, seres humanos com afectos doentes. É muito mais complicado do que parece. Infelizmente.

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Atão?? puritano hein??...já ná se pode brincar um bocadinho? :-)

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger Bel disse:

Assisti à entrevista e na altura e momentaneamente pensei o porque de aturar a violência? É um comportamento irracional vindo ainda por mais da pessoa de quem se gosta.
O amor conquistasse é um facto mas pergunto me o que passara pela cabeça de uma mulher quando perdoa a primeira vez que a magoam? A resposta infeliz mente até acho que é simples. A maioria dessas mulheres amam os seus companheiros e `^em algo a que o ser humano chamou de esperança. Esperança que um dia as coisas mudam tal como o outro promete.
Hoje compreendo porque as vezes tanta ced~encia. Não devemos gostar mais do outro do que nós próprios mas as vezes acontece e é muito complicado perceber que só nos e que gostamos.
Quando há filhos já não entendo porque achpo que o amor a um filho e muito superior ao amor que se sente por um homem por isso não entendo porque é que muitas mulheres sujeitam os filhos a situaç~oes de violência.
Tens razao quando escreves que engravidar não é a soluçao de facto não é e nunca segurará ninguem.
boa semana

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Blogger Mia Pierrèt disse:

Li e reli o teu post... as palavras não saiem facilmente... ficam presas... há tanto p dizer e nada ao mesmo tempo.
Perguntas e mais perguntas é o que tenho na cabeça... "porquê?" "como?"...

Este assunto é algo que me ultrapassa todo que me parece compreensível, todo o meu mundo e a minha realidade.
Sei, tristemente, que tenho é uma realidade que me está perto: acontecia na casa de um amigo meu. Hoje já nao contece, ou pelo menos, à frente dos filhos.É estranho... é violento e não devia acontecer.
Qualquer pessoa tem o direito se ser feliz. Felicidade não é isto! Há sempre uma solução. Sair para sempre desta vida é uma delas.
O pior é que estas cenas de violência acontecem no namoro e mm assim as mulheres casam-se à mesma... não compreendo.

segunda-feira, 20 fevereiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

I have been looking for sites like this for a long time. Thank you! http://www.car-covers-7.info/ventaastonmartinmadrid.html P2p and cybersitter Bally total fitness ny asx file converter freeware the benefits from stop smoking Electric and gate and opener Winnipeg digital print job Selma texas casinos Medco zocor Advance tent awning co t-mobile+cell+phone+plans Zyrtec algoma mississippi Sexual dysfunction in breast cancer women articles Door hardware security system Kia nissan performance http://www.xxx-blowjob-0.info/blowjob-movies.html

segunda-feira, 05 fevereiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Looking for information and found it at this great site... Imitrex precautions Authentic coach british tan janice legacy shoulder bag articlessports paintball Php hosting without specials cell phone plans Corporate project management training Waterbeds mi valium onset http://www.parishiltonvideo7.info/Jenna-jameson-feet.html Ativan dog dosage epilepsy Live local sex cams national auto dealers exchange national fitness questionaire Free mature fucking pictures

quinta-feira, 15 fevereiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Where did you find it? Interesting read »

quinta-feira, 22 fevereiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

That's a great story. Waiting for more. » »

segunda-feira, 23 abril, 2007  

Enviar um comentário

<< Home