domingo, 14 de janeiro de 2007

O risco de ser mãe

Sem querer, tomei conhecimento de uma mulher que todos os dias é molestada no seu trabalho, pelos patrões, porque teve uma gravidez de risco que a atirou para uma baixa prolongada e agora, no pós parto, não lhe querem assegurar o direito a amamentar a sua cria, na concessão das duas horas diárias que a lei lhe confere.
Não vale a pena ficarmos espantados com a atitude, retrógrada e troglodita, destes patrões porque a realidade à nossa volta mostra-nos que são os grandes grupos económicos, alguns deles ligados ao estado, os primeiros a dar o péssimo exemplo de tomar atitudes discricionárias quando impedem que as mulheres sejam admitidas nas suas empresas.
O ocidente está cheio de atitudes deste género. Os que me conhecem sabem que sou liberal e acérrimo defensor da economia de mercado. Mas assim não. Isto é a subversão completa dos valores que orientaram o ocidente no seu desenvolvimento.
Com que moral, questiono-me, apontamos o dedo à China quando esta toma atitudes desumanas ao estimular o aborto, quando se trata de fetos femininos, como medida de controlo da natalidade? Não estaremos nós, por absurdo que pareça, a fazer o mesmo quando impedimos que as mulheres sejam encaradas no mercado de trabalho como igual inter pares, apenas porque elas têm a felicidade ou fatalidade no poder de ser mãe?

16 Comentário(s):

Blogger Unknown disse:

Concordo contigo JL.

Um abraço

domingo, 14 janeiro, 2007  
Blogger Sun disse:

É.. com certeza a mulher nunca será igual ao homem no mercado de trabalho. O que as pessoas não entenderam é que elas precisam sim de mais proteção "simplesmente" por serem mães.
O que acontece é que os patrões sentem raiva quando as funcionárias engravidam, até parecem que nunca foram/serão pais. A criança deve amamentar até os 2 anos de idade. Assim, a mãe economiza em consultas e medicamentos futuramente e todo mundo sai ganhando. Além disso, o contato que ela tem com seu nenê durante a amamentação é importantíssimo. Nenhuma mamadeira supre isso.

domingo, 14 janeiro, 2007  
Blogger Maria P. disse:

Excelente artigo!
Muito bem.



Boa semana:)

domingo, 14 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Concordo plenamente com a sua opinião, no entanto, acima dos patrões existiram e existem retrógados e trogloditas ao quadrado. Em minha opinião num país com o sistema de Segurança Social na falência, não se dá valor nem incentivos à vida.
Mais uma vez não há uma tomada de medidas de fundo.
A curto prazo a resolução passa pela via económica, mas a longo prazo passa pela via social e é nesta matéria que os retrógados e os trogloditas não conseguem agir.

segunda-feira, 15 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Não iria tão longe nessa comparação com a China, João. Mas, falando destes dois países, perguntaria antes com que propriedade falarão esses patrões da "batota" que as empresas chinesas - e de outros Países em Vias de Desenvolvimento (eufemismo para 3º Mundo) - cometem ao empregarem mão-de-obra barata e que trabalha muito mais horas do que em países como o nosso.

Portugal é um país desenvolvido, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano e o Índice de Desenvolvimento Aplicado ao Género (ambos do PNUD - ONU) mas é em situações como esta que se nota que ainda nos falta "um bocadinho assim". Um bocadinho que se traduz em sofrimento para muitas mulheres.

Este país é cada vez mais uma anedota, mas daquelas sem piada.

segunda-feira, 15 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Infelizmente, estas situações são bastante comuns.

Diria que muitas vezes nem sequer está em causa a rentabilidade da empresa, até porque é impossível a uma mãe poder rentabilizar essas duas horas estando preocupada com o bébé.

O grande problema é a falta de formação humana e cívica por parte de muitas das nossas chefias.
Este é um caso claro de ...-eu sou o chefe, eu é que mando... então vou explorar as tuas fraquezas neste momento o teu filho.

O pior é quando são mulheres a tomar essa atitude.

É preciso que todas as mulheres conheçam os seus direitos e lutem por eles.

Amamentar um filho é um dom preciosissimo, não há no mundo palavras capazes de descrever a ligação entre mãe e filho, nesses minutos.

segunda-feira, 15 janeiro, 2007  
Blogger Vica disse:

Pois é, os chineses não se deram conta que no futuro não terão mais mulheres... fora isso, realmente, quem são os ocidentais para criticarem quando disseminam práticas veladas de verdadeiro terrorismo contra as trabalhadoras mulheres?

segunda-feira, 15 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Lamentavelmente.... até há quem lhes queira tirar o direito de escolher se querem ou não ser mães...

Um Abraço, e já agora... passa lá pelo blog e dá um salto ao anossapena para dar mais vida à coisa.

terça-feira, 16 janeiro, 2007  
Blogger Carmen disse:

Realmente, uma sociedade incapaz de respeitar uma maternidade responsável só pode estar a construir a sua destruição!!!

terça-feira, 16 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Fatalidade. Eduardo Leal, respeitando a sua opinião eu julgo que o direito de a mulher escolher ser mãe deve ser assumido e tomado antes do acto procriativo e não depois; mas esta é a apenas a minha opinião.

terça-feira, 16 janeiro, 2007  
Blogger antonio disse:

Enquanto em países desenvolvidos como por exemplo a Alemanha, se incentiva a natalidade para combater o envelhecimento da população com avultados subsídios de nascimento e leis de protecção à maternidade, em Portugal faz-se exactamente o contrário. Fecham- se maternidades,tiram -se subsídios,as leis laborais de protecção à maternidade não protegem,fecham- se centros de saúde e escolas e... procura-se legalizar o aborto.

terça-feira, 16 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Não é "legalizar o aborto". É despenalizar o aborto.

terça-feira, 16 janeiro, 2007  
Blogger carneiro disse:

Não é "despenalizar o aborto". É legalizar o aborto.

quarta-feira, 17 janeiro, 2007  
Blogger RPM disse:

pegando no Língua Morta...Portugal, em 2005, estava no lugar 28....

hoje não deve estar melhor por muitas e boas razões...no entanto é o NOSSO país com bons ou maus governantes....

estes, actuais, é que não sei onde nos farão chegar....mas com a flexisegurança, em vez de ver menos Estado encontrarei mais Estado e a centralização do poder vai-se fazendo à custa dos choques tecnológicos e.....a LIBERDADE vai-se esfumando....

abraço

RPM

quarta-feira, 17 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Mete nojo!
Fico sem reacção.
Beijinhos

sábado, 20 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Bom... aí vai a pergunta para os mais distraídos:

«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?».

Mesmo para os mais distraídos, as palavras utilizadas não deixam dúvidas "despenalização" , "opção" , "10 semanas".

Se até o Bispo de Viseu já concorda com a despenalização... o que se pretende afinal?!
Uma pergunta do tipo: «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde ilegal?». É que parece que para o Bispo de Viseu, se deverá deixar as mulheres abortar desde que seja em vãos de escada!

quinta-feira, 25 janeiro, 2007  

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