quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Mau negócio e uma boa causa

Em Oliveira do Hospital a fábrica de têxteis Carrera está na iminência de arrastar consigo 87 pessoas para a falência.
Em causa está uma dívida antiga, entre 1999 e 2001, à Segurança Social. Na falta de regularização desta dívida o tribunal levou a empresa a hasta pública. Na ausência de investidores interessados, a direcção da empresa solicita a insolvência que pode atirar 87 pessoas para o desemprego.
Ora, aqui, vale a pena recordar as palavras do Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, no programa da RTP Prós e Contras, que a nossa Segurança Social estará falida daqui a dez anos, a manter-se o actual cenário deixando antever que, nessa altura, não haverá, jamais, reformados.
Talvez fosse, então, melhor negócio, no curto e no médio prazo, perdoar a dívida da empresa de forma a garantir que estes 87 trabalhadores continuem a descontar e a contribuir para a Segurança Social.
É que, provavelmente, sairá mais caro às finanças, já de si depauperadas, da S.S. subsidiar o desemprego do que perdoar essa dívida. Com regras, bem entendido.
Talvez valesse a pena fazer as contas.
Bem sei que a abertura deste precedente poderia tornar-se perigoso no futuro. Mas, não é menos verdade, que já tantas dívidas ficaram por pagar neste país, muitas por prescrição, que, em boa hora, era só mais uma entre tantas. E esta, pelo menos, seria por uma boa e justa razão.


Tinha este artigo há uns dias na "gaveta". Decidi-me a publicá-lo hoje, já em risco de perder a validade. Em boa verdade apetecia-me escrever sobre o IKEA. Manda o bom senso que o não faça a quente.

14 Comentário(s):

Blogger sattelite disse:

JL tenho que discordar da tua intervenção, não é perdoando dívidas que se vai evoluir nem recuperar a nossa economia, se houvesse uma forma de se perdoarem as dívidas à S.S. de certo que todos os "bons" empresários portugueses iriam arranjar um esquema para não pagarem e de seguida iriam comprar mais uma casa de férias ou um iate para embelezarem a marina de Vilamoura. Deve-se incentivar o investimento através de alguns beneficios mas sempre dentro de limites aceitáveis e, sobretudo, através de empenho como no caso da IKEA. Não percebo porque não quiseste comentar esta vitória de Portugal, será que é por ser um grande sapo para engolir? Será que é assim tão dificil reconhecer que o governo do PSD em 3 anos não conseguiu atrair nenhum investimento e o do PS em menos de um ano consegue duas importantes vitórias? Temos de saber dar o mérito a quem o tem, sempre em prol de Portugal.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Unknown disse:

Não concordo … não se pode lavar as mãos de gente que não sabe liderar o seu próprio negócio … O prejudicado é, e será sempre o trabalhador que recebe o miserável ordenado mínimo, e mesmo assim pagam os seus impostos. Agora os patrões que deixam de pagar os seus impostos ao estado … bem esses não ficam mal, porque será?
Perdão! Não, temos que honrar os nossos compromissos …
JL não será por causa desses senhores, que não cumprem com o seu dever, que Portugal está no estado que está!

“Manda o bom senso que o não faça a quente”
Porque não? Assim ficavam os teus leitores a conhecer-te melhor, vinha mais do fundo do coração. È que sabes, estamos fartos, eu pelo menos, de gente que pensa muito o que diz, olha muito a sua imagem exterior, depois … vê o caso do IKEA … a incompetência paga-se cara, será que também a devemos desculpar?

Abraços

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Al Cardoso disse:

Dizia o meu amigo "talvez valesse a pena fazer as contas" sim concordo consigo, so que creio que neste governo nao ha assim tanta gente (sera que ha alguma) que sabe faze-las (as contas).
Parece que o que interessa e muito mais a glorificacao do betao, as pessoas nao interessam tanto.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Eduardo Leal disse:

Em relação ao problema dos descontos para a segurança social, importa saber que ao não pagar esta contribuíção à segurança social, o patrão está a usar indevidamente dinheiro que pertence ao trabalhador e que, quando surgir a falência desta empresa, o trabalhador não terá descontos para a segurança social e portanto poderá ficar sem o seu justo subsídio de desemprego.

Este não é uma caso de perdão! É um caso de cadeia, que é onde se costuma colocar os ladrões.

Pode até haver atenuantes. Claro que pode. Mas é porque somos muito lestos a desculpar, em nome dos males menores, que temos muitos empresários do tipo "pato bravo", especialistas em negócios fáceis à custa do esforço dos outros...

A lei é dura! A Justiça é cega! São expressões usuais, que neste caso, como em tantos outros, deveriam ser aplicadas por princípio... as atenuantes devem ser discutidas só antes de proferir a sentença.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Neoarqueo disse:

JL, ultimamente andamos a divergir imenso no que concerne ao que cada um pensa sobre os assuntos. O que até é bom, pois assim já os nossos amigos comuns não poderão dizer que somos Dupont e Dupond. Mais uma vez não posso concordar contigo numa matéria tão melindrosa. Sem dúvida que a situação dos desempregados será dramatica, mas não se podem "lavar" atitudes de empresários que a partir de determinado momento da gestão daquela empresa (quando começõu a entrar em desgoverno) a melhor maneira que aqueles gestores encontraram para obviar o problema foi precisamente atraiçoar os seus trabalhadores. Não pagando a SS aquele empresa apunhalou os seus colaboradores, pelas costas. Eduardo Leal tem toda a razão o lugar destes empresários é a cadeia. Muito provavelmente esta empresa recebeu milhares ou milhões da UE (nos bons velhos tempos) para se modernizar, para se preparar para a alta competição, para dar formação aos trabalhadores; foi isso que fez? Duvido, como estes houve muitos e agora quem paga a factura são os desempregados e a longo prazo todos nós. Já agora JL não são 87 trabalhadores que continuando a pagar resolvem o problema da SS...

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Agnelo Figueiredo disse:

Na minha lógica liberal, não concordo com qualquer tipo de subsídio à produção, à exploração e ao investimento, como também discordo de todo o tipo de "perdões". Assim, se uma empresa não é rentável, acho que deve fechar-se logo que se dê conta do facto.

Quanto ao IKEA, e tendo em conta que o meu amigo conhece razoavelmente o dossier, acho que era oportuno falar aqui sobre ele. Sem opiniões. Apenas factos.
Faça isso, se assim o entender.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Nina disse:

No meio desta troca de opiniões deixo-te apenas um beijo e espero k estejas bem :)

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Caro JL, a explicação do Presidente da Câmara face à "fuga" do IKEA foi dada, como é seu apanágio, de uma forma superficial e nada fundamentada.
Falou dos queijos e sabendo que, só tem a ganhar, se tiver empatia com o governo falou contra este.
Ele esqueceu-se que na política do deixa andar nada se resolve.
Portanto, se sabe dos pormenores desta situação ilucide os mangualdenses com a imparcialidade e profissionalismo que sempre demonstrou. Foi precisamente por causa desta sua imparcialidade, profissionalismo e honestidade(intelectual e material), que foi enchutado da câmara.
Quanto a perdões à segurança social, sou de opinião de que não devem existir, pois, abrir-se-iam precedentes que levariam ao caos das empresas, instituições e da própria segurança social.
Um empresário que se deixa chegar a uma situação destas deveria ser chamado à responsabilidade, mas em vez disso, ao fechar esta empresa pode abrir outra com outro nome no dia seguinte. Além disto pode de forma premiditada desfazer-se dos seus bens, colocá-los em nome de outra pessoa ou de outra empresa, então criada e sai de modo airoso da situação.
Neste país em vez de se cumprir a lei passa-se a vida a tentar descubrir fugas para tentar contornar essa lei.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Na minha opinião, e se um dia as coisas correrem mesmo mal, de uma coisa eu tenho a certeza zelarei sempre pelo bem estar dos meus funcionários, quanto ao estado, Esse sim é o grande ladrão que nos esfola até ao tutano, e como diz o JL, basta fazer contas, é que ao encerrar uma unidade fabril, e outra e outra, estamos directamente a fazer aquilo que a UE quer, Portugal não tem qualquer valor para a UE, a crise do textil não tém só a ver com a gestão nacional, se sabem, mas sim com um conjunto de regras ditadas pelos poderosos da UE, a Alemanha, França, etc, estão pouco interessados no textil, Têm marcas famosas, Adidas, Cardin, etc, que já eram fabricadas em paises terceiros vai muito tempo, agora é só escolher, Portugal com cerca de 370,00€ de salário minimo, ou a China com 25,00€, depois vem o negócio, deixar entrar trapos e vender na Ásia AirBus, Centrais electricas " SIEMENS", Maquinaria pesada, se fizerem contas quem ganha é a EU, isto é alguem dentro da EU, os palermas aqui, simplesmente não contam.
A posição do politicamente correcto que Portugal tém adoptado não nos serve.
A politica de contenção do déficite é uma medida de curto prazo, a UE necessita urgentemente de medidas a longo prazo, a UE, deve caminhar por si, deixar de ser tapete dos EUA, enquanto tal não mudar na mentalidade dos politicos, Europeus, grande parte formada em Georgetown, etc, e que depois de fazer o favor ao chefe BUSH, volta para lá
para lecionar, este velho continente não vai a lado nenhum.
Esta sempre foi a politica dos "amigos americanos", para com os "pretos", está na hora de abrir os olhos.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger JL disse:

Reconheço que não fui muito feliz ao escrever este artigo. Quis, por uma questão de economia de palavras, deixar algumas das questões que levantam sub-entendidas. Se já não leêm a totalidade dos artigos quando são curtos pensei que nos longos então não lessem nada. (É humor)
Mas também eu sou a favor que se penalizem os empresários faltosos. Por isso digo: "Talvez fosse, então, melhor negócio, no curto e no médio prazo, perdoar a dívida da empresa de forma a garantir que estes 87 trabalhadores continuem a descontar e a contribuir para a Segurança Social.
É que, provavelmente, sairá mais caro às finanças, já de si depauperadas, da S.S. subsidiar o desemprego do que perdoar essa dívida. Com regras, bem entendido."

As dívidas seriam perdoadas à empresa que estaria apta a recomeçar uma nova vida nas mãos, quem sabe, de algum dos seus colaboradores. Hoje, nem de propósito, foi notícia na TV um caso desses.
Claro que como diz o meu amigo TSFM não são as 87 pessoas que salvam ou arruinam as contas da Segurança Social. Mas podem contribuir com a sua quota parte.
E ainda bem que não estamos sempre de acordo. Seria um aborrecimento.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Blogger Zel disse:

Eu sei que o meu amigo fala pelo lado racional, e também com o coração olhando paro o lado social das pessoas que estão sujeitas a ficarem sem emprego e tornarem-se num peso para o estado.

Acredita meu amigo que já escrevi e apaguei, estou muito revoltado, pois quem mais foge parece que é quem mais ganha......e não digo o que me vai no coração nem na "alma"..vou ficar por aqui.

quarta-feira, 18 janeiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Benhe ...eu aprendo mto por estas bandas lol é com os artigos e com os comentários...fico á espera do artigo sobre o IKEA, tou pra ir lá e gostva de saber né lol beijocas

quinta-feira, 19 janeiro, 2006  
Blogger Cerejinha disse:

Não foi esta que foi adquirida por uma ex-empregada pelo valor simbólico de €1,00?
Se não, as minhas desculpas...as situações semelhantes são tantas que me baralham!

sexta-feira, 20 janeiro, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Best regards from NY! » » »

quinta-feira, 15 fevereiro, 2007  

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