terça-feira, 16 de maio de 2006

A dama de ferro

Haja bom senso. Haja rigor. Haja determinação. Haja ponderação. Assim, de repente, são alguns dos adjectivos que faltam em muitos dos nossos políticos e, não faltando, dariam outra credibilidade e uma maior e melhor aprovação pelos portugueses, às medidas que aqueles tomam.
Manuela Ferreira Leite, uma espécie de dama de ferro à portuguesa, veio a público defender algumas das medidas que este governo tem tomado. Elegeu o fecho de algumas maternidades do país como uma medida acertada e criticou aqueles que na oposição, de forma sentimentalista, se têm insurgido de uma forma demagógica, pouco esclarecedora e nada construtiva contra esta medida. E usou, sem papas na língua, os argumentos que Correia de Campos, o titular da pasta, ainda não usou, porque provavelmente não sabe usar.
Não foi politicamente correcta. Mas, pergunto, é isso que queremos dos nossos políticos? Também eu, como Manuela, tenho ficado triste com a posição do líder da oposição nesta matéria.
Admito que nem todas as maternidades que o governo quer encerrar devam ser encerradas. Cada caso é um caso. Mas, pergunto, admite-se que algumas dessas maternidades estejam abertas, com 3 ou 4 médicos e respectiva equipa de enfermagem e pessoal de apoio, para fazerem em média um parto por dia? Quando a pouca distância as mães e crias encontram melhores condições físicas e melhor apoio técnico e tecnológico?
Diz Ferreira Leite, que algumas dessas maternidades são um autêntico atentado à integridade das mães e dos bebés. Pelas parcas condições que têm.
Acrescento eu que, hoje, com o desenvolvimento das novas tecnologias, é possível determinar, quase à hora, o nascimento de um novo ser humano. Hoje todos os partos são programados. O médico que acompanha a parturiente desde o início faz uma programação adequada garantindo todas as necessárias condições para que tudo corra bem.
Exceptuam-se, aqui, as emergências. Não são muitas, mas acontecem. No entanto, actualmente, muitos dos centros de saúde locais já dispõem de condições técnicas e humanas mínimas para acudir a uma situação destas.
Sei que não estou a ser politicamente correcto. Julgo, contudo, que há muito onde criticar este governo. Nesta questão só critico o facto do ministro não explicar convenientemente a medida e a cegueira que o impede de, como manda o bom senso, analisar caso a caso. E não nos iludamos: as maternidades não são, de forma alguma, o garante do desenvolvimento do interior do país. Esse passa, inevitavelmente, por outras questões que não esta.

25 Comentário(s):

Anonymous Anónimo disse:

E como sempre
...o meu bravo.

que haja ao menos alguma
saúde para sobreviver
a tudo isto.

Abraço querido
João

terça-feira, 16 maio, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

mais vale uma dama-de-ferro que muitos caras-de-pau.

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger Unknown disse:

Concordo com a medida, só não concordo com a desculpa que o ministro (e tu) dá para proceder ao fecho de algumas maternidades. Não é por falta de técnicos, tecnologia, ou condições de higiene, porque como sabes a taxa de mortalidade e morbilidade nas maternidades a abater é zero, é para poupar dinheiro porque pode-se ter o mesmo serviço a poucos km’s.
Portanto só há uma solução, assumir a medida como economicista e pronto.
Eu, para poupar algum dinheiro, até propunha a obrigatoriedade do aborto até aos 55 anos para políticos incompetentes ou reformados antes dos 65 anos.

Um abraço

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger Era uma vez um Girassol disse:

Meu querido amigo, pois eu ainda bem que já não posso ter mais filhos e vivo no litoral...
Se estivesse na situação dessas mulheres...Safa!!!!!!
O problema é que à conta de se poupar onde não se deve (saúde), nos estamos a demitir das nossas funções e a entregá-las a outros, "nuestros hermanos e companhia"....Não me admira que um dia destes acorde a falar castelhano...Hay olé!!!!!
Bjinho

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

bonita foto, filósofo de mangualde.
agora a sério, gostei do teu blog.

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Estou absolutamente de acordo.E nem venham com "tretas" de que passamos a ser menos portugueses, pq os meninos vão nascer eventualmente a Espanha.Nascem lá, registam-se cá, que não faz diferença nenhuma. Sejamos práticos!Afinal não temos nós tantos "portugueses" do Brasil, de Africa, que só o passaram a ser depois de aldultos?
Então deixem lá as crianças nascer onde for mais seguro!há coisas bem mais graves que deviam ser contestadas!
Um beijo GRANDE para ti

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger Carla disse:

Foste eleito no reflexo da minha fantasia Golden Black, publikei o teu comentário com o respectivo link, espero que não te importes.
Bjx

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger Neoarqueo disse:

Mas afinal a causa do fecho das maternidades é devida a falta de mão de obra e material tecnológico? Eu, na minha análise simplista julgava que era mesmo para poupar uns trocaditos...
Mas, se o Ministro diz que não é isto e se Manuela F Leite diz o que tu dizes que diz, também não fico surpreendido: afinal os políticos em Portugal ainda não mudaram, continuam fiéis a si próprios: mentirosos, todos...

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger Bel disse:

A questão do fecho das maternidades deve ser ponderado com algum senso e principalmente muito equilibrio. É mais que obvio que não se pode ter uma maternidade ao pé da porta também é bem verdade que mais de meia hora de viagem torna as partunientes mais vulneraveis a um parto na ambulância. Hoje me dia muitos partos são programados, sim. Mas não a maioria. E mesmo que seja apenas uma criança a correr risco temos que o ter em consideração.
Tambem não podemos esqueçer que o fecho destas maternidades pode alias so vai favorecer o privado. Claro que como deves imaginar não acho que maternidades sem condições ou sem pessoal médico suficiente e responsável devam estar abertas agora é importantissimo percebermos qual o motivo que leva ao seu fecho. Pergunto me porque não em alguns caso e repito alguns casos não investir na sua melhoria? Não achas que seria uma soluçao mais sensata e de futuro?
Não concordo que haja criança sa nascer em Espanha porque amaternidade é a mais perto. Esse nao e o caminho. O caminho como em tudo está num equilibrio. Na minha humilde opinião que as vezes mais parece de pedreiro (piadocha fraca) penso que deviam fechar as que não reunem quaisquer condiçoes e melhorar as outras tendo em conta a proximidade das maternidades, isto é se não houver uma materniadde a um tempo aceitavel que s emelhore porque o investimento efectuado memso que seja apenas por um bebe valerá a pena.
boa semana

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger antonio disse:

É evidente que o bom senso obrigaria a um estudo caso a caso e uma melhor racionalzação de recursos, tendo em conta as assimetrias cada vez mais acentuadas entre o interior e o litoral.
Vai provavelmente acontecer que as ambulâncias passem a substituir as maternidades, devido à distância que passará a haver entre algumas localidades e as maternidades mais próximas!
Não se estará a preparar o caminho para a privatização da saúde?

quarta-feira, 17 maio, 2006  
Blogger Eduardo Leal disse:

Meu Amigo,

Não me parece que estajas a ser políticamente pouco correcto.
Bem pelo contrário.
Assumir que outro partido toma medidas interessantes é prova de maturidade.
Eu, pessoalmente, acredito mesmo que não é apenas por razões económicas que o governo vai fechar maternidades.
Também Há razões de saúde pública e de bom senso.

E não acho mesmo que os políticos sejam todos mentirosos... mesmo quando não nos apetece pensar nos assuntos de forma desapaixonada.

Um Abraço,

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger Al Cardoso disse:

Caro Joao:
O que me preocupa, nao sao as maternidades em si, (ate parece que a da Guarda vai ficar) sao todo o conjunto de medidas que afectam unicamente o interior: Escolas, Maternidades, Emergencias 24 horas, Tribunais, e ate extincao de freguesias e concelhos. Sem se ver nenhuma medida, que possa dar alguma esperanca para o interior esquecido e cada vez mais desertificado.

Um abraco amigo.

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger Al Cardoso disse:

Desculpa Joao, mas ainda volto ao tema; Porque nao equipar cada Sap com uma ambulancia preparada para todos os casos de contingencia e emergencia, antes de encerrar as maternidades?
Porque gasta-se dinheiro nao e?
Venham me entao dizer que nao e, economissismo puro.
Alem disso existe um grande lobi dos medicos por detras de tudo isto, primeiro eles preferem ficar nas grandes cidades e, a seguir nao havendo servicos publicos perto sempre se pode recorrer ao privado, havendo dinheiro para paga-lo. Aqui como em todas as areas, e sempre o mais pequeno o sacrificado, esperava-se um pouco mais de um governo que se diz "Socialista".

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Caro João,

Gostaria de acrescentar àqueles a falta de transparência e de honestidade intelectual.
De facto, os nossos políticos continuam, não raras vezes, a olvidar a existência do (nosso) direito à informação, ao esclarecimento e ao conhecimento das verdadeiras razões subjacentes à opção por esta ou por aquela outra medida política.
Furtando-nos, assim, das necessárias condições para debater e ajuizar da bondade ou não das medidas que aprovam e que nos afectam.

É o meu caso no assunto que decidiu dar à estampa. Confesso que não tenho opinião formada, atendendo às muitas vozes que defendem o contrário, e tenho muitas dúvidas acerca da veracidade das razões, “técnicas e de segurança”, invocadas pelo governo.

Há, porém, uma coisa que todos sabemos: a medida não agrada às populações afectadas. Nesse sentimento estou, por duas ordens de razão, solidária com elas.

Primeiro, porque entendo que o governo devia, antes ou em simultâneo com o anúncio da medida, ter preparado os profissionais, o poder local e as próprias populações, apresentando-lhes e demonstrando-lhes as razões que validavam a adopção da medida. Penso que não o terá feito, a olhar pela forma como aquelas se tem manifestado.

Segundo, porque a par daquela medida de centralização de serviços não vejo serem aprovadas igualmente medidas de descentralização de serviços que, por razões tão válidas quanto as invocadas, faziam todo o sentido destinarem-se ao interior.

Governar democraticamente implica também, defendo eu, chegar aos mais distantes, aos mais desertificados compensando-os e criando-lhes condições para reduzir as assimetrias. Mérito que o governo não soube granjear. Daí que estejamos todos, os que vivemos em pequenas cidades, cansados de ser invariavelmente os mais penalizados pelas opções legislativas e politicas.

(uma primavera agradecida p/ compreensão)

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger Alex disse:

Até parece que a saúde é para dar dinheiro!...
Se continuarem a subtrair serviços públicos a este ritmo para obter ganhos de escala qualquer dia temos todos de ir viver para uma grande cidade. O Estado pode demitir-se de todas as responsabilidades e obrigar-nos a ter bons seguros de saúde.
Afinal os impostos que pagamos servem para quê?
Tal como Correia de Campos (e seus correligionários) estão a meter o socialismo na gaveta a Manuela Ferreira Leite já o tinha feito antes com a social democracia. Por isso não me espanta essa posição da dama de ferro.
Esses senhores(as), como vivem bem, até vão parir os seus filhos a maternidades privadas da capital e estão bem a lixar-se para nós.
Abram a pestana amigos... Continuem a comer e a ficar calados.
Um abraço

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

Só posso aplaudir esta sua reflexão, porque também me parece que se anda a justificar decisões absurdas com argumentos contraditoriamente idiotas!
Um abraço amigo e obrigada pela visita!
Dani

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger BlueShell disse:

Gostei de te ler....

DEIXO BEIJOS TERNURENTOS
BShell
0oº0oº0oº0oº0oº0oº0oº0oº0oº0oº0oº

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger segurademim disse:

... estou de acordo contigo a 100%

valha-nos Nossa Senhora

beijo

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger Zel disse:

E o tempo passa, maternidades, petróleo, ambiente, incêndios, Sub 21 e campeonato do Mundo.


Desemprego e mais desemprego


Dah!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 20 maio, 2006  
Blogger Dulce Gabriel disse:

Subscrevo por inteiro as palavras da Ferreira Leite.Moro numa região em que o ministro da saúde não teve a coragem politica de dizer qual das 3 maternidades fica ou fecha.Correia de Campos deixou a decisão para os técnicos,mas a decisão é politica e só ainda não foi tomada porque o 1ºministro é desta região.
Sou a favor da reestruturação da rede de blocos de partos e na saúde como no resto não podemos continuar a olhar apenas para o nosso umbigo.

sábado, 20 maio, 2006  
Blogger Alex disse:

É bom ter-te de volta, e agora já te vou deixar as minhas impressões digitais ;)

Um beijo

terça-feira, 23 maio, 2006  
Blogger Alex disse:

Há uma série de medidas a implementar mas começar pelas maternidades foi um erro.

terça-feira, 23 maio, 2006  
Anonymous Anónimo disse:

best regards, nice info » »

quinta-feira, 01 fevereiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

best regards, nice info Comparison cialis levitra viagra

sábado, 03 março, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

That's a great story. Waiting for more. internet bingo bingo free site top Pink dildo fishnet Search engine ppc

domingo, 04 março, 2007  

Enviar um comentário

<< Home