Mundo cão?
A propósito de um comentário do Nuno Figueiredo aqui e porque este assunto já me andava a corroer por dentro à espera de uma boa oportunidade, hoje decidi-me a fazê-lo ao sentir que o gatilho foi premido.
É de facto estranha a nossa sociedade. Chega, até, a ser carrasca na sua forma de pensar e de actuar. E não me excluo. Sou dela uma parte. Ínfima. Mas sou.
Tendemos, com alguma facilidade, a achar ultrapassados os profissionais que completaram já 50 anos de vida. E o próprio sistema concede aos de 65 anos, umas vezes mais cedo, outras mais tarde, a possibilidade da reforma.
Mais: aos 70 anos se ainda não se está reformado nos serviços públicos, a reforma acontece compulsivamente.
Por outro lado, a mesma sociedade, não concebe a ideia de ter um Presidente da República com, menos de 35 anos. Por o considerar imaturo ou pouco responsável, talvez. Ou, talvez, por nenhuma destas razões.
A nossa Constituição consagra nela essa idade a partir da qual se está apto para exercer tal magistratura. Antes não.
Mas, curiosamente também, não se fomentam candidaturas com personagens nessa idade. Não. E creio que se aparecessem seriam, porventura, cilindradas.
É, contudo, interessante o putativo paradoxo que existe na forma de pensar e agir da nossa mente colectiva. Hoje, é quase aceite e generalizado no mercado de trabalho que um indivíduo com 35 anos está a ficar fora de moda e de prazo. As portas que se abrem para quem quer mudar de vida nessa idade são muito poucas. Mas é a partir desta idade que o mesmo cidadão é considerado apto para o cargo de Presidente da República.
Todavia, apesar da aptidão constitucional, como ainda é muito jovem estimulam-se as candidaturas daqueles que o mercado de trabalho considera já definitivamente ultrapassados e, por isso, bons para reformar.
E não deixa de ser estranho que, enquanto a nossa classe política - procurando o eterno elixir da juventude ou umas boas pilhas cujo efeito dure e dure para garantir a permanência no poder - aposta no passado, nos grandes grupos económicos, aqueles que são o verdadeiro motor do país, prepara-se o caminho da sucessão.
A lei da vida lá vai, entretanto, funcionando com uns e com outros. Para estes e para aqueles. De repente fica a ideia que a faixa etária entre os 35 e os 65 está completamente anacrónica. São válidos antes disso, pelo seu dinamismo e energia. Depois disso para garantir a existência de candidaturas presidenciais ou a subsistência do mercado farmacêutico.
34 Comentário(s):
Pois é, João. A incoerência do ser humano chega a esse ponto...
Bom fim de semana e não esquecer o dever civico
JL, concordo plenamente contigo. Essa restrição devia ser anulada.
Quanto ao outro que o Nuno Fala, acho que ainda não se reformou - está apenas ibernado. Está a fazer oh oh zzz zzzzz zzzzzz.
Foi um grande sacana (vingativo). Bem lhe podiam por uns patins depois das eleições.
Como compreenderá não poderei comentar hoje porque estou em reflexão!
este blog é um lixo! pura diarréia mental! pára de ficar vomitando esterco na net!
é por isso que ando tão descolorida: estou na faixa anacrónica digamos sem cor, sem força, sem imaginação, sem dinamica, sem energia, sem nova, sem velha, sem nada saber, sem nada pra aprender, sem rotina, sem interesse, sem vontade, sem desejo, sem idade, semcantigas!
(muito pertinente, muito delicado, muito seguro é o teu texto!)
é isso, já sei como resolver os meus problemas existênciais: tou em boa idade pra me candidatar a presidente, tu não! dás-me o teu voto?
:-))
Concordo com o limite mínimo para a candidatura a Presidente, justamente porque as decisoões que o Presidente tem que tomar, rodeado de múltiplos conselheiros, é certo,em última análise é sempre ddele. Na realidade, o Homem até uma certa idade é muito impulsivo, e para este tipo de funções é necessario ponderação, maturaidade, etc. Não quer isto dizer que aos 36 o mesmo Homem já está apto, tem é que se estabelecer um marco. Também acho é que havia de haver um limite máximo. Quanto à vida económica, de trabalho e a relação desta com as idades, mon ami é o Cpaitalismo a falar mais alto, a competição.
opsssssssss dei-me conta que estou anacrónica .buaaaaaaaa
jocas maradas:))))))))))))
O lugar de Presidente da República não deve ser exercido por jovens.
Acredito ser esse o espírito da lei.
Faz sentido se aceitarmos que o exercício da Presidência é absolutamente diverso do lugar de primeiro ministro.
Ao segundo compete-lhe governar (e para isso bem precisa de juventude e frescura), ao primeiro compete-lhe arbitrar, sem necessariamente ter de andar a correr atrás da bola.
Esta limitação imposta pela lei deve-nos fazer reflectir sobre a importância da sabedoria versus conhecimento.
A sabedoria não se aprende, constroi-se!
E agora entrei em período de reflexão...
Isto de haver restrições tem algum sentido, é pena não haver também um limite máximo...De facto tenho de concordar com o tsfm porque realmente as decisões do PR têm de ser ponderadas e um pouco de maturidade não faz mal a ninguém, porém, não está provado que haja maturidade aos 20, 30, ou 40, se calhar o factor idade não é o critério mais acertado, pensem nisso...
Como entendo que existe campanha subjacente a este post. Segue informação á CNE.Ah!Ah!
Nada de voto em branco.
Não poderia estar mais de acordo.
Gostei de conhecer o seu blog.
Um simples iogurte, quando passa o prazo de validade, não tem lá dentro um botão que se liga e faz com que ele azede. Nós, humanos, também não temos nenhum botão que aos 35 anos se liga e nos mostra aptos a PR.
Nas sociedades primitivas é que os anciãos eram os elementos mais importantes. Nos tempos modernos não pode ser assim. Neurónios são neurónios. Devem é estar bem ligados e arrumados.
Bem questionado JL.
E as mulheres, esses vulcões da sabedoria e ponderação?
Continua-mos sem candidatas válidas.
Esta sociedade!...
Que granda post! Goostei de ler e concordo :-)
BEijinhos
tou a reflectir... mas vou ali e já venho...
Esta é uma triste mentalidade presente, em que se atribui erradamente aos seres humanos prazos de validade, como se fossem e porque não iogurtes. Beijinhos.
Como acho que já referi, em questões de política , sou absurdamente leiga, mas li com atenção o que escreveste, e não é preciso perceber mt desse bicho, que tens toda a razão!
Este é um bom sítio para me ir actualizande sem me chatear muito.
Fica um abraço
Então ó JL, confessa lá, sempre votaste em Branco? Não? Então em quem, votaste?
Eu acredito que o Meu Amigo JL cumpriu o que prometeu.
Mas também acho que, no fundo, no fundo, está todo contente!
Eu não!
Votei!
Votei Alegre!
E estou triste. Muito Triste!
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Desculpa as ausências, mas como sabes fui tia pela primeira vez e ando a curtir o sobrinho :)
Boa semana
Beijos da Lina
Grande post João, quem trabalha na privada, dá sem dúvida conta de todas essas verdades. Se o fantasma do desemprego chega é complicado.
Agora durante 5 anos nem para Presidentes podemos concorrer.
Compra lá a bike, aparece,aceitam -se transferências a custo zero............rsssssssssssss
Votei!
Espero que JL não tenha votado em branco. Pela ultima consulta os brancos(58868 1,06%)tinham mais votos que o Garcia Pereira.
Votei Jerónimo e verifico que manteve o eleitorado do partido que o apoiava.
Votar Alegre era um opção forte. Pelo facto de ser um movimento civico que serve por exemplo para combater o voto em branco.
Com estes resultados em que o SR presidente ganhou eleitores ao centro esquerda, mesmo numa 2ª. volta ganharia Cavaco Silva.
Eduardo Leal não tem que estar triste.Fez parte de um movimento unico na nossa jovem democracia e por isso só tem que sentir orgulhoso.
Nãotenho nada a esconder porque chegaram os anos em que antes de falar em público se olhava para o lado... e a democracia possível também é isso; a afirmação sem receio do que faze,os. Votei Alegre porque não me sinto "alinhado" com qualquer aparelho partidário. Já todos deram provas do que são capazes.
E daqui vai um "pulo" para o teu post. Ontem mesmo, depois de votar, estive a falar sobre um assunto premente da sociedade portuguesa: as quotas etárias. No mundo do trabalho e na interveção política; afinal em que ficamos?! Pode-se conduzir a partir dos dezóito anos, trabalhar, constituir família e... votar. Para se candidatar à PR, não. Então, modifique-se a lei; que o cidadão só vote a partir dos 35. E se dê ainda mais margem de manobra a quem não quer por nada deste mundo abandonar a intervenção política. Que a média de idade na AR ande na casa dos oitenta. Que o PM tenha noventa anos. E que o próximo PR não tenha menos de cem...
bem penso que apesar de o artigo ser bom, confundiram-se aqui duas coisas: o limite para determinadas coisas não tem de ter subjacente o mesmo principio que o limite para outras; e a segunda é que o ser humano é um ser de evolução, nunca esta acabado nem quando morre.
Assim, o limite legal para votar, para quem não se lembra já foi aos 21 anos e se calhar daqui a alguns anos em vez de ser aos dezoito será aos 16.Porquê a evolução? Porque o ser humano ao longo das gerações vai evoluindo, compreendendo o mundo à sua volta de maneira diferente, vai-se actualizando, vai crescendo, vai usando as invenções para transmitir para a geração seguinte um maior número de conhecimentos. Daí que a geração seguinte será, em principio, mais evoluida, mais madura, mais interessada. Numa palavra será melhor (em principio). Por isso, por se entender que as gerações anteriores haviam transmitido conhecimentos que permitiram as seguintes evoluir, mudou-se a idade legal de votar para 18 anos, tal como tirar a carta.
Relembro que muitos quando chegam aos 18 estão numa nova fase da vida, vão trabalhar ou tirar um curso médio ou superior. Têm de escolher, têm essa maturidade, sabem até certo ponto o que querem ou não querem.
Mas, essa maturidade não será ainda suficiente para ser PR. Porquê? porque para ser PR é necessário uma outra qualidade além da maturidade: um nível de conhecimento politico e social que aos 18 não se tem de certeza. Claro que há pessoas e pessoas e umas serão mais crescidas, com mais conhecimentos e maturas do que outras. MAs a lei é geral e abstracta e por isso, igual para todos. Além de que tinha de haver um limite minimo, mas não tem de haver um limite máximo, isso será afirmar que os mais velhos são inuteis a partir de certa idade e eu recuso acreditar nisso (e não tem nada a ver com as eleições). Aos que disseram essa ideia do limite máximo sempre quero ver quando chegarem a uma certa idade e se sentirem de lado, se vão gostar.
Outra coisa diferente é a idade para trabalhar e aí cada vez mais cedo se é velho para determinadas coisas ou se calhar para todas. O problema se calhar reside na maneira como vemos as pessoas: mesmo que tenham a mesma idade, se uma aparenta ser mais velha sê-lo-á para determindas profissões, mas terá a idade aparente certa para outras e vice-versa. O mundo cão em que vivemos, destrói-nos através das rodas dentadas em que funciona, mas a culpa tem um nome: nós, que fazemos essas discriminação negativa até com os nossos amigos, vizinhos, conhecidos, etc.
Nalgumas profissões se é novo não presta, mesmo que saiba mais do que outros mais velhos e tenha mais capacidades, mas o inverso também se passa.
Estamos numa boa altura para começar a equilibrar os pratos da balança, pois se temos cada vez mais desempregados licenciados, também temos cada vez mais desempregados na faixa etária anacrónica.
... parece-me que os homens andam à nora e não sabem tomar conta do país! vou arrancar com um movimento cívico de mulheres dos trinta ao poder já!!! aceitas ser meu consultor????
Boa semana :)
Gostei muito do comentario. Concordo em muito com a tua maneira de pensar.
Votos de um bom trabalho.
Beijo JL
...por acaso não sabia que para ser Presidente da República tinha-se que ter pelo menos 35 anos...realmente!!!...está como o outro dizia "não há condições"...rs...
Jinhosss e boa semana.
Atão mas afinal...nã botaste em branco pois não amigo?
Ehehehehe
BeijOcas Grandes!
... é evidente que o meu comment peca pela "leveza" com que foi construido. Naturalmente que um candidato a presidente com dezoito anos não teria a maturidade de um cidadão (ou cidadã) de trinta ou mais anos . Apenas pretendi, caricaturalmente, dar a entender que se a preparação para um cargo desta natureza passa pelos conhecimentos (nesses até nem é exigível uma licenciatura na área do social ou de política o que não deixa de ser estranhíssimo) e pela maturidade ou experiência de vida dos candidatos, porque motivo um jovem de trinta anos está habilitado a leccionar superiormente ou a exercer direito na qualidade de juiz?
Se a idade mínima tem um determinado patamar, porque motivo a idade limite também o não tem? É que não colhe "apenas" o argumento da maturidade. Então o anquilosar natural do corpo e da mente não conta? Ou a senilidade não existe na classe política? Devo frisar que não estou a esgrimir argumentos contra um ou dois candidatos que participaram nesta eleição. Estou a opinar, que a classe política portuguesa não se renova. E que não é bom sinal para a jovem?! democracia portuguesa que dois dos candidatos estejam perto dos setenta e outro ultrapassa os oitenta.
Tens razão, JL quando afirmas que "se aparecessem candidaturas dentro da idade mínima, seriam de imediato celindradas...". Os aparelhos partidários comandam o processo... e mesmo Alegre, também usufruiu das benesses do aparelho do PS; mas nunca é tarde para clarificar posições... apesar de também já estar com quase setenta anos... que é uma idade recomendavel para gozar uma boa reforma...
...cilindradas...
Sabes JL é que votar em branco era apanágio do Greensky e eu apoiava-o, ao passo que tu pelavas-te todo com isso. Das duas uma, ou na altura não sabias pura e simplesmente de que falavas, ou então agora não sabes pura e simplesmente o que fazes. Conat-me lá, só a mim. Eu não dogo nada ao Grennsky.
Paradoxal caro JL. São os paradoxos da vida. Também por um lado nos mandam respeitar a "terceira idade" por outro chamamos-lhes "senis"...
De vez em quando venho até ao Observatório e leio-te atentamente. Boa prosa e análises criteriosas com pontos de vista em que muitas vees concordo... nem sempre comento e peço-te desculpa... vou passar a debruçar-me mais sobre o OBservatório, porque com verdade te digo... vale a pena...
Abraço transatlântico até à Beira amada e saudosamente fria (este calor derrete-me...)
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