domingo, 18 de março de 2007

Allgarve??

As marcas ocupam um espaço cada vez mais importante na nossa memória de consumidores. Uma marca pode encerrar em si um poder tal que qualquer objecto que a simbolize pode tornar-se rapidamente uma história de sucesso… ou de fracasso!
Veja-se, a título de exemplo e no caso do sucesso, o uso das marcas de tabaco conceituadas no mercado do pronto a vestir: Camel e Marlboro.
Também nós, por cá, temos marcas que se tornaram símbolos, ícones, paradigmas de sucesso, de qualidade, de sedução: Sonae nos aglomerados, Amorim na cortiça, Brisa nas auto-estradas e Pestana no Turismo são apenas alguns de muitos outros exemplos de marcas portuguesas que atingiram grande notoriedade lá fora.
Vem isto a propósito da nova campanha de promoção turística da marca Allgarve. Não, não é um erro. É mesmo assim.
Os criativos apresentaram e o ministro da economia, talvez por ser diferente do que foi feito pelos seus antecessores, comprou de imediato a ideia. Será porque em política é sempre bom tentar apagar tudo o que foi feito para trás, pelo simples facto de que não fomos nós a fazê-lo?
O turismo tem sido, através das suas diversas regiões, um bom exemplo dessa inadequada atitude dos políticos. Uma marca demora anos a encontrar espaço na memória do consumidor. Não é possível fazê-lo quando em cada três anos que passam e se muda tudo: matam-se as marcas anteriores e criam-se outras, completamente novas. E o dinheiro que isso custa.
Hoje, os nossos operadores turísticos, não vendem camas de hotel, como acontecia no passado. Vendem uma região e com ela as estadas.
Experimentem perguntar a um inglês onde fica Quarteira, Vila Moura, Faro ou Olhão. O mais provável é que ele diga que não sabe. Mas se lhe perguntarem onde fica o Algarve não tenho dúvidas que a resposta surge na ponta da língua: Sul de Portugal. É o poder da marca Algarve já devidamente enraizada no espaço encefálico reservado às grandes marcas.
Então, se assim é, não será uma tentativa suicidária alterar o nome da marca, ainda que essa alteração pareça ténue?
Percebo, à primeira vista, que esta será uma tentativa de “brincar” com o All inglês para dizer que no Algarve todos cabem. Mas é uma brincadeira que nos pode sair cara.
Não esqueçamos que o turismo é a chamada indústria do futuro e nós ainda estamos a anos luz dos que os nossos vizinhos aqui ao lado têm feito neste sector. O Algarve tem sido uma honrosa excepção. Que esta estratégia não deite tudo a perder.

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13 Comentário(s):

Blogger Sofia disse:

Olá, João! :)
Desculpa deixar neste post um comentário relativo ao anterior, mas quero ter a certeza de que vais lê-lo e responder.
Diz-me, por favor, os nomes das crianças da foto do post anterior, da esquerda para a direita e de cima para baixo. :)
Bjs

domingo, 18 março, 2007  
Blogger CMatos disse:

Alerta geral.
Passem por
http://cmatos.blogspot.com/2007/03/carteiristas-solta.html

segunda-feira, 19 março, 2007  
Blogger Maria Cota disse:

Olá amigo!
Também foi com a mesma perplexidade que reagi a esta inesperada mudança. Allgarve?? What the hell is this anyway?:)
É certo que há criatividade e brilhantismo no jogo de palavras, mas acaba por ser, ao mesmo tempo (e não querendo cair em qualquer espécie de sentimento nacionalista), uma descaracterização, uma cedência ao poderio da língua inglesa, com todas as óbvias implicações que isso acarreta.
Pelos vistos, a língua de Pessoa e de Camões já não é suficientemente interessante, nem vendável.
O outro dizia que "it's the economy". Hoje em dia "it's the marketing" e, pelos vistos, o Algarve já não funcionava.
Uma questão de estilo que redunda em puro preciosismo e que nos retira identidade.

Beijinhos e um xi
Ana

segunda-feira, 19 março, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Em minha opinião o Algarve tem condições para se manter atractivo, sem grandes invenções.
Deveriam lembrar-se é que Portugal não é só Algarve, Porto e Lisboa.
Deveriam lembrar-se que Portugal não é só praia.
Deveriam gastar energias e ter invenções, para dar a conhecer um Portugal mais harmonioso, um Portugal de solicitações para quem gosta de mar, para quem gosta de campo e para quem gosta de serra.
Estas atitudes fazem com que os estrangeiros vejam o Algarve como sul de Espanha e não sul de Portugal.
O País no seu todo não pode valorizar excessivamente uma região, pois, corre o risco de que a vejam dissociada e fora da realidade do país a que pertence.

terça-feira, 20 março, 2007  
Blogger Vica disse:

Eu pessoalmente detesto anglicismos... mas é a tal "globalização"... Amigo, responde minha enquete no blog? Beijos.

terça-feira, 20 março, 2007  
Blogger Al Cardoso disse:

O senhor Pinho nao da uma para a caixa!

Por ca continua-mos a ser "ALGODRES", so com um "L" em bom portugues!
(digo eu)

Um abraco de amizade do Al d'Algodres.

quarta-feira, 21 março, 2007  
Blogger Eduardo Leal disse:

Olá João,

Nem sei se concordo ou discor.

Na promoção de uma marca o que importa é saber quais os objectivos da alteração.

Por ser subtil, provavelmente não compromete.

Assim a frio, não me parece mal...

Se a promoção é para ingleses... all é sempre all.

Nós por cá, não precisamos de nos esquecer do sentido de algarve.

quarta-feira, 21 março, 2007  
Blogger Neoarqueo disse:

De qualquer das formas, eu não gosto do Algarve...

quarta-feira, 21 março, 2007  
Blogger Maria P. disse:

Eu até percebo a ideia. Mas concordar,não.

Bjos*

quarta-feira, 21 março, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

ManguALLde?

quarta-feira, 21 março, 2007  
Blogger Vica disse:

Obrigada pela dica. Tens outras? Beijos.

quinta-feira, 22 março, 2007  
Blogger RPM disse:

All the best to Algarve!

RPM

quinta-feira, 22 março, 2007  
Blogger CMatos disse:

Demos as boas vindas à ALLPrimavera que já chegou a PortugALL

sexta-feira, 23 março, 2007  

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