quarta-feira, 18 de abril de 2007

Os desertos que criamos

Foram hoje divulgados números que confirmam a desertificação, avassaladora, que afecta os pequenos e médios aglomerados. Metade da população mundial vive, actualmente, nas grandes urbes.
O problema, como se vê, não é só nosso e é transversal a todo o planeta. Confirmamos, assim, a nossa condição ancestral de nómadas; nos primórdios de sítio em sítio à procura de alimento, e agora de cidade em cidade à procura de trabalho e de melhores condições económicas. Não digo, propositadamente, de melhores condições de vida. Sabemos que o último local para viver com qualidade é um grande centro urbano, onde nos arriscamos a passar uma parte considerável da nossa vida dentro do automóvel, entalados numa qualquer fila interminável de trânsito.
Portanto a culpa é nossa porque fugimos dos pequenos meios para os grandes. E não o fazemos por outra qualquer razão que não aquela apontada atrás. E é legítimo.
Jorge Gaspar, geógrafo, e especialista na matéria aponta alguns caminhos para inverter a situação. O principal passa pela maior descentralização do poder central e maior dotação financeira às autarquias, com mais transferências de competências e verbas. Concordo que as autarquias, por princípio, racionalizam melhor os meios de que dispõem e usam-nos mais eficazmente. Até por razões de proximidade.
Não creio, contudo, que a solução para a desertificação esteja só nas mãos das autarquias. A Europa é exemplo disso onde as autarquias, apesar de maiores meios, não conseguiram travar a desertificação. Ainda assim, estou convicto que têm uma importante tarefa: a da captação de investimentos que possam contribuir para a fixação de pessoas.
Para João Ferro, Secretário de Estado das Cidades, este é um problema que, nas suas palavras, nunca mais terá solução e teremos que aprender a coabitar com ele.
Também não me convence. Primeiro porque há duas palavras que devemos evitar, sempre e nunca. Por motivos óbvios. Segundo, porque sabemos que a história tem ciclos. Ora, assumindo como verdade que o planeta está a aquecer e que o nível das águas do mar fará desaparecer, dentro de 50 a 100 anos, muitas cidades do litoral, perceberemos com facilidade que os fluxos migratórios podem inverter-se nas próximas gerações. Há quem aposte que os holandeses, por exemplo, deixarão de o ser e se espalharão pelo resto da Europa.
Mas isto sou eu a pensar. Eu que não sou geógrafo, nem secretário de estado, nem especialista.

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6 Comentário(s):

Blogger Al Cardoso disse:

E de facto a necessidade, que nos obriga a mudar de residencia, essa e a razao porque me bato, para que pelo nosso interior haja desenvolvimento, que faca com que os que ainda por la habitam, nao tenham necesside de deslocar-se para outros sitios.

um abraco de amizade.

quarta-feira, 18 abril, 2007  
Blogger Carla disse:

Passei para ver as novidades... Desculpa-me o facto de não te comentar como devia. Abate-se sobre o corpo e a alma o cansaço esta semana .A falta de tempo também nao ajuda, no entanto tento sempre visitar os amigos da blogosfera que me acarinham e visitam. Beijinhos

quarta-feira, 18 abril, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Só para dizer que concordo com o Al Cardoso.Relativamente ao artigo,gostei e tb penso que sobretudo as palavras nunca e sempre devem ser evitadas ,dentro de determinados contextos...evidentem/ que os ciclos migratórios sempre existiram...e cada vez mais o interior comeca a ser apetecido..lamentável continua a ser que já se viva nesse interior e se continue a fazer muitos km (dentro do pp interior) para nos deslocarmos para o nosso local de trabalho!

quarta-feira, 18 abril, 2007  
Blogger RPM disse:

as IP's e as A's servem para isso mesmo....

concentrar tudo na cidade principal e retirar tudo ao interior.....

em Portugal a política salazarista de desenvolvimento do litoral, mantém-se com muito arrojo e democraticamente bem implantada...

Abraço

RPM

quarta-feira, 18 abril, 2007  
Anonymous Anónimo disse:

Na verdade o deserto sara noutros tempos existia um grande aglomerdo de seres vivos, hoje uma ou duas especies, hoje já se vêm aldeias pelo nosso interior desertas, sem viva alma, amanhã quem nos garante que as migrações ocorram em outros sentidos.
"O Homem é o maior predador do planeta!"

sábado, 21 abril, 2007  
Blogger CMatos disse:

Ó JL, serás então Eng.? :-)

Abraço e bom fim de semana

sábado, 21 abril, 2007  

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