terça-feira, 8 de novembro de 2005

As leis que não respeitámos

Lembram-se de Amina Lawal? É a Nigeriana que ajudamos a salvar da morte por lapidação, através da campanha lançada pela Amnistia Internacional. Depois de ter lido o artigo da Visão da passada semana, e de fazer um "flasback" pelos artigos que li sobre a intifada parisiense, achei que podia ser mais um contributo para a reflexão.Deixo-vos o trecho do artigo para poderem fazer os vossos comentários. Se puderem leiam na íntegra.

Ela é só o rosto dentro de um hiyab (véu) verde. Isso e os dedos dos pés são a únicas partes do corpo que deixa ver. Sentada no chão, perante o olhar atento do seu primo Awal, (é ele o responsável pela sua vigilância diária) começa a relatar a sua história, no ponto em que o Ocidente deixou de se interessar por ela, ou seja, o dia da sua absolvição. “Quando me libertaram, voltei para Kurami. Todos me recebem sempre muito bem, nesta aldeia. É a minha casa. Arranjaram-me um marido que não gostava de mim. Casei-me e tive outra menina, Mariam, que estou ainda a amamentar. Após seis meses de casamento, o meu marido abandonou-me. Agora estou outra vez sozinha.”

Maridos à força
A história do último casamento de Amina começou com um curioso casting de maridos, organizado pela WRAPA (Promoção e Protecção Alternativa dos Direitos da Mulher), uma associação de mulheres que financiou, em parte, a defesa de Lawal. As responsáveis da WRAPA reconhecem que cometeram um erro, quando lhe procuraram um marido, mas garantem que o fizeram com a melhor das intenções, procurando assegurar a estabilidade económica de Amina. “Houve vários candidatos”, conta Mariam Imhanobe, uma das chefes da organização. “Primeiro pensámos num homem muçulmano que vinha dos EUA para se casar com ela, mas esse não nos convenceu. Depois num outro, de quem ela gostava muito, mas as suas intenções não eram claras. Finalmente, encontrámos um que já tinha uma mulher e que vivia em Abuja (a moderna capital da Nigéria) e que estava disposto a tomá-la a seu cargo.”

Não foi, também, contra isto que participámos? Não estamos constantemente a achar que todas as pessoas têm direito ao seu credo e a viver em função dos seus usos e costumes? Não é isso que queremos para os imigrantes? Que tenham no país de acolhimento a possibilidade de viver de acordo com as suas leis e os seus costumes? Não somos, estes que defendem isso, os mesmos que votámos contra as leis do país de Amina para a salvar da morte? Eu não estou arrependido disso. Mas há coisas que me deixam confuso.

9 Comentário(s):

Blogger BlueShell disse:

Realmete...tens toda a razão. Eu própria fico a pensar...
É esquisito, não?

Enfim....

JOCAS MIL

BShell

terça-feira, 08 novembro, 2005  
Blogger Blogexiste disse:

Pois! É, mais uma vez o ocidente que do alto da sua «arrogância cultural» aplica o princípio do respeito pela diferença e diversidade dos outros desde que os outros aceitem o pressuposto (quase dogmático) de que a sua (do ocidente) forma de perspectivar o mundo é que é a correcta.

terça-feira, 08 novembro, 2005  
Blogger north disse:

Viver em sociedade é muito delicado. Blogoexisto, quando dizes «arrogância cultural» do ocidente tens que ser cuidadoso porque apesar dos ocidentais defenderem a sua cultura não a impôem de forma a aceitá-la ou morrer como é o caso dos extremistas. Quando em França se proibiram os véus também se proibiram as Cruzes se calhar os fanatismos em relação aos simbolos é que são diferentes. Enquanto houver fanatismos no mundo é dificil chegarmos a um entendimento e é complicado para mim, aceitar uma forma de perspectivar o mundo onde o seu principal dogma seja: "quantos mais ocidentais matares mais virgens terás à tua espera no céu"...
Cumps.

terça-feira, 08 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

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terça-feira, 08 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

A verdade é que não conseguimos entender a cultura de alguns povos e eles, definitivamente, também não entendem a nossa.
Existem enumeros casos, em que confrontamos a nossa verdade com a deles.
A mulher, por exemplo, é vista em muitos povos como um simples objecto, com nenhum direito e muitos deveres.
Um exemplo desta situação é a mutilação genital feminina. Ao homem é dada a primazia do prazer, à mulher apenas a dor.
Os costumes e a tradição de um povo não podem ser julgados de animo leve. Não basta dizermos- está errado -quando desde sempre se agiu assim.
Os costumes, são o que há de mais dificil mudar.
Acredito, no entanto, que a educação é a chave para todas as mudança. E a paciência.
Ao falar em mudança não estou a falar no curto prazo. É claro!

terça-feira, 08 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Não podemos esquecer que há cerca de 40 anos a mulher em Portugal também era vista por uma boa parte da população como um ser menor.
Não podemos esquecer que ninguém nasce adulto...
Não quero com isto dizer que nós, ocidentais, somos os adultos da Humanidade, mas a verdade é que, sob o ponto de vista do respeito pelo outro, já estivemos bem piores.
Curiosamente, o mundo árabe já esteve bem melhor e acreditem que não teve muito a ver com o Islamismo este tipo de regressão.
Aliás, de certa forma, existe um movimento pendular em todas as civilizações.
A nossa passou pelo apogeu romano, pela idade média, pelo renascimento e não se pode dizer que o século XX (os anos 40) não tenham o seu lado negro...
Muitos acreditavam que este século seria o século do Homem e da prosperidade.
No mundo árabe, andávamos nós entretidos a perseguir as ideias mais avançadas e eles escreviam poesia... liam Platão e redesenhavam a sua concepção do mundo.
Ou seja... quero com isto dizer que tudo se altera. Mas a meu ver, a ideia de tolerância é um valor a respeitar, exigindo aos outros a aplicação do mesmo princípio.
Talvez que este crescendo de intolerância que se verifica em França tenha as suas raízes próximas no nosso tio da América que é tudo menos respeitador do espaço de cada um.
Quanto à Amina, eu também me bati pelo seu direito à vida... o resto dos ideais ocidentais (que também partilho) não tenho tanta certeza que ela os queira para si...
É verdade Amigo João... também me sinto confuso...

terça-feira, 08 novembro, 2005  
Blogger Blogexiste disse:

Normalmente a doutrina jurídica coloca a coisa mais ou menos nestes termos: há um conjunto de Valores que são comuns a toda a Humanidade – independentemente da sua cultura, dos seus costumes e da sua lei – a que habitualmente se dá o nome de Direito Natural. Por exemplo, não é preciso existir uma lei que proíba o acto de matar para que isso seja algo censurável. Pelo contrário, o facto de ser altamente censurável é que fez com que se positivasse (se desse letra de lei a) essa norma.
Depois, há um conjunto de normas que se baseiam em determinadas opções (políticas, sociais...) e outras que assentam em costumes. Entre estes dois pólos há, naturalmente, uma infinidade de situações intermédias.
Ora bem, parece-me que não há dúvida alguma que a Humanidade (seja o ocidente, oriente, norte ou o sul) tem não só o poder mas o dever de contribuir para a implementação, consolidação ou aplicação destas Normas (garantias) onde esses Valores estejam a ser violados (E por vezes são violados também no ocidente).
O problema é que por vezes «o ocidente» não se fica por aqui e tem a pretensão de ir mais além... não hesita na «aculturação» de outros povos apenas porque acha que a sua perspectiva é a melhor. Não é de agora... é histórico. Lembram-se da evangelização forçada dos povos colonizados?
OK, era só um exemplo.
Pois bem, é porque eu acho que se deve continuar a intervir no âmbito da generalização destes «Valores comuns de toda a Humanidade» que entendo que se deve reflectir sobre a sua forma de actuação. Só isso!
Cumprimentos!

quarta-feira, 09 novembro, 2005  
Blogger CMatos disse:

Hà coisitas(sonas) que nós através de petições nunca conseguiremos mudar. O modo de vida e a cultura de um povo dificilmente muda. Se não vejamos: Afeganistão, foram "invadidos" para serem libertados, as mulheres já podem andar sem véu, já possuem mais direitos... usam-nos? Apenas uma minoria.
No entanto fico feliz por ter ajudado a salvar uma vida.

quarta-feira, 09 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Best regards from NY! http://www.businesscard7.info/business-card-nameplate.html Wellbutrin adhd treatment Acne+scar+treatment Animal print business cards Cpu settings for 2600 business card luggage tag laminating pouch How to make business cards at home size business cards logo Lcd monitor manufacturer Create personal business cards free downloads Football video Spam filters reviews spam si.com stop Peugeot 206 windows Make a business card case Round dining set with leather chairs

segunda-feira, 05 fevereiro, 2007  

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