sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Quanto vale a nossa opinião?

Quanto vale a nossa opinião?
Quanto vale aquilo em que acreditamos?
Para mim, que sou um apaixonado pela luta política, pela defesa das causas e pelo combate por convicções, a oportunidade de poder, de 5 em 5 anos, escolher uma pessoa para representar o país como presidente da república é única.
Até porque sou convictamente anti-monárquico (custe ao erário público a república mais ou menos euros que a mais iluminada das coroas). É no que dá acreditar que nascemos todos com os mesmos direitos perante a lei.

Esta é uma das eleições em que importam sobretudo os candidatos. Os partidos políticos, que têm o seu espaço muito específico e útil, têm uma tendência incontrolável para invadir áreas da vida política às quais não só não fazem falta como inclusivamente podem trazer inconvenientes. Isso acontece nas eleições presidenciais e acontece nas eleições autárquicas.
Não gosto da tendência, mas isso não quer dizer que não reconheça nos candidatos o direito ao alinhamento partidário. Desconfio até dos candidatos que se apressam a rasgar os cartões de militante (pecado do qual Sampaio nunca poderá ser acusado).

Mário Soares afirmou que este combate (e referia-se provavelmente apenas à luta Soares vs Cavaco) é um combate ideológico esquerda vs direita.
Acredito que é assim, mas não é só assim... não pode ser assim. Primeiro, porque não há apenas dois candidatos, o que quer dizer que não há apenas um combate ideológico.
Depois, porque não há apenas uma direita e uma esquerda, nem é possível dizer que todo o bem e todo o mal estão apenas num dos lados. Importa nestes combates ideológicos saber que ideias debatemos. Para além dos partidos que temos importa ouvir os candidatos e apreciar as alternativas propostas.

Como eleitor, nestas eleições e porque se trata de presidenciais, pretendo esquecer que tenho um cartão de militante.
Do que conheço dos candidatos propostos tenho uma opção à partida, que não é a opção do meu partido.
Aliás, entristece-me que o meu partido se arvore no direito de fazer de mim bandeira neste acto eleitoral.
Não gosto sobretudo dos que acham que o jogo da política está reservado a algumas famílias (por mais dignas que sejam).
Um candidato só é presidente depois de contados os votos e precisa sempre de mais de 50% dos votos expressos. Não gosto de vitoriosos pelas sondagens, não pelo que as sondagens dizem, mas pelo que elas representam perante um povo que gosta de se encostar aos vencedores.
Não posso deixar de fazer um apelo. Nestas eleições, se vos perguntarem em quem pretendem votar respondam tudo ao contrário. É um tipo de terrorismo que não magoa ninguém e impede alguns tipos de batota.

Viva o voto secreto!

Eduardo Leal

7 Comentário(s):

Blogger Blogexiste disse:

De facto, esta é uma oportunidade para ver se o exercício da democracia JÁ consegue ir para além do âmbito partidário. Seria um sinal claro da sua maturidade... à semelhança, aliás, de outras democracias mais “saudáveis”. No entanto tenho dúvidas. Lamentavelmente, em Portugal a consciência política e a defesa de determinadas opções ainda se processa como se processa a defesa “do” clube de futebol.
Logo se vê e... bola p’rá frente!

sábado, 05 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

"Até porque sou convictamente anti-monárquico" eu também,por isso concordo, mas ... se dessem mais atenção aquilo que nós aclamamos diáriamnete talvez "isto" estivesse melhor por isso vou continuar a dizer sempre a verdade, mesmo que me custe alguns direitos, esses não poderiam ser retirados mas têm sido, eu vou dizer sempre em quem pretendo votar. Porque a este terrorismo da mentira estamos nós artos, e quem disse que não magoa?

sábado, 05 novembro, 2005  
Blogger JL disse:

O Eduardo coloca algumas questões interessantes. Comento aqui aquelas que me parecem mais pertinentes. Também eu sou republicano mas confesso que me sinto deveras atraído pela monarquia. E não é, naturalmente, da monarquia tradicional do início do século XX para trás. Sinto-me atraído pela monarquia que se pratica nos países mais desenvolvidos da Europa: Espanha, Bélgica, Luxemburgo, Noruega, Suécia e por aí fora. Também nesses países é a vontade popular que determina quem governa a nação. Têm é uma eleição a menos. E gastam, quase todos eles, menos do que os países republicanos, incluindo a nossa pequena república onde o valor atribuído pelo OE para o palácio de Belém é maior do que o que o OE espanhol contempla para a corte de Espanha.
Depois é interessante a questão destas eleições serem uninominais. É pena que o PS não tenha seguido essa tendência ao bater a várias portas (é Mário Soares quem o diz na Visão) sendo a de Soares a última. O PS deveria ter esperado que alguém da sua área avançasse. Perfilava-se Alegre. Isso não terá alegrado os socialistas. Recordo-me que quando Sampaio avançou também o fez contra tudo e contra todos no PS. Anunciou a sua candidatura um ano antes para inviabilizar a hipótese do PS fazer com ele o que fez, agora, com Alegre.
Diz o Eduardo que não gosta do facto deste jogo político estar reservado apenas a algumas famílias. Acrescento eu: Parece que não é muito diferente da Monarquia :-).
Esta é, de resto, um das razões que vai afastar muitos das urnas: estão fartos de ver as mesmas caras há mais de 30 anos. Sobre isto poderemos falar outro dia.

domingo, 06 novembro, 2005  
Blogger Unknown disse:

O João disse tudo, concordo a 100% vou só acrescentar os numeros publicados: A Monarquia Britânica custa ao erário público do Reino Unido 53.993, ou seja 54 milhões de euros, o nosso “rei” Jorge Sampaio custa-nos 200 milhões de euros (orçamento 2005). Esta dotação escrita no orçamento de estado, cobre os gastos de Sampaio, o seu staff, a manutenção do Palácio de Belém, as viagens e os vestidos de Maria José Rita custam 13.325 milhões de euros. Quem não acreditar vá a pagina do orçamento de estado e leia.

Cumps

domingo, 06 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Quanto a mim a república é um bem que temos, pois, podemos através do voto, demonstrar o nosso contentamento ou descontentamento, perante o chefe de estado.
Também acho que os partidos políticos têm, sempre tiveram e continuarão a ter influência neste tipo de elieição. Aposto que o Sr. Eduardo Leal não votará Cavaco Silva (peço desde já desculpa se me enganei).
Depois penso que nestas eleições não será um combate ideológico esquerda vs direita, mas sim um combate ideológico de esquerda vs esquerda.
Eu votarei Cavaco Silva ( e não estou a seguir o apelo), pois dos candidatos que se apresentaram e de quaisquer outros que poder-se-iam apresentar é de longe uma pessoa que muito fez por este país. Claro que nunca se consegue agradar a toda a gente, por muito competente que se possa ser.
De outra coisa tenho a certeza, Cavaco Silva, se nos últimos dois anos da sua governação tem governado para as eleições e não para o bem do país, ou continuaria como primeiro-ministro ou então teria sido presidente da república na vez de Jorge Sampaio.
É aqui que reside a diferença entre os bons e os menos bons.

domingo, 06 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Três comentários adicionais:
Em relação ao "terrorismo da mentira" a minha sugestão é contrapor à mentira das sondagens (porque são uma forma de manipulação) uma nova forma de intervir que é dizer o que sentimos apenas à urna de voto.
Em relação aos custos da monarquia, trata-se de um assunto para o qual eu não sei se temos os dados todos. Ou seja, o que se inscreve no orçamento de inglaterra para ser gasto pela família real britânica tem em linha de conta todo o património do estado, a fortuna pessoal que pertence à casa real, os custos com a educação dos princípes e os seus desvarios, etc?
Eu não faço a mínima ideia, mas reafirmo que o direito a escolher quem nos representa tem um valor inestimável. Nisso acredito com todas as minhas forças.
O meu último comentário: De facto não vou votar Cavaco. Aceito que fez bastante pelo País (apesar de à imagem de Guterres ter abandonado o barco em circunstâncias estranhas) mas eu gosto de gente informada (que lê jornais, p.e.) e de gente com a humildade suficiente para admitir que nem sempre acerta, nem sempre se engana.
Eu vou votar Manuel Alegre, fundamentalmente porque se trata de um Homem de combates, de causas e com uma base ideológica estável. Sabe em que acredita e está disposto a defender os seus ideiais.

domingo, 06 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Excellent, love it! » » »

quinta-feira, 15 fevereiro, 2007  

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