quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Xeque ao Rei?

A notícia sobre as buscas da PJ a casa de Jorge Coelho ontem na abertura dos noticiários e que se encontra publicada na Visão Online, não contribui em nada para “credibilizar” o sistema judicial em Portugal.
Porquê? Porque o episódio é mau demais para ser verdade: arranja-se um mandado de busca para ir à procura de um tabuleiro de xadrez…
Mas, cabe na cabeça de alguém que Jorge Coelho, ou outro político qualquer da sua craveira, se tivesse de se “vender” o faria por um simples tabuleiro de xadrez?
Claro que com esta atitude se “descridibiliza” uma instituição que deve ser um dos garantes do cumprimento da constituição e, ao mesmo tempo, criam-se deuses.
Lembram-se da Senhora de Felgueiras? Talvez a história tivesse um desfecho diferente se o sistema judicial não tivesse agido como agiu.
Na verdade, foi um perfeito disparate usar a medida de prisão preventiva no caso de Felgueiras! Esta medida só deve ser usada nos casos em que o arguido pode repetir o crime ou se houver indícios de fuga.
Sucede que a fuga só aconteceu por existir um pretenso mandado de prisão preventiva e a possibilidade da suspeita repetir o crime era muito remota. Deveria usar-se, a meu ver, outra medida de coacção que não aquela.
Faz-me, este episódio de Jorge Coelho, lembrar a célebre caça aos médicos quando, há uns anos atrás, a PJ decidiu inquirir e “invadir” a casa de alguns clínicos suspeitos de corrupção. Se bem me lembro importunou quem tinha recebido umas pequenas lembranças como perfumes, canetas, vinhos e afins. Os verdadeiros nunca foram importunados.

16 Comentário(s):

Blogger BlueShell disse:

Ora aí está alguém que partilha da mesma opinião que eu!!!
BShell

grata pela visita.

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Ainda vai á parar ao xadrez

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

A descridibilidade no sistema júdicial do nosso país já tem algumas raízes. Estas têm vindo a alongar-se numa tentativa de encontrar a superficie, mas parece-me, estão cada vez mais profundas,infelizmente.
A credibiliade de cada um de nós no meio em que estamos inseridos é de tal forma importante a nível social que quando acusados de alguma infracção seja assente em pilares concretos.
A PJ é, para mim, um dos organismo que merece a maior credibilidade por parte de todos os Portugueses.
Não considero muito conveniente para as investigações deste organismo, a actuação dos meios de comunicação que sedentos de informação não se preocupam com o facto de estarem ou não a prejudicar investigação ou a vida privada. Seja de quem for.

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Blogger Blogexiste disse:

De facto era importante que se pudesse discutir verdadeiramente o Sistema Judicial... sem tabús (ops! eu disse tabú?... foi sem querer) e sem ideias pré-feitas! Lamentavelmente, quando o tema surge, o ruído é tanto que não se discute nada.
Nota: Apreciei aquela do gago :-)

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Blogger JL disse:

Pensamento,

Obrigado pela visita e volta sempre. Em relação ao comentário repito aqui o que já tinha colocado a esse respeito no "Terras de Azurara". Sinceramente de um cristão, de um social democrata, de um jovem e de um aspirante a jornalista espero mais, muito mais e melhor.

"Parece que sabes de alguma coisa que possa ajudar a PJ neste caso. Sugiro que, a bem da justiça, o digas. Essas suspeitas que lanças são sinal de quem sabe alguma coisa... Ou é apenas o sinal de crucificação? Eu até acho que o melhor era condenar já o homem e depois logo se vê se há ou não móbil do crime. Mas, já agora, ajuda-me a pensar: Achas que alguém de bom senso e com a visibilidade mediática que o homem tem se “venderia” apenas por um jogo de xadrez? Eu que não sou da área política do senhor não acho piada nenhuma a isto. Nem considero que a notícia seja de utilidade pública. Se há matéria de investigação – investigue-se. Sem propaganda. Se há matéria para punição criminal – puna-se. Mas os julgamentos ainda são, que eu saiba, nos tribunais."

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

JL o bom senso apela-nos a dizer «não, nunca se iria deixar violar por algo tão sem significado».
Mas repare nós temos um caso de uma pessoa que está suspensa das suas actividades, por algo também quase sem significado.
E ele já foi crucificado, mesmo sem terem provas do concreto.
essa pessoa é Jacinto Paixão, árbitro de futebol que ganha por jogo 750€ mais ainda ajudas de custo.
E diz-se, aliás foi crucificado por isso que o FCP o aliciou com uma brasileira nun quarto de hotel.
E no fundo ele também não precisava disso, não há provas mas foi já crucificado. tá suspenso, e no futebol a idade é um limite ao contrário da politica.

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Blogger Neoarqueo disse:

João, uma coisa é certa, diz o povo e com razão: não há fumo sem fogo... Nota bem que ue não estou a dizer que o político em questão, que até é nosso conterrâneo, esteja envolvido no crime que a PJ suspeita, ou noutro qualquer...Mas, alguam coisa se passou, provavelmente com outro político e possa haver uma troca de nomes nos "mentideros" donde a PJ vai buscar informações. É necessário ter em conta que a Judiciária portuguesa é uma das melhores do mundo e quando mexe em algo não está muito longe das coisas. Ainda me lembro da questão da Casa Pia e do Carlos Cruz: ninguém acreditava; e do Paulo Pedroso...e ...enfim...Mas, segundo se conhece nada foi encontrado na casa do político em questão, portanto até prova em contrário é inocente. Mas, lembro, para se provar a inocência ou a culpa de alguém é necessário investigar-se; esse é o papel da Judiciária e esta foi o que fez.

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

olá JL
a posição como sempre parece-me sensata e ponderada.
Mas depende do tabuleiro...
Pensamento, jornalista?? ahah ah é só deontologia, direito a contraditorio, rigor, objectividad independencia, a fruirem por esses dedos...

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

O pensamento parece muito bem informado acerca das questões processoais dos casos que referiu!
Este género de jornalismo, actualmente, está na moda mas será efémere. Tenho a certeza que quando passar esta vaga, os jornalistas que pretendem o sensacionalismo caírão em descrédito e sem oportunidades profissionais.
Como humilde observador, tenho reparado que as instituições que têm previligiado o sencionalismo, todas elas, têm sido acusadas de descridibilidade. Veja-se a política, a justiça, a classe jornalística ( o que interessa é ver sangue, cadáveres desfeitos e o cão do vizinho que fez cócó no tapete do outro vizinho).
Estamos numa fase em que ser competente não conta, o que interessa é falar bem, dizer amen a tudo, não contrariar, dizer sim na frente e não nas costas. É desta forma que muitos se vão dando bem na vida.
Mas quando esta fase das aparências passar, eu vou gostar de ver os narizes impinados a achatar a uma velocidade impressionante!
Então começarão as gentes competentes a actuar no seu discretismo e a tomar medidas com o objectivo de resolver problemas e não de ser mediático fingindo trabalho que depois não leva a nada!
A justiça não é excepção à regra, está também ela incluida neste rol.

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Blogger Blogexiste disse:

Sem querer entrar na questão concreta a verdade é que actualmente se fazem julgamentos na praça pública. O que refere tsfm acaba por ser relevante: de facto existe no consciente colectivo a ideia que não há fogo sem fumo e outras coisas assim. Acontece que a comunicação social pode "esfumaçar" qualquer pessoa só com a utilização da palavra "alegadamente": fulano alegadamente roubou; cicrano alegadamente violou... etc.
Por outro lado temos um sistema judicial inoperante (não actua em tempo útil e confronta-se constantemente com fugas de informação). A junção destes dois elementos é, na minha opinião, uma das principais ameaças à Democracia. Exemplo: enquanto Ferro Rodrigues - que representava a ala esquerda e humanista - esteve à frente do PS e com possibilidade de chegar ao poder (perdeu para Durão Barroso por meia duzia de votos) as notícias do caso casa pia não pararam. De repente, o homem saiu e nunca mais se passou nada... nem notícias, nem escândalos... desapareceu completamente o "critério jornalístico".
Porquê?

quinta-feira, 03 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

O criterio jornalistico...
então a pj vai a casa do numero dois do partido q está no poder, e os sr's acham que isso é irrelevante. É certo que por vezes os jornalistas fazem a folha a algumas figuras publcas mas elas tambem se poe a jeito. Neste caso a visão falou verdade, e isso foi confirmado por o jorge coelho e por a pgr. A mim não me parece sensacionalismo nenhum.
A palavra alegadamente não surge por acaso, esta lá quando os factos relatados ainda não foram devidamente provados. Os jornalistasnão teem culpa que sejamos um povo de invejosos e analfabetos funcionais.
Em alguns casos deveria haver mais cuidado no lidar da informação? concordo as palavras nem sempre são bem escolhidas é verdade.
Mas à velocidade que se processa a informação nem sempre é possivel fazer uma reflexão profunda sobre o que se escreveu, daí que modo geral os semanarios sejam mais ponderados
Mas olhando para espanha, inglaterra ou EUA não me parece que tenhamos um jornalismo assim tão mau quanto por vezes se apregoa

Quanto ao descredito dos jornalistas - segundo o DN de ontem os jornalistas são a segunda profissão mais valorizada em Portugal.

sexta-feira, 04 novembro, 2005  
Blogger Unknown disse:

Eu que como "apolítico", não acredito que haja políticos incorruptíveis, quiçá o tabuleiro era do mais fino diamante e seu valor era tudo menos simbólico, ou por outro lado criar uma vítima inocente distrai a populaça de outras sendas politicas e o evadido pela PJ passa a um herói onde não foi possível encontrar uma migalha.
Quando li a noticia sorri sozinho, sorria fosse qual fosse o politico actual a ser atrapalhado com uma situação idêntica. O nosso politico, ele é cá da terra, disse «Saúdo a nota que foi feita pela PGR, onde é dito com clareza que a busca que foi feita em minha casa não assenta em qualquer suspeita de ilícito criminal contra mim, Neste caso, não há o que quer que seja contra mim. Quero deixar bem claro, que sou impoluto e incorruptível». Muito sinceramente esta frase deixa-me baralhado, vão a casa do homem procurar uma coisa que não serve para o acusar? Só se foi o colega de campanha que se esqueceu do tabuleiro em casa do nosso conterrâneo e como perdeu, meteu uma cunha ao papá, e este “pidiu” (não é erro) á PJ para o ir buscar. Tenho outra teoria mas não a posso apresentar na totalidade, vou comprar a visão e ler o artigo todo, depois boto mais “escritura”.

Um abraço

sexta-feira, 04 novembro, 2005  
Blogger JL disse:

Sobre este assunto aqui está uma opinião sensata ponderada:

http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/11/o_mau_estado_do_1.html#more

sexta-feira, 04 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Relembro que este politico é "impoluto e incorruptível",
mas não podemos esquecer que este processo tem 5 anos. Uma busca ao fim de 5 anos? Porquê só agora? Se algum vestígio de corrupção ainda por lá existisse era pura burrice. Sempre houve 5 anos de avanço para fazer desaparecer alguma coisa que parecesse suspeita.

sexta-feira, 04 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

Está na moda condenar os políticos na esfera do quarto poder.
Dá jeito, vende jornais e dá audiências.
Curiosamente, quando se trata de gente de baixa índole, tipo Valentim Loureiro, com provas dadas no "comércio" de electrodomésticos os jornais, as rádios e as TV's esquecem-se de dar as notícias...
investiguem as ligações desse senhor ao sr. Avelino Ferreira Torres, ao Macedo (o tal da associação de amizade Portugal Indonésia) e provavelmente descobrirão os fundamentos do verdadeiro arroz de polvo...

sexta-feira, 04 novembro, 2005  
Anonymous Anónimo disse:

As únicas limitações ao dever de informar são: o respeito pelas leis do país, o respeito pelo código deontológico, os assuntos de ordem privada, é a segurança de alguém.
No presente caso todos estes preceitos foram respeitados.

Mas… já alguém condenou Jorge Coelho…?
A CS relatou um facto (a PJ fez buscas em casa de JC) que se provou ser verdadeiro, e referiu que teriam ido à procura de um tabuleiro de xadrez (isto não foi desmentido).
Não percebo a razão de tanta indignação…. Percebia se fosse contra o sistema judicial que faz buscas em casa de pessoas que não são suspeitas.

Se a CS não se pode substituir à justiça, também não se pode substituir à policia…
Os jornalistas fazem muitas investigações que não são publicadas por os mais diversos motivos: compromissos com as fontes (que muitas vezes são os próprios investigadores judiciais, falta de confirmação dos factos por mais do que uma fonte, etc. e também porque no final da investigação se percebe que os factos apurados não têm interesse jornalístico suficiente…

Segundo as definições clássicas interesse jornalístico é tudo o que for baseado num facto verdadeiro, inédito, surpreendente ou actual, que seja de interesse público e não colida com os preceitos éticos e deontológicos. Depois acresce o impacte, a proximidade, relevância (dos factos e dos intervenientes), etc.

Será que os negócios privados (ainda que porventura ilícitos) do srº Macedo têm o mesmo interesse, que tem uma busca policial em casa do nº 2 do partido que está no poder? Ainda para mais quando o que está em causa são eventuais ilicitudes durante na governação da coisa pública?
Quanto ao major… o caso do apito dourado foi amplamente divulgado, e na minha opinião a cobertura jornalística pecou por excesso (lembram-se da conf de imp que o garboso oficial deu em roupão à porta de casa?), embora reconheça caso é muito delicado. Em a fronteira entre o interesse público e o interesse DO público seja muito ténue. Pois trata-se de fraude no principal desporto do país, o que envolve muito dinheiro, interesses e milhões de pessoas se podem sentir defraudadas, etc… Quanto a eventuais crimes cometidos na gestão da câmara de Gondomar, a imprensa nacional não lhes dará nunca o mesmo destaque que dá aos casos que remetem para o Governo da República. Para isso existe imprensa local e regional.

Convêm não esquecer que a CS é constituída por empresas, que apesar de terem mais responsabilidades sociais do que a generalidade, visam, como quase todas, o lucro.

sábado, 05 novembro, 2005  

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