Sinistralidade
O número de vítimas por acidentes na estrada está a diminuir este ano, prevendo um fecho do ano com menos mortes quando comparado com o ano anterior.
Apressam-se, governo e instituições que defendem os cidadãos auto mobilizados ou as relacionadas com as vítimas da estrada, a reivindicar cada um per si os resultados alcançados este ano.
Para o governo este facto não é alheio ao aumento de fiscalização ou, melhor dizendo, da “agressividade” na “caça à multa” e na cassa à carta por parte dos agentes da autoridade significando isto, por um lado uma redução de vítimas, por outro um aumento de receitas. E acrescenta, o governo, que as melhores rodovias têm, também, contribuído para um aumento da segurança e consequente diminuição dos números trágicos. E eu acredito que estes argumentos encontrem validade nos factos. Assim é!
Por outro lado, as associações dos cidadãos auto mobilizados dizem que não, que nada daquilo foi decisivo para reduzir tragédias porque a causa dessa redução está, outrossim, na atitude diferente que os cidadãos têm tomado no dia a dia.Deveria congratular-me com a mudança de atitude porque, é bem provável que ela exista. Lamento, no entanto, que ela resulte como uma consequência da atitude mais “agressiva” da autoridade e não por iniciativa dos cidadãos envergonhados com tais números negros. E lamento mais ainda porque, não concordado com a caça e cassa que os agentes fazem, tenho que reconhecer que os frutos estão aí à vista de todos.
Competências
Não sei se com intuitos cosméticos, para que a Europa saiba que já não somos o país analfabeto do Salazarismo, ou para promover candidatos ao ensino superior, o Governo da nação decidiu criar centros de validação de competências para profissionais que não tendo o 12º ano possam, com três anos de experiência, ter direito a um diploma que lhes confere o mesmo grau de ensino.
Assim, à priori, parece uma medida interessante até porque todos nós conhecemos muitos profissionais cuja competência ultrapassa a sua limitada instrução, ultrapassando, inclusive, muitos que com formação superior não atingem tal patamar onde se encontram aqueles. Estamos de acordo que assim é.
Mas não podemos encarar esta medida única e exclusivamente por este prisma da pseudo justiça. Então e os que fizeram a sua formação cumprindo os três anos do secundário? Como ficam esses que, hoje, já terão a desvantagem de ter menos três anos na sua carreira contributiva para a Segurança Social? Que benefício lhes será dado como recompensa, hoje, que existe uma campanha de sensibilização para evitar o grande abandono escolar que ainda grassa por todo o país depois da escolaridade obrigatória? Não estaremos a promover um país de facilidades onde o importante é esperar que o tempo resolva a nossa falta de qualificação?
O paradoxo
Para o Governo a idade activa de um cidadão tende, por razões de sustentabilidade do modelo de Segurança Social, a aumentar. A isto não é alheio, também, o facto de vivermos mais anos.
Para o sector empresarial privado, um cidadão com mais de 50 anos começa a entrar na fase decadente de produtividade e, por essa razão, óptimo para dispensar do serviço e reformar.
Há aqui, como está bom de ver, um paradoxo enorme e uma incompatibilidade entre a forma de agir do Estado, por um lado, e do sector privado, por outro. Repare-se que há, regra geral, uma faixa etária de cerca de quinze anos em que um indivíduo começa a ficar velho demais para o trabalho mas ainda muito novo para a reforma.
Não sei se este paradoxo existe noutras economias ou se é só na nossa. Lembro-me da história, que conheço razoavelmente bem, de um sujeito meu conterrâneo que vendo-se a braços com uma situação de desemprego e na casa dos 50 anos de idade, não conseguindo encontrar emprego por estas bandas decidiu emigrar. Em boa hora o fez pois encontrou trabalho logo nos primeiros dias na Suíça, país que o acolheu. Diz ele, hoje e com algum amargo de boca, que o país dele considerou-o inválido para o trabalho mas além fronteiras não só não lhe perguntaram a idade que tinha como valorizaram a sua experiência de vida como uma mais valia.
É estranho, não é?
Notas desfeitas
A notícia chega da Alemanha. Insólita e assustadora. Em cerca de quinze cidades foram detectadas notas de euro que se auto destroem nas mãos. Uma espécie de M & M, mas ao contrário: derretem-se nas mãos e não no bolso.
Ainda está por descobrir o que leva as notas a desfazerem-se em cinzas em contacto com a mão, mas já se suspeita de um pó que, misturado com a humidade da transpiração, provoca um reacção química ácida consumindo as notas.
A polícia germânica está intrigada com um caso nunca antes observado.
Bom, na verdade esta intriga só resulta do facto de viverem na Alemanha. Se fosse em Portugal ninguém acharia estranho e o fenómeno é mais que normal para a maioria dos portugueses: as notas eclipsam-se a uma velocidade tal que o normal não é o salário ser pequeno, mas sim o mês ser muito grande: sobra muito mês depois do salário.