quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Gestão escolar

Foi hoje apresentada pelo PSD uma proposta na Assembleia da República defendendo mais autonomia para as escolas e que a direcção destas deve ser eleita também pelos pais dos alunos, visando um maior envolvimento e responsabilidade na gestão escolar. A proposta vai, no entanto, mais longe avançando que uma escola não tem que ser, necessariamente, dirigida por um professor.
Imediatamente, os sindicatos se pronunciaram contra na tentativa de defesa do seu filão, do seu queijo. Pressentem, com alguma razão, que alguém pode mexer no seu queijo. Não colhem, contudo, os argumentos de que a escola só deve ser gerida por professores, dizendo que são eles os maiores conhecedores da matéria. Ora, aqui convém fazer a distinção de duas coisas: uma é a gestão e direcção da escola; a outra é a orientação pedagógica. E assim, não se encontram inconvenientes em ter um director de uma escola que não seja professor porque estarão salvaguardadas, sempre, pelo conselho pedagógico as directrizes pedagógicas. Ressalve-se, também, que muitas escolas privadas deste país são geridas por não docentes. E têm os resultados que têm!
A proposta do PSD, à primeira vista, parece ser interessante. Não nos podemos, porém, esquecer o enquadramento em que ela surge: estamos em Portugal e não ficaria nada espantado se, no futuro, à sombra desta proposta surgissem mais uns quantos “tachistas” para o lugar de Director de Escola. Ainda que estes lugares sejam eleitos por professores e pais, todos sabemos muito bem que quanto menor o universo dos eleitores maior a possibilidade de manipulação e colocar, ainda que sob a égide da eleição, determinadas pessoas naqueles lugares.
Que não se trate de mais um presente envenenado para alunos, pais e professores!

domingo, 24 de setembro de 2006

O Princípio... do fim

"Numa administração estruturada hierarquicamente, as pessoas tendem a ser promovidas até ao seu nível de incompetência" Lawrence J. Peter

Se há pessoa a quem o princípio de Peter assenta na perfeição, Souto Moura é uma delas. O Procurador Geral da República que cessa o seu mandato no próximo dia 9, terá sido, porventura, o pior no cargo que há memória. E aqui se prova, também, que um bom técnico ou funcionário não dá, necessariamente, um bom chefe. E até pode dar chefe… mas não dar líder! E liderança foi o principal “handicap” de Souto Moura. Herdou de Cunha Rodrigues uma casa arrumada e respeitada. Deixa agora um sítio sem “rei nem roque”.
É inadmissível que tenha - um exemplo entre muitos – assumido um compromisso com o Presidente da República em Janeiro, era então Jorge Sampaio, sobre o famoso envelope nove e até hoje, quase dez meses decorridos, nada se saber sobre o assunto.
Qualquer funcionário numa empresa, por muito menos, teria sido dispensado sem que o contrato tivesse terminado. Venha o próximo!

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Eutanásia...

Recebi esta pequena estória de vida por e-mail e não resisti a partilhá-la convosco. Para descontrair um pouco:

À noite, a minha mulher e eu, sentados na sala, falávamos das coisas da vida. Abordávamos a temática de viver ou morrer "com dignidade". Na oportunidade, ocorreu-me dizer-lhe "nunca me deixes viver em estado vegetativo, dependendo de uma máquina e de uma garrafa de líquidos. Se me vires nesse estado, desliga as máquinas que me mantêm vivo..." Ela levantou-se, desligou-me a televisão e despejou cerveja fora!

domingo, 17 de setembro de 2006

A França na mira

O presidente francês, Jaques Chirac, admitiu esta semana que, afinal, a França não está totalmente a salvo de ataques terroristas perpetrados por uma célula da Al Quaeda radicada na Argélia. Na causa dos ataques que estavam a ser planeados estaria a proibição do véu islâmico nas escolas públicas francesas.
As dúvidas que me ficam e, necessariamente, se traduzem em perguntas são:

1) O véu islâmico será um símbolo mais importante para os muçulmanos do que o crucifixo para os cristãos? É que ambos foram proibidos e ainda não vi que alguém estivesse a preparar algum ataque por causa deste último.
2) Não foi a França que rejeitou, liminarmente, aceitar integrar as forças militares multinacionais que atacaram o Iraque? E a desculpa de então não era a protecção do país a ataques terroristas? Claro que hoje sabemos que o ataque ao Iraque pode ter sido um dos maiores disparates das forças multinacionais. Como sabemos também que a França, hipocritamente, manteve secretos contactos e fornecimento de armamento ao Iraque.
3) Afinal onde é que estão os valores da revolução francesa nestas proibições?


O melhor mesmo é perpetuar o adágio: “Em Roma sê romano”!

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Verdade Inconveniente

O ex Vice Presidente dos EUA, no tempo de Bill Clinton, que perdeu as eleições, apesar de ter tido mais votos nas urnas, para o primeiro mandato de Bush, apresentou-se ao mundo como tendo sido, em tempos e durante algum tempo, o “futuro presidente dos Estados Unidos da América”. A plateia soltou uma sonora e uníssona gargalhada para depois ficar pasma com o documentário que Gore iria apresentar. Verdade Inconveniente, assim se chama o documentário apresentado ontem em ante estreia, vem alertar para o risco eminente de submersão com o crescente aquecimento do Planeta Terra. Imagens produzidas por computador mostram o que restará dos países e capitais do mundo mais afectados com o degelo dos glaciares e a hipotética, mas não remota, subida de seis metros do nível da água do mar até ao ano 2100. Al Gore fala numa possibilidade, nada inverosímil, de existirem nessa altura, mais de cem milhões de refugiados. É bom que seja um político da craveira de Gore a alertar para situações que, entretanto, já foram colocadas por cientistas que só não foram internados em hospício por loucura porque não calhou. Mas assim os apelidou o mundo político do senhor Bush. Aliás foi este mesmo Bush que no seu primeiro mandato não quis assinar o Protocolo de Quioto onde os países mais industrializados do mundo se comprometiam a reduzir, substancialmente, as emissões de CO2 com vista ao abrandamento progressivo do aquecimento global. Talvez por ter suspeitado que o seu arqui rival estivesse para anunciar ao mundo os perigos que se aproximam, Bush já veio dizer que está preocupado com o aquecimento global e pede um entendimento abrangente sobre o assunto. Talvez, quem sabe, para não ficar na história da América como o maior dos idiotas que a presidiu. A verdade é que não tem honrado nada a categoria de muitos dos que presidiram antes de si a América e donde se destaca, por ser o mais recente, Bill Clinton. É bom, ainda, que seja um político como Gore a tocar na ferida e alertar os seus pares para uma visão menos espartilhada e limitada da realidade. Na verdade, na sua maioria, os políticos têm um horizonte tão grande como o tamanho da sua hipotética carreira que, em média não passará dos 15 ou 20 anos. É preciso ter, como dizia Aleixo, “vistas largas”, sabedoria e menos egoísmo para olhar para lá do que se vê. Reparem como ficará Portugal na realidade apresentada por Gore. A única consolação que nos restará, a nós beirões, para ironizar com a desgraça dos nossos descendentes, é ficar com a praia mais perto de casa. Estou certo que nenhum de nós quer essa realidade.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

11 de Setembro

Há cinco anos o Mundo foi abalado pelo ataque terrorista mais devastador de sempre. Ainda hoje não se percebe muito bem que motivações levaram a que meia dúzia de homens fanáticos, comandados por outros também fanáticos mas, quiçá, muito mais calculistas, a perpetrar o ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque. Para muitos, mais do que um ataque aos americanos, tratou-se de um ataque ao Mundo Ocidentalizado. Para outros não passou de uma demonstração das “novas cruzadas”. Para outros, ainda, esta foi, “apenas”, a resposta do mundo árabe ao apoio dado pelos Estados Unidos à causa israelita.
Não creio, contudo, que possamos confundir o povo americano com os líderes mais ou menos inteligentes, mais ou menos argutos, mais ou menos idiotas que em dado momento os comanda. Nem sequer imagino que se possam arranjar desculpas para um acto assim.
É certo, no entanto, que nada é como dantes. O Mundo está mais inseguro. As religiões são olhadas todas, ou quase todas, pela mesma bitola e sempre, ou quase sempre, de soslaio. E a fé deixou de mover montanhas para derrubar Torres.
Para que a memória não se apague!

Entretanto, aproveito para esclarecer os atentos leitores que, por lapso, não foi indicada a data da primeira emissão do programa “A Hora da Bica” na Rádio Voz de Mangualde e alguns dos leitores tentaram escutá-la no último sábado. De facto a primeira emissão ocorrerá no próximo sábado, dia 16, entre as 10 e as 13 h e terá como primeiro tema o terrorismo e o 11 de Setembro. Contamos convosco!

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

A hora da bica

É assim que se vai chamar o programa que vou fazer juntamente com outros dois companheiros: o José Miguel Marques e o João Marques daqui.
A ideia é recuperar o programa que esteve à minha responsabilidade há uns anos e que deu boas audiências à Rádio Voz de Mangualde e a mim um particular gozo a fazer.
E a verdade é que o bichinho fica sempre. Por isso quando me endereçaram o desafio de recuperar o “velhinho” programa, não hesitei e aceitei.
A ideia é, no fundo, muito semelhante a este espaço: consiste em ter linha aberta à participação dos ouvintes. Todas as semanas se discutirá um tema e cada um dirá de sua justiça o que pensa sobre o mesmo. Esperamos que seja um verdadeiro espaço de cidadania, como o foi há uns anos e como são hoje outros programas do género que lideram audiências nas rádios nacionais.
Ora como a frequência da Rádio Voz de Mangualde é limitada, vamo-nos servir da sua difusão on-line para poder chegar aos leitores do Observatório também que para além de poderem escutar a emissão através do PC, podem ainda participar. Para isso basta que enviem um e-mail para o endereço que se encontra no meu perfil dizendo que gostariam de participar e facultando o número de telefone para onde deveremos ligar durante a emissão transmitindo, em directo, a opinião de cada um. E também se aceitam sugestões pela mesma via (e-mail) de temas para debate.
O programa terá lugar aos sábados de manhã entre as 10 e as 13 horas e pode ser escutado no rádio em 107.1 mgz FM ou através da internet aqui. O link passa a figurar, também, nos links favoritos do blog. Contamos convosco! E, já agora, vai uma bica?

sábado, 2 de setembro de 2006

Cenas da vida real!

A cena passa-se em Viseu. Uma tarde quente. Um homem pára o seu Mercedes e prepara-se para o estacionar num dos poucos estacionamentos vagos que a cidade tem naquele dia. Outro homem, “montado” no seu Mini, aproxima-se e, sem meias medidas e com todo o civismo que o caracteriza, acelera e entra de rompante no lugar deixando o condutor do Mercedes atónito com a situação. Como se não bastasse, depois de parar o carro, sai, ajeita as calças e levanta o pescoço com aquele ar de quem domina o mundo, vira-se para o condutor “rival” e diz-lhe com um sorriso de escárnio: “Isto é só para quem sabe”.
Foi a gota de água que faltava. O homem do Mercedes engrena a primeira velocidade, pé a fundo e aponta a estrelinha ao Mini. Dá-lhe uma violenta pancada na traseira que o atira fora do estacionamento, arremessando-o para cima do passeio todo amassado. Sai do carro, ajeita as calças e o cabelo e diz ao outro que ainda se encontra incrédulo: “Isto é só para quem tem dinheiro”. E foi-se embora. Ficção? Pura realidade!