quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Horticultura

Dissiparam-se para quem tinha dúvidas, que Santana Lopes tem um par de frutos hortícolas uns centímetros acima do joelhos.
Já tinha ouvido falar do episódio, mas só há pouco o vi no vídeo entretanto colocado na net.
Não serão muitos os que tomariam a atitude que ele tomou em, educada e correctamente, colocar um ponto final na entrevista que lhe faziam, insolitamente interrompida para mostrar José Mourinho a entrar num automóvel e partir a alta velocidade. O próprio Mourinho, não tenho dúvidas, tomaria idêntica atitude, confrontado com semelhante situação.
A SIC Notícias errou. E não vale a pena acenar com a desculpa do interesse que José Mourinho suscita. Cabe ao telespectador, de comando na mão, decidir o que quer ver: se continuar a assistir à entrevista de Santana sobre o estado do maior partido da oposição, ou mudar de canal para ver o melhor treinador português da actualidade regressar ao país natal. Apenas e só porque este facto não era de tamanha relevância no contexto nacional. Outros de relevo poderiam justificar a interrupção. Este, definitivamente, não a justifica.
É verdade que Santana abusou, em tempos, da utilidade da imagem que a comunicação social poderia fazer dele. Também não é menos verdade que tem pago um alto preço por isso. Ontem disse basta! Porque já nada tem a perder em matéria de imagem e esta atitude, a meu ver, só contribuiu para estancar a queda que a mesma vem tendo de há uns anos a esta parte.
Se cabe à comunicação social separar o trigo do joio em matéria de informação, nos últimos anos aquilo que nos vem servindo é massa de joio, atirando com o trigo ao lixo. Se temos, nós espectadores, uma quota parte de responsabilidade nessa opção da comunicação social, a verdade é que esta extravasou os limites da razoabilidade e do bom senso.Que este facto sirva de exemplo para o futuro.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Seringas pr'a troca

A propósito da campanha de troca de seringas prevista para as prisões, no âmbito da lei promulgada o ano passado, e mais importante do que opinar sobre as vantagens e desvantagens ou ser-se a favor ou contra a iniciativa, é o reconhecimento de que a droga circula livremente pelas cadeias portuguesas.
Aliás, muitos dos reclusos estão detidos precisamente pelo facto de terem sido apanhados na posse ou pelo uso de droga. Parece, por conseguinte, haver aqui um profundo paradoxo. Mal comparado e por absurdo, será mais ou menos o mesmo que distribuir armas pelos homicidas presos, para que possam continuar no “exercício das suas funções”.
Se ignorar o problema é enterrar a cabeça na areia, colaborar nele, desta forma, parece sinal de impotência do estado e de um baixar de braços do género: “se não podes vencê-los…”
Como diriam os Gato Fedorento na rábula de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o aborto: é proibido! Mas pode-se fazer? Pode, mas é proibido!

Etiquetas: ,

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

P'ra ti mor

Dizia-se, por graça, em Viseu, na altura em que Timor estava em luta pela autodeterminação e em que decorria uma campanha de donativos, que as melhores amigas de Timor eram as prostitutas da circunvalação porque “trabalhavam” para aquele país. À pergunta dos clientes: “quanto levas?”, a resposta invariável era: “P’ra ti, mor, são 50 euros!”.
Vem este intróito a propósito da jovem pseudo-democracia timorense que está, também ela, impregnada das “boas vontades” de meretrizes políticas do país. Falo, claro está, de Ramos Horta e de Xanana Gusmão. Parece indiscutível que ambos deram muito de si para a autodeterminação de Timor Leste. Mas não é menos verdade que este jogo de troca cadeiras em que, independentemente das eleições, ambos estão metidos não abona em nada a favor da credibilidade do país e deles próprios.
Parece o refrão da cantiga popular: “ora agora mandas tu, ora agora mando eu, ora agora mandas tu mais eu”.

Etiquetas:

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O dono do circo e a marioneta

A crise que abalou a maior instituição financeira privada do país, o Millennium Bcp, fez-me lembrar as guerrilhas típicas internas de disputa pelo poder nos partidos políticos.
Não é muito frequente ver este tipo de comportamento nos grandes grupos económicos, sobretudo os que se movem pelos superiores interesses dos accionistas que têm como objectivo último a “engorda” da conta bancária.
No Bcp não foi bem a isso que assistimos. Aliás, neste último semestre e também fruto dessa guerra interna, os lucros do banco caíram a olhos vistos quando comparados com o período homólogo do ano passado.
E por que é que esta luta me fez lembrar a dos partidos políticos? Está fácil de ver. Temos um presidente do Conselho de Supervisão – e digo já que o Bcp é das poucas instituições cotadas na bolsa portuguesa que tem um órgão assim – que é presidido pelo anterior presidente do Conselho de Administração do banco. Ora, a dada altura e ao sentir o peso da idade, Jardim Gonçalves disse ao mundo da alta finança que se ia retirar e que passava a pasta a Paulo Teixeira Pinto, seu delfim. Mais, disse então, que o banco ficaria muito bem entregue e que era uma oportunidade de ouro para seguir a estratégia de crescimento, que os accionistas tanto queriam, por via de aquisições.
Pensou, ainda, que seria melhor ideia se ao calçar as pantufas arranjasse uma espécie de telecomando com que controlaria Paulo Teixeira Pinto, como se de uma marioneta se tratasse. E se bem o pensou, melhor o fez: criou o Conselho de Supervisão presidido por ele.
E lá estava Jardim Gonçalves, quer fizesse chuva, sol ou frio, de pantufas calçadas e de comando na mão, enquanto Paulo Teixeira Pinto molhava o respectivo traseiro para tentar apanhar o peixe. Sucede, porém, que de tanto usar o comando as pilhas começaram a ficar gastas e a marioneta deixou de responder aos impulsos eléctricos e começou a actuar por conta e risco, que é como quem diz, autonomamente.
Jardim não gostou e, autêntico dono do circo, muda de marioneta, mantendo no entanto o mesmo discurso usado no passado e muda, também, de pilhas do telecomando.
Escusado será dizer que enquanto houver telecomando e as pilhas durarem…

Etiquetas: , , ,