quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Peço perdão ao fisco...

Já disse aqui, uma vez, que nem tenho pais ricos, nem me saiu a lotaria. Mas também não fui ao banco como o homem de Setúbal. Não. A razão é simples: é que eu sou dono de um banco. Quer dizer, disseram-me que sou.
Nesse mesmo dia, em que essa notícia me é transmitida, decidi assumir essa minha condição e, sem demoras, exigi à gerente do meu banco que me eliminasse o “spread” da taxa de juro que me está a ser aplicada. A resposta foi imediata e negativa. Nada feito. A funcionária não obedeceu à voz do patrão. Pensei demiti-la, não fora a crise que grassa por aí. Não espera, contudo, pela demora.
Mas nem tudo é mau na minha nova senda de banqueiro. Fiquei agora a saber, também, que o meu banco e os outros que não são meus, não serão ser penalizados, este ano, por não terem retido na fonte o IRS e IRC de investimentos obrigacionistas porque, na opinião dos técnicos do fisco, não agiram de má fé. Claro que os bancos sabiam bem o que estavam a fazer. Para isso têm os muitos assessores jurídicos que encontram sempre na lei um buraco de uma agulha onde pode passar, à vontade, uma cáfila.
Ora, portanto, eu como dono de um banco estou safo por este ano. Mas pergunto: e eu, cidadão teso e endividado, agindo de boa fé, na minha declaração de IRS dos rendimentos deste ano, posso “esquecer-me” de alguns dos parcos rendimentos que também serei perdoado?

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Quem tramou a presidente?

O interior do país desertifica-se a cada dia que passa. Vila de Rei, o centro geodésico de Portugal, não é excepção à regra. Por lá também já escasseiam crianças e jovens que garantam o futuro do concelho. Vai daí, a Presidente de Câmara numa iniciativa inédita e em parceria com um município brasileiro, contrata um grupo de imigrantes brasileiros, tratando da sua legalização e assumindo postos de trabalho que lhe garantam subsistência, com todas as condições adequadas para uma vida desafogada. Garante, inclusive, a educação e integração das crianças que acompanham este grupo pioneiro.
No fundo, um pouco à semelhança do que se fazia nos tempos do Império, trazendo gente de outras bandas para povoar terras de "quase ninguém".
Não sou sociólogo, nem politólogo para poder encontrar a explicação certa para esta solução que deu em problema. Na verdade talvez um sexólogo explicasse melhor o porquê dos brasileiros terem “lixado” a estratégia da Presidente da Câmara.
Tenho, no entanto, para mim que o interior, à semelhança do que sucede noutros países e a vizinha Espanha é, também, exemplo disso, se continuará a desertificar. Não porque se fecham escolas ou centros de saúde. Nada disso. O primeiro motivo de fixação de pessoas está no seu ganha-pão. É o emprego e, consequentemente, as perspectivas de melhor qualidade de vida que faz com que as pessoas escolham esta e não aquela terra para viver.
O que terá, então falhado em Vila de Rei se havia emprego garantido para os brasileiros? Provavelmente, e pelo que tive oportunidade de ler, a principal razão que os levou, na sua maioria, a abandonar o projecto, está relacionada, precisamente, com o emprego. É que em concelhos vizinhos conseguiram melhores salários do que em Vila de Rei. Mais dinheiro, portanto. E continua a ser o vil metal a comandar o mundo!

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Sorria!

Uma viúva rica e solitária decidiu que precisava de outro homem na sua vida e, então, colocou um anúncio onde se lia:
"Viúva rica procura um homem para partilhar a vida e fortuna. Requisitos necessários: Não me bater; Não fugir de mim; Ser excelente na cama.
Por muitos e muitos meses o telefone tocou incessantemente, a campainha de casa não parava um segundo e recebeu, ainda, toneladas de cartas, mas nenhum dos pretendentes se enquadrava nao perfil requerido.
Um dia, porém, a campainha tocou novamente. Ela abriu a porta e encontrou um negro sem braços nem pernas deitado no tapete da porta. Perplexa, perguntou: "Quem é você e o que quer?"
"Olá! - disse ele - A sua angústia terminou, pois eu sou o homem dos teus sonhos. Eu não tenho braços, logo não te posso bater. Não tenho pernas, portanto não posso fugir de ti."
"Bom - retorquiu ela - o que o faz pensar que é tão bom na cama?"
Ele respondeu: "Eu toquei a campainha, não toquei???"

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Como é que é?

Chegou-me hoje aos ouvidos um rumor que carece de confirmação para que se possa transformar numa notícia. Consta-se que a partir de Janeiro, na nossa factura de electricidade, cujo preço vai subir, deverá aparecer uma taxa para pagamento de infra-estruturas da energia eólica.

Custa-me a acreditar que seja verdade. Porque é mau demais. Porque é inadmissível que tal tenha, sequer, sido imaginado na cabecinha de algum iluminado, desses que olha para o país com régua e esquadro na mão, de tamanha incompetência que tem para traçar uma recta sem tais objectos.

Afinal, os parques eólicos que grassam por esse país fora, quais moinhos de ventos quixotescos – bem mais parecidos a elefantes brancos – (e não me refiro, obviamente, ao de Lisboa, que deve ser o único a dar lucro pelas meninas que alberga), são investimento privado e, como tal, não me compete a mim estar a suportar tais encargos dos privados. Por este andar quando Belmiro de Azevedo quiser instalar um novo Continente num concelho deste país, não tem que se preocupar com os custos do seu investimento, basta solicitar que seja incluída, num recibo de um serviço público, uma taxa que suporte tais avultados encargos. É fácil, é barato e dá milhões!

É bem que, no entanto, isto não passe de um rumor sem qualquer fundamento. Seria muito mau se assim não fosse!

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Música no Coração






Estive lá.
Vi, vibrei e aplaudi!
Gostei... muito!
Aconselho.
Se puderem, vão ver!

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Desculpem, mas não é nada comigo!

A Amnistia Internacional pede-me para assinar um protesto contra a lapidação das mulheres até à morte no Irão. Por várias razões, sendo duas delas o respeito pela vida e o respeito e admiração que tenho pelas mulheres, deveria subscrever esta petição.
Não o faço por razões que já expliquei aqui em tempos. E ainda por outras: não é o Irão uma democracia respeitável? Não são os fanáticos do islamismo os donos da razão quando estão em jogo e em causa os direitos e garantias da liberdade de expressão do Ocidente? Não foi pelos seus ideais que aplaudimos as suas insurreições e não foi por eles que impedimos que a ópera de Mozart subisse ao palco em Berlim? Não foi para defender a sua razão que nos insurgimos contra as caricaturas profanas de Maomé?
Então porque razão hei-de, agora, desrespeitar a cultura islâmica? Até porque Amina Lawal disse, um dia, que se deveria ter cumprido a vontade de Alá. Perdoem-me, mas que se cumpra, pois então!

Ah, e se o blog explodir já sabem que foi por uma de duas razões: ou do veneno que aqui verti ou alguém à procura de 70 virgens que o agarrou a si e se fez explodir com ele.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

A vida por um fio

Fui ver o filme World Trade Center que retrata a luta pela sobrevivência que dois polícias da Nova Iorque tiveram que travar no meio dos escombros das torres gémeas, no dia 11 de Setembro de 2001. A história é baseada em factos verídicos como tão verídica foi a morte do português António Rodrigues, colega de John McLoughlin e Will Jimeno, os sobreviventes, fazendo parte do mesmo grupo que entrou nas torres com o objectivo de evacuar os milhares de pessoas que se encontravam no seu interior.
Impressionou-me a vontade de viver que tiveram os agentes superando todas as adversidades e enfrentando o tempo que, inexoravelmente, corria contra eles. Foi essa vontade e essa determinação que lhes permitiu ficarem vivos e tornarem-se heróis desta história.
Durante o filme lembrei-me do senhor Manuel, pessoa que conheci há cerca de um mês no barbeiro. Quis a fatalidade que viesse a sofrer de esclerose múltipla que, lentamente, lhe está a provocar a morte. Dia para dia vai perdendo funções que lhe retiram a mobilidade e o deixam dependente dos familiares. Não lhe ouvi, durante uma hora que estive à conversa com ele, um único queixume. Pelo contrário, ouvi-o falar dos sonhos e das vontades e desejos que ainda tem, com um brilhozinho nos olhos só superado pelo brilho que emana dos das crianças quando recebem um brinquedo novo.
Já não consegue caminhar sozinho mas ainda sonha viajar ainda mais e conhecer países que continuam a povoar o seu imaginário. O senhor Manuel respira vida. Está agarrado a ela com uma força enorme. E têm sido os sonhos que o mantêm vivo. Não desiste. É persistente!
Como ele há muitos outros casos de pessoas que oferecem resistência à morte. Como ele, os polícias de Nova Iorque disseram, sob toneladas de aço e betão partidos, que aquele ainda não era o seu dia. E não foi!
E nós que, tantas e tantas vezes, por um revés ou contratempo fraquejamos e ameaçamos deitar toalha ao chão e deixar de lutar…

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Não há mais Lulas?

Lula, o metalúrgico que cativou e surpreendeu o Brasil há quatro anos, arrastando gente do espectáculo e da cultura brasileira, não conseguiu, agora, melhor do que garantir um lugar na segunda volta da corrida à casa presidencial.
Na sua maioria, os grandes pensadores de esquerda da cultura brasileira que o acompanharam e influenciaram mais de meio Brasil a votar em Lula da Silva há quatro anos, hoje deixaram-no só e abandonado.
A minha dúvida é: existe, nessa separação, alguma razão que esteja relacionada com os escândalos do partido que apoia Lula, o PT, e que ele, insistentemente, alega desconhecer? Ou estão os homens de esquerda descontentes com as medidas de esquerda adoptadas pelo governo de Lula ao instituir uma espécie de rendimento mínimo para milhares de brasileiros carenciados? Porque, de certa forma, esta medida mexe no bolso da pequena classe média brasileira. Ou será pelo facto de Lula, afinal, não saber, nunca, de nada do que se passa no meio político que o apoia? Não sei dar a resposta, mas gostava. Uma coisa é certa: Lula chegou ao palácio presidencial envolto em brilho e pela porta grande. Arrisca-se, seriamente, a abandoná-lo pela porta do mordomo ao volante do seu antigo Fusca.