segunda-feira, 30 de abril de 2007

O número


Dizia-me há dias o dono de um café que depois de ter feito uma radiografia aos pulmões o médico o proibiu de fumar imediatamente. "Mas como, se não fumo?" perguntou-lhe.
Intrigado, o médico só percebeu o que se estava a passar quando o paciente lhe disse que trabalhava naquele ramo há cinquenta anos.
Hoje impressiona-me o número que é divulgado na TV: mil e quinhentas pessoas morrem por ano com cancro no pulmão sem nunca terem fumado um cigarro. O motivo é o fumo dos outros.
Quando é que, à semelhança do que acontece noutros países, deixará de ser permitido fumar em locais públicos e fechados?
Somos lestos a importar leis castradoras e nem sempre boas para as tradições da nossa sociedade... mas muito lentos a implementar outras com provas dadas noutros locais...

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quarta-feira, 25 de abril de 2007

25 de Abril


Porque existiu Abril, também existe este blogue...
imagem retirada da rtp.pt

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domingo, 22 de abril de 2007

Olha o "tâncio"

Quando Vítor Constâncio anunciou esta semana no Boletim da Primavera do Banco de Portugal que os salários dos portugueses têm subido mais do que a produtividade e, por conseguinte, sugere que haja uma redução na massa salarial eu fiquei, por instantes, atónito e a pensar que seria algum governador de um Banco central de algum país do norte da Europa que recomendava tal atitude.
Mas não, tratava-se de facto de Constâncio, personalidade que eu respeitava e admirava, o governador do BP. Será, porventura, que o senhor governador não se quedou ainda no seu recibo de vencimento e das principescas mordomias a que tem direito?
Talvez fosse boa ideia reduzir já e para metade o valor do seu salário. É, sem dúvida, um bom começo. E digo-vos que mesmo reduzindo para metade continuaria a auferir uns bons milhares de euros por mês.
E digo reduzir para não ser mais radical ao ponto de sugerir a abolição imediata do seu cargo. É que se no passado se justificava o lugar de Governador do Banco de Portugal quando havia autonomia para mexer nas taxas de juro e controlar o valor do escudo no mercado cambial, hoje apenas serve de peça decorativa e produtora de relatórios do género deste.
Só para que se saiba Vítor Constâncio ganha mais que o seu homólogo americano, o presidente da FED, que é só um dos homens mais influentes na economia mundial.

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quarta-feira, 18 de abril de 2007

Os desertos que criamos

Foram hoje divulgados números que confirmam a desertificação, avassaladora, que afecta os pequenos e médios aglomerados. Metade da população mundial vive, actualmente, nas grandes urbes.
O problema, como se vê, não é só nosso e é transversal a todo o planeta. Confirmamos, assim, a nossa condição ancestral de nómadas; nos primórdios de sítio em sítio à procura de alimento, e agora de cidade em cidade à procura de trabalho e de melhores condições económicas. Não digo, propositadamente, de melhores condições de vida. Sabemos que o último local para viver com qualidade é um grande centro urbano, onde nos arriscamos a passar uma parte considerável da nossa vida dentro do automóvel, entalados numa qualquer fila interminável de trânsito.
Portanto a culpa é nossa porque fugimos dos pequenos meios para os grandes. E não o fazemos por outra qualquer razão que não aquela apontada atrás. E é legítimo.
Jorge Gaspar, geógrafo, e especialista na matéria aponta alguns caminhos para inverter a situação. O principal passa pela maior descentralização do poder central e maior dotação financeira às autarquias, com mais transferências de competências e verbas. Concordo que as autarquias, por princípio, racionalizam melhor os meios de que dispõem e usam-nos mais eficazmente. Até por razões de proximidade.
Não creio, contudo, que a solução para a desertificação esteja só nas mãos das autarquias. A Europa é exemplo disso onde as autarquias, apesar de maiores meios, não conseguiram travar a desertificação. Ainda assim, estou convicto que têm uma importante tarefa: a da captação de investimentos que possam contribuir para a fixação de pessoas.
Para João Ferro, Secretário de Estado das Cidades, este é um problema que, nas suas palavras, nunca mais terá solução e teremos que aprender a coabitar com ele.
Também não me convence. Primeiro porque há duas palavras que devemos evitar, sempre e nunca. Por motivos óbvios. Segundo, porque sabemos que a história tem ciclos. Ora, assumindo como verdade que o planeta está a aquecer e que o nível das águas do mar fará desaparecer, dentro de 50 a 100 anos, muitas cidades do litoral, perceberemos com facilidade que os fluxos migratórios podem inverter-se nas próximas gerações. Há quem aposte que os holandeses, por exemplo, deixarão de o ser e se espalharão pelo resto da Europa.
Mas isto sou eu a pensar. Eu que não sou geógrafo, nem secretário de estado, nem especialista.

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sexta-feira, 13 de abril de 2007

Astrologia

Há muito que o homem olha para os astros com respeito ao mesmo tempo que se questiona sobre a sua influência na vida de outros planetas. A curiosidade é tanta que a Nasa, só para citar o maior exemplo, gasta milhões de dólares por ano em investigação e exploração em cada vez que parte na aventura da descoberta do espaço.
Desde sempre que o espaço nos fascina e nos intriga. Nos atrai e nos atemoriza. Nos orienta, como aos magos do oriente, ou nos distrai, se estamos com a cabeça na lua.
Quando era miúdo ouvia, amiúde, aos meus avós que esta era ou não a lua certa para fazer as plantações ou as colheitas. O Borda d’Água, exímio orientador pelo calendário lunar, era sempre, ou quase sempre, a sua referência. Como ainda hoje o é para quem gosta de ter os seus “mimos” à porta de casa.
Ouvia, tantas vezes como aquelas que ainda hoje vou ouvindo, que esta era a lua certa para “deitar o coelho à coelha ou o bácoro à bácora”. Como ouvia e ouço dizer que a gata ou a cadela andam com a lua, em vez de cio.
E quantas vezes não nos é dito, também, quando o nosso humor não agrada: “parece que estás com a lua…”?
As marés são influenciadas pela lua. E é a lua que justifica, ainda, muitos dos sinistros rodoviários e não só, que ocorrem pelo mundo inteiro. Não porque estejamos a olhar para a lua, ou talvez por essa única razão.
Quando era miúdo a minha mãe dizia-me que só deveria cortar o cabelo em quarto minguante porque dessa forma demoraria mais tempo a crescer. Como todos os miúdos, cuidava que era uma treta dos “antigos” e dos pouco esclarecidos. A idade vai-nos “obrigando”, paulatinamente, a dar razão a muitos ensinamentos dos nossos pais e hoje corto, sempre que possível, o cabelo em quarto minguante e evito fazê-lo em quarto crescente.
Há quem não saia de casa sem consultar as previsões dos signos e há quem invista na bolsa em função da posição dos planetas.
Este sábado vai ser este o tema da Hora da Bica na Rádio Mangualde. Vamos ter a minha amiga Carmen Ferreira, que há muito se dedica ao estudo da astrologia, a explicar-nos tudo o que os astros nos ocultam.
Se quiser saber o seu mapa astral é só ligar entre as onze e a uma da tarde de sábado ou, em alternativa e se prefere manter o anonimato, deixe aqui apenas a sua data, hora e local de nascimento. Sim, porque cada pessoa tem um mapa exclusivo.

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segunda-feira, 9 de abril de 2007

Páscoa

E pronto, mais um ano e cumpriu-se a tradição. Na aldeia é assim, ano após ano, no dia de Páscoa as portas das casas abrem-se e assim ficam, toda a tarde, até que a Cruz de Cristo lhes irrompa, anunciando a Ressurreição.
O aroma dos soalhos lavados durante a semana ou o cheiro a cera fresca, colocada de véspera, rejuvenesce o velho casario que se espalha de uma ponta à outra da aldeia a contrastar com as casas de construção recente, de materiais modernos e de fácil manutenção e limpeza.
Nas ruas nem a chuva que chegou a ameaçar uma forte tempestade foi suficiente para impedir que as pessoas se aglomerassem à frente das casas, aguardando, impacientemente a sua vez. Algumas das casas, as mais antigas, com o tradicional pátio à portuguesa coberto de giestas floridas de onde emana um fresco e agradável perfume que nos faz regressar aos sonhos de miúdos quando as aldeias ficavam completamente cobertas dessa planta, de lés a lés, para que a procissão não sujasse os pés na lama das ruas ainda por calcetar, ou na velha calçada à antiga portuguesa enfeitada por uma passadeira de um verde e branco intenso.
As famílias reúnem-se. Os filhos da terra regressam à sua aldeia natal para o beijar da Cruz em cada casa.
Aqui se nota um avolumar de pessoas que transmite o verdadeiro êxodo que a aldeia tem sofrido nos últimos anos. Algumas das casas com um casal de velhos, de olhos lacrimejantes e doridos pela solidão, vestidos a rigor, ajoelhados para receber a Cruz de Cristo. E os que, sós, depois de uma perda irreparável de um dos cônjuges e com a família longe, no estrangeiro, quase pedem desculpa por estarem tão sós a receber a Cruz, numa casa onde já viveram cinco, seis, oito, dez pessoas. Como se fosse sua a culpa da solidão.
Numa casa portuguesa, com certeza, pão-de-ló, queijo e vinho sobre a mesa para arregalar os olhos da comitiva. E amêndoas para a pequenada. E o folar para o senhor prior. E a alegria, a alegria de ter uma aldeia cheia de gente, ainda que algumas casas estejam quase vazias.
É a maldita desertificação. Aquela que nós vamos fazendo dia a dia quando saímos à procura de melhor trabalho e da promessa de dias melhores para os nossos.

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quarta-feira, 4 de abril de 2007

Violência castigada

O procurador-geral da República veio defender que os conselhos executivos das escolas devem participar obrigatoriamente ao Ministério Público as agressões a professores e pessoal não docente ocorridas dentro dos estabelecimentos de ensino. Bem, muito bem.
Lamento, contudo, que tenha sido necessário fazer um alarido enorme na comunicação social com as agressões que foram ocorrendo de norte a sul do país, aos professores das nossas escolas.
É tempo de punir, severamente, quem não respeita e incentiva a desrespeitar aqueles que dão o melhor de si na missão de ensinar e formar cidadãos e profissionais. É claro que, à semelhança do que se passa em todos os sectores, também aqui há as chamadas ovelhas que destoam e denigrem o resto do rebanho. Mas é a árvore. Não a floresta.
É tempo de devolver autoridade aos professores. É que esta sociedade está a tornar-se sem regras e autoritária. A falta de autoridade pode, inevitavelmente, levar ao autoritarismo. Talvez esta seja só uma das muitas razões que levaram os portugueses a escolher Salazar e Cunhal para os primeiros lugares dos “Grandes Portugueses” equecendo-se, todavia, que elegeram dois grandes ditadores e autoritaristas... Mas isso são contas de outro rosário!

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