O céu pode esperar...

O filme é interessante apesar de irreal. Conta a história de duas pessoas que se conhecem e se apaixonam depois de terem vivido na mesma casa com dois anos de distância entre os acontecimentos. E, durante o filme, seguem desencontrados dois anos ainda que se comuniquem entre si, rompendo a barreira temporal.
Não é, para mim, fácil falar do próprio filme. Não sou especialista e isso limita-me, sobremaneira, na minha análise. Nem sequer, por essa razão, direi se o filme é bom ou não. Cada um dos meus leitores fará o seu juízo. Eu gostei. Pela história ou histórias que encerra.
No filme, uma das personagens espera dois anos pela outra e, por amor, dá-lhe algumas pistas para que possa sobreviver durante todo esse tempo. Fico, por instantes, a pensar que a nossa vida, não sendo um filme de Hollyood, é também um palco onde se espera e não se alcança ou, por felicidade, se alcança. São as escolhas que fazemos que contribuem para o desenrolar da nossa história. Nem sempre as coisas acontecem quando e como queremos porque, decididamente, não temos ninguém dois anos à frente que nos diga que esta espera ou esta aposta vai valer a pena.
E se esta perspectiva é realmente tentadora, não deixa de ser verdade que esperar no “escuro” acrescenta alguma dose de ansiedade e adrenalina. Poderemos, sempre, tentar a inversão de marcha e recuperar os anos que se perderam. Temo, contudo, que a vida seja uma auto-estrada que não se compadece com inversões. Comungo, em todo caso, da opinião que só não há solução para a morte. Tudo o resto, mesmo as escolhas e as inversões mais desastrosas, podem, mais tarde ou mais cedo, ter uma vírgula, dois pontos, umas reticências ou, na pior das hipóteses, um ponto final. Mas se o ponto final termina, também permite um recomeço.
Desculpem esta divagação… devo estar a precisar de férias!