segunda-feira, 31 de julho de 2006

O céu pode esperar...

Vi hoje, no cinema, o filme “A Casa da Lagoa”, com Sandra Bullock e Keanu Reeves nos principais papéis.
O filme é interessante apesar de irreal. Conta a história de duas pessoas que se conhecem e se apaixonam depois de terem vivido na mesma casa com dois anos de distância entre os acontecimentos. E, durante o filme, seguem desencontrados dois anos ainda que se comuniquem entre si, rompendo a barreira temporal.
Não é, para mim, fácil falar do próprio filme. Não sou especialista e isso limita-me, sobremaneira, na minha análise. Nem sequer, por essa razão, direi se o filme é bom ou não. Cada um dos meus leitores fará o seu juízo. Eu gostei. Pela história ou histórias que encerra.
No filme, uma das personagens espera dois anos pela outra e, por amor, dá-lhe algumas pistas para que possa sobreviver durante todo esse tempo. Fico, por instantes, a pensar que a nossa vida, não sendo um filme de Hollyood, é também um palco onde se espera e não se alcança ou, por felicidade, se alcança. São as escolhas que fazemos que contribuem para o desenrolar da nossa história. Nem sempre as coisas acontecem quando e como queremos porque, decididamente, não temos ninguém dois anos à frente que nos diga que esta espera ou esta aposta vai valer a pena.
E se esta perspectiva é realmente tentadora, não deixa de ser verdade que esperar no “escuro” acrescenta alguma dose de ansiedade e adrenalina. Poderemos, sempre, tentar a inversão de marcha e recuperar os anos que se perderam. Temo, contudo, que a vida seja uma auto-estrada que não se compadece com inversões. Comungo, em todo caso, da opinião que só não há solução para a morte. Tudo o resto, mesmo as escolhas e as inversões mais desastrosas, podem, mais tarde ou mais cedo, ter uma vírgula, dois pontos, umas reticências ou, na pior das hipóteses, um ponto final. Mas se o ponto final termina, também permite um recomeço.
Desculpem esta divagação… devo estar a precisar de férias!

terça-feira, 25 de julho de 2006

O fantasma do tribunal

A notícia foi divulgada, há dias, pela Lusa e teve o condão de me deixar perplexo. Bem, não tanto quanto imagina, como diz o outro: desde que vi um porco a andar de bicicleta…
Já ouvi dizer que, em certos sítios de Portugal, os mortos também votam. Não são únicos os casos que se conhecem de utentes serem chamados para cirurgias anos depois de terem sete palmos de terra em cima. Do mesmo modo, já ouvimos falar em mortos que ressuscitam, porque, verdadeiramente, nunca chegaram a morrer. Em Portugal já vimos disto e ficámos boquiabertos.
Mas no Brasil ainda é melhor: um morto foi “ouvido” em tribunal testemunhando sobre os motivos e a forma como foi assassinado.
Fico, perante esta notícia, sem saber se ria ou se chore. Incrédulo, prefiro, por instantes chamar-me Tomé, correr a uma agência de viagens e rumar até Porto Alegre à procura das chagas da vítima.
De uma penada, os factos remontam ao ano de 2003 e o assassino confesso já foi condenado. Restava saber que pena atribuir à mulher da vítima que, de acordo com o assassino, terá sido a autora moral do crime, já que foi a seu mando que ele actuou.
Vai daí o advogado da viúva socorre-se de um médium e recolhe o depoimento da vítima apresentando-o, posteriormente, em tribunal. É isso mesmo que lêem, sem tirar nem pôr.
Ora, perante tal depoimento, o júri absolveu a acusada. Há, no entanto, dúvidas da autenticidade da assinatura do morto, o que pode levar a ré a nova sessão.
O pior, ou melhor depende da perspectiva, é que este não é caso único. Até agora foram absolvidos perante provas vindas do além mais dois réus. E vale a pena referir que o médium foi o mesmo em todos os casos.
Não restam dúvidas que o médium é melhor e mais persuasivo que os advogados. Passará ele recibos das consultas? Não sei e a notícia não avança a sua morada nem o número de telefone. É caso para dizer que este médium é o maximum!

domingo, 23 de julho de 2006

Mulher inteligente!

Um casal sai de férias para um hotel rural. O homem gosta de pescar de madrugada e a mulher gosta de ler. Uma manhã, o marido volta de horas e horas de pesca e resolve tirar uma soneca.
Apesar de não conhecer bem o lago, a mulher decide pegar no barco do marido e ler no lago. Ela navega um pouco, ancora e continua a ler o seu livro.
Chega o Guarda Florestal, no seu barco, pára ao lado da mulher e diz:
- “Bom dia minha senhora, o que está a fazer?”
- “A ler um livro” – responde ela pensando se não é óbvio…
- “A senhora está numa área protegida em que a pesca é proibida” – diz ele.
- “Sinto muito, senhor guarda, mas não estou a pescar, estou a ler.”
- “Sim, mas com todo o equipamento de pesca. Pelo que sei, a senhora pode começar a qualquer momento. Se não sair daí imediatamente terei que a multar e processar”.
- “Se o senhor fizer isso, terei que o acusar de assédio e abuso sexual” – diz a mulher.
- “Mas eu nem sequer lhe toquei” – diz o guarda.
- “É verdade, mas o senhor tem todo o equipamento. Pelo que sei, pode começar a qualquer momento.”
- “Tenha um bom dia, minha senhora” – diz o guarda e vai embora.

Moral da história: Nunca discuta com uma mulher que lê. É certo que ela pensa!

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Ó Brigada...

Cinquenta milhões de euros é o valor que o Estado já arrecadou provindos das multas por infracções ao código da estrada. Trata-se, simultaneamente, de um valor exagerado e abusivamente baixo. Parece uma antítese, mas não é. Na verdade o exagero resulta da actuação excessivamente autoritária e pouco pedagógica das forças da BT. Por outro lado reconheço que o valor é baixo se considerarmos o número de condutores que, possuindo licença de condução, não tem formação cívica para andar na estrada.
Não resisto a contar dois pequenos episódios sobre a actuação da Brigada de Trânsito que têm tanto de caricato como de hilariante:
Ontem, num troço do ainda IP5 – um daqueles troços onde não se consta que tenha havido qualquer acidente nestes 20 anos de estrada da morte – estava um carro estacionado, de cor preta, na berma da estrada. Lá dentro uma máquina de fotografar (leia-se medidor de velocidade) num dos bancos. No outro um agente que dormia. Lindo se ser ver!
Há tempos uma amiga minha teve um problema com o carro na mesma estrada. O motor foi-se! (Histórias de mulheres? Não, que conheço homens que já fizeram o mesmo). Parou na berma da estrada e pouco depois parou um motard perguntando se precisava de ajuda. Cavalheiro, – outro fosse eu – ficou por ali a fazer companhia esperando que o reboque viesse. E rezava para que demorasse – outro fosse eu. Não tardou parou uma Brigada e um dos agentes, mais rápido que a própria sombra, sacou do bloco e perguntou: “de quem é a mota”? Atónito (não era o nome do rapaz), o motard identificou-se e foi-lhe passada uma multa porque a chapa de matrícula não cumpria todas as normas. Parece que o tamanho não satisfazia… Depois de ter passado essa, ainda passou outra porque a morada da carta não coincidia com a do BI. Até aqui tudo bem, não fora o facto do desgraçado ter dado uma de “bom samaritano” para ajudar quem precisava de ajuda. Posto isto os senhores agentes meteram-se no carro e nem “água vai” à donzela em apuros. Devem ter pensado que estavam os dois ali no engate. À falta de melhor sítio...

Podem não acreditar. Mas eu acreditei. E há mais, mas por hoje bastam estas!

terça-feira, 18 de julho de 2006

Os maus da fita?

Nos últimos 3 anos a deslocalização de multinacionais instaladas em Portugal arrastou mais de 8000 pessoas para o desemprego. O caso mais recente é o da Opel de Azambuja, num puro incumprimento do contrato que a General Motors assinou com o estado português.
Ouvem-se sempre nestas ocasiões, vozes críticas aos sucessivos governos pela sua inabilidade e incapacidade estratégica e negocial perante estas derrocadas. Mas, e os sindicatos? Em que ficam os sindicatos que nunca, ou quase nunca, saem beliscados destas “hecatombes”?
Para quem não sabe, vale a pena recordar que há menos de um ano os sindicatos bramiam argumentos e denegriam o capital da General Motors, quais exploradores dos mais fracos, em busca de aumentos salariais de 10% e mais, aproveitando uma grande encomenda de Opel Combo, feita pelos correios britânicos. A GM perdeu essa batalha e os sindicatos sorriam de satisfação.
Hoje apensa ouvimos, timidamente, alguns dizendo que o estado português deveria suportar os 500 euros por veículo produzido, que separa o custo total de produção de um Combo na Azambuja de um Combo em Saragoça. Eu pergunto: porque é que eu tenho que pagar Combos se eu nem tenho nenhum? Essa medida aguentaria a GM em Portugal por mais uns anos é certo. Acabado o subsídio, porém, lá regressava o mesmo problema.
Uma coisa é, hoje, absolutamente certa – os discursos sindicalistas contra o capitalismo deu os seus frutos positivos durante menos de um ano. Agora os trabalhadores da Opel não vão ter mais aumentos salariais daquela grandeza. Tão somente porque deixarão de ter salário. Os milhares da Opel e os outros tantos que gravitam em torno da riqueza que ela produzia ali à volta.

domingo, 16 de julho de 2006

Playboy ou National Geographic?

Leio a Playboy pela mesma razão que leio a National Geographic: Gosto de ver fotografias de lugares que sei que nunca vou visitar. Autor desconhecido

Bem, em boa verdade, há uma idade para tudo. O tempo da Playboy já lá vai. Depois veio o tempo das revistas dos grandes automóveis. Frustrados por não conseguirmos dinheiro para os comprar, atiramos-nos às revistas de lugares paradísiacos, como a National. Acabamos, depois e pela mesma razão, a deixar de ler revistas e a jogar mais no euro milhões. Bom domingo!

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Muito bem, muito bem...

Ontem, enquanto acompanhava o debate da nação na Assembleia da República através da TSF, ia ouvindo, a espaços, algumas vozes de deputados que se limitavam a seguir a voz do dono e apenas diziam: muito bem, muito bem…

Aposto que durante a legislatura não mais se ouvirão tais vozes em textos mais criativos do que aquelas duas palavras que conseguem juntar. É pena. Não é, no entanto, de agora e nem sei se será um problema apenas da nossa democracia. Conta-se que no século passado, um famoso escritor na época e imortalizado por todos nós, deputado na assembleia da república, fez uma única intervenção: pediu a palavra, levantou-se e disse: Senhor Presidente, pode mandar fechar aquela janela ali ao fundo que ainda me constipo com a corrente de ar que faz?

Também nas nossas Assembleias Municipais, a AR numa dimensão local, a constituição das listas passa, na sua maioria, pela inclusão de pseudo personalidades que nos quatro anos de mandato fazem uma única intervenção – a leitura do juramento na tomada de posse. Depois disso não mais se ouvem. E tantos valores que ficam de fora…

terça-feira, 11 de julho de 2006

Terror em Bombaim

Sabem que dia é hoje? Perguntem aos familiares das 150 pessoas que pereceram nos comboios em Bombaim. Hoje é dia de terrorismo. Outra vez. Outro dia 11. Dia 11 de Julho. Há um ano e quatro dias foi em Londres. Recordam-se? A 11 de Março em Madrid e o inesquecível 11 de Setembro de Nova Iorque, o maior ataque terrorista ao mundo.
Como se vê não é preciso ter travado a campanha anti terrorista para estar a salvo de ataques. A Índia, que se saiba, não declarou apoio a ninguém. Muitos disseram que só houve Madrid e Londres por causa do envolvimento dos seus governos na luta anti terrorista ao lado dos EUA. E Bombaim existiu porquê?
Esta é a grande diferença entre a guerra e o terrorismo. Não sou apologista de nenhuma destas formas de exibir força e poder, mas a ter que escolher, escolho a primeira. Tem dia, hora e local marcado. O terrorismo não. A primeira ataca alvos militares. Os mortos civis são danos colaterais. No terrorismo acontece precisamente o inverso: dizimar o maior número de civis é o objectivo. E não há danos colaterais. Quer-se sangue, muito sangue. Segue-se um minuto de silêncio em memória de todas as vítimas de ataques terroristas no mundo inteiro.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Now, Portugal no!

Leio na revista Visão que os Ingleses estão, desde o jogo com a Inglaterra, a cancelar as férias que já tinham marcado para Portugal. Diz a revista que até à data do jogo, o nosso país era o quarto destino mais procurado pelos britânicos. Agora está em décimo quinto!
Sempre suspeitei que o pseudo cavalheirismo dos britânicos não passava de uma farsola. Aquele tom coloquial, irritante, que nos faz preferir ouvir o inglês da Wall Street ao da Downing Street, parece emanado de quem está atrapalhado para ir à casa de banho com uma brutal diarreia, ou de quem usa umas cuecas tão apertadas que deixam pouco à vontade as cordas vocais. Para quem não sabe elas têm ligação directa aí mesmo, ao sítio que muitos não têm.
Têm pouco fair flay e um péssimo perder. Ao contrário de nós. Vejam a espectacular recepção que fizemos aos nossos heróis que ousaram, entre as brumas da memória, levantar o esplendor de Portugal. Os paspalhos dos yes de sua majestade, dizem que não querem ver por perto Cristiano Ronaldo e não contiveram os assobios, que as cuecas apertadas provocam, ao nosso menino no jogo que nos opôs à Alemanha.
Enfim, uns idiotas pegados!

quinta-feira, 6 de julho de 2006

DR - Sirva-se

Foi anunciado pelo Primeiro Ministro que o Diário da República tem uma versão online totalmente gratuita e acessível em todas as séries, terminado desta forma com a versão em papel.
Até que enfim, digo eu! Esta medida já deveria ter sido tomada no século passado. De facto, nessa altura, o DR estava disponível online apenas para os subscritores da versão papel e, mesmo assim, com muitas limitações.
Modernizar a administração pública e aproximar o estado dos cidadãos passa, obrigatoriamente, por pequenas medidas desta natureza. Poupa-se imenso dinheiro aos contribuintes com este pequeno gesto. É papel que não se gasta. São árvores que não se abatem. É tempo que se poupa em pesquisa (talvez o factor mais importante). E os cidadãos passam a ter um acesso facilitado ao trabalho que vai sendo desenvolvido pelos seus legítimos representantes.
Também o sítio da Direcção Geral de Impostos está mais funcional e intuitivo, proporcionando aos contribuintes a possibilidade de executarem ali uma série de operações sem que, para isso, tenham que se deslocar às repartições públicas e acedendo a qualquer hora do dia ou da noite e de qualquer lugar. Dir-me-ão, e bem, que nem todos os portugueses têm ainda acesso facilitado às novas tecnologias. Verdade! Mas alguém tinha que começar este trabalho agora para que os frutos apareçam no futuro. Assim procedesse este governo em matéria de educação, por exemplo. O DR online encontra-se em www.dre.pt

quarta-feira, 5 de julho de 2006

O peso da tradição!

Tenho um nó na garganta. Tivemos um sonho! Temos o fado! O fado que não nos larga... Foi lindo, mas... Parabéns Portugal! Foste grande até ao fim!

segunda-feira, 3 de julho de 2006

À pedrada

Fernando Ruas será um dos presidentes de Câmara mais prestigiados do país. Tem obra feita e quando se fala de Viseu o seu nome é imperativo e inevitável na conversa. É o paradigma do autarca que muitos gostariam de ser. Deixará marca, sem dúvida. Tenho, por isso, muito apreço pelo autarca que ele é.
Se alguma mancha ficará a marcar os seus mandatos, porventura esta será a maior de todas. Disse publicamente, em jeito de desafio e até incitação, que o povo corresse à pedrada os fiscais do Ministério do Ambiente que terão multado um autarca de Silgueiros, por uma obra não licenciada pelos serviços que representam.
É grave. Mesmo sabendo nós que o Ambiente é, tantas vezes, um espartilho ao progresso do municípios. Tão grave que, no dia seguinte, teve necessidade de vir a público desculpar-se, dizendo que apenas terá utilizado uma figura de estilo. Pouco feliz, tal figura.
Como autarca compete-lhe fazer respeitar as regras. E o que fez foi desautorizar quem, naquela matéria, é autoridade. Como autarca deve dar o exemplo em matéria de respeito pelo ambiente. Como autarca deve ser a última pessoa a incitar à violência.
Mesmo que tenha sido uma figura de estilo tem um efeito altamente perigoso e subversivo: pode deixar sérias marcas nas vítimas da figura e abre precedentes que justificarão outro tipo de linguagem figurada doravante. Ninguém, por certo, julgará que estarão a mandar o senhor presidente àquela parte mesmo que seja isso que o texto e o vernáculo digam. É puro estilo. Pura figura.

sábado, 1 de julho de 2006

Ricardo, outra vez!



Ricardo, mãos de leão!!!

Parabéns Portugal! Parabéns Selecção!

Obrigado Scolari!