IVA vs IRS

Mas não posso estar mais em desacordo com o ministro. Claro que aqui não coloco as razões orçamentais que desconheço e poderão, também elas, estar na base desta escolha.
E acrescento que, podendo parecer contra-senso, temos sido fortemente penalizados pelo facto de termos o IVA mais alto da Europa. Porque é que, então, preferia que o ministro escolhesse outro imposto, o IRS por exemplo?
A razão é simples: se o IVA baixar dois pontos percentuais não vamos notar nada na nossa prática diária pelo simples facto desse decréscimo vir a ser aproveitado pelos comerciantes que se têm queixado de ter as suas margens esmagadas pela crise e pela forte concorrência de leste. Na prática continuaremos a pagar o mesmo valor pelo pão, pelo almoço, pela roupa, pelo leite e por aí fora.
Por outro lado o IVA é um imposto cego, isto é, atinge todas as classes sociais por igual e é penalizador para o consumo. Ora se isto pode ser um aspecto negativo porque pode refrear o consumo privado e, por conseguinte, colocar em risco a retoma económica, não deixa de ser verdade que penaliza quem mais consome, logo as classes mais desafogadas.
Uma baixa no IRS é mais visível para todos porquanto afecta, positivamente, os nossos rendimentos, sobretudo os que trabalham por conta de outrem, que é como quem diz a classe média.
E todos sabemos que é a classe média que tem sustentado o país. É justo, por isso, que seja o IRS a sofrer o primeiro impacto na redução dos impostos. Até porque despenalizaria, de algum modo, quem mais trabalha.
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