quarta-feira, 28 de março de 2007

IVA vs IRS

O ministro das finanças, Teixeira dos Santos, admitiu hoje que a haver uma baixa de impostos ela começará pelo IVA. Compreendo os argumentos, foi o primeiro imposto a ser aumentado.
Mas não posso estar mais em desacordo com o ministro. Claro que aqui não coloco as razões orçamentais que desconheço e poderão, também elas, estar na base desta escolha.
E acrescento que, podendo parecer contra-senso, temos sido fortemente penalizados pelo facto de termos o IVA mais alto da Europa. Porque é que, então, preferia que o ministro escolhesse outro imposto, o IRS por exemplo?
A razão é simples: se o IVA baixar dois pontos percentuais não vamos notar nada na nossa prática diária pelo simples facto desse decréscimo vir a ser aproveitado pelos comerciantes que se têm queixado de ter as suas margens esmagadas pela crise e pela forte concorrência de leste. Na prática continuaremos a pagar o mesmo valor pelo pão, pelo almoço, pela roupa, pelo leite e por aí fora.
Por outro lado o IVA é um imposto cego, isto é, atinge todas as classes sociais por igual e é penalizador para o consumo. Ora se isto pode ser um aspecto negativo porque pode refrear o consumo privado e, por conseguinte, colocar em risco a retoma económica, não deixa de ser verdade que penaliza quem mais consome, logo as classes mais desafogadas.
Uma baixa no IRS é mais visível para todos porquanto afecta, positivamente, os nossos rendimentos, sobretudo os que trabalham por conta de outrem, que é como quem diz a classe média.
E todos sabemos que é a classe média que tem sustentado o país. É justo, por isso, que seja o IRS a sofrer o primeiro impacto na redução dos impostos. Até porque despenalizaria, de algum modo, quem mais trabalha.

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segunda-feira, 26 de março de 2007

Embrulha!

Republicado depois de um alerta vindo do Brasil sobre o erro da foto que apresentava Chico Buarque, o músico, e não Cristovam Buarque, o senador.
Durante o debate numa universidade, nos Estados Unidos, o ex-ministro brasileiro da Educação Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.
Esta foi a resposta de Cristovam Buarque:

“De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que os nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado.
Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano…
…Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Defendo a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Usemos essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de comer e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro…
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!”.

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domingo, 18 de março de 2007

Allgarve??

As marcas ocupam um espaço cada vez mais importante na nossa memória de consumidores. Uma marca pode encerrar em si um poder tal que qualquer objecto que a simbolize pode tornar-se rapidamente uma história de sucesso… ou de fracasso!
Veja-se, a título de exemplo e no caso do sucesso, o uso das marcas de tabaco conceituadas no mercado do pronto a vestir: Camel e Marlboro.
Também nós, por cá, temos marcas que se tornaram símbolos, ícones, paradigmas de sucesso, de qualidade, de sedução: Sonae nos aglomerados, Amorim na cortiça, Brisa nas auto-estradas e Pestana no Turismo são apenas alguns de muitos outros exemplos de marcas portuguesas que atingiram grande notoriedade lá fora.
Vem isto a propósito da nova campanha de promoção turística da marca Allgarve. Não, não é um erro. É mesmo assim.
Os criativos apresentaram e o ministro da economia, talvez por ser diferente do que foi feito pelos seus antecessores, comprou de imediato a ideia. Será porque em política é sempre bom tentar apagar tudo o que foi feito para trás, pelo simples facto de que não fomos nós a fazê-lo?
O turismo tem sido, através das suas diversas regiões, um bom exemplo dessa inadequada atitude dos políticos. Uma marca demora anos a encontrar espaço na memória do consumidor. Não é possível fazê-lo quando em cada três anos que passam e se muda tudo: matam-se as marcas anteriores e criam-se outras, completamente novas. E o dinheiro que isso custa.
Hoje, os nossos operadores turísticos, não vendem camas de hotel, como acontecia no passado. Vendem uma região e com ela as estadas.
Experimentem perguntar a um inglês onde fica Quarteira, Vila Moura, Faro ou Olhão. O mais provável é que ele diga que não sabe. Mas se lhe perguntarem onde fica o Algarve não tenho dúvidas que a resposta surge na ponta da língua: Sul de Portugal. É o poder da marca Algarve já devidamente enraizada no espaço encefálico reservado às grandes marcas.
Então, se assim é, não será uma tentativa suicidária alterar o nome da marca, ainda que essa alteração pareça ténue?
Percebo, à primeira vista, que esta será uma tentativa de “brincar” com o All inglês para dizer que no Algarve todos cabem. Mas é uma brincadeira que nos pode sair cara.
Não esqueçamos que o turismo é a chamada indústria do futuro e nós ainda estamos a anos luz dos que os nossos vizinhos aqui ao lado têm feito neste sector. O Algarve tem sido uma honrosa excepção. Que esta estratégia não deite tudo a perder.

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quarta-feira, 14 de março de 2007

Karatecas da terra

Um grupo de atletas de Karaté da escola de Mangualde participou no passado sábado na “V Taça de Portugal KPS”. A prova realizou-se no pavilhão polidesportivo de Tortosendo, concelho da Covilhã, e contou com a participação de mais de duzentos atletas oriundos de várias escolas do país.
A organização escalonou os atletas participantes por faixas etárias permitindo assim a disputa entre cinturões de várias cores.
Os karatecas tiveram que prestar provas nas modalidades de KATA e KUMITE. A delegação de Mangualde esteve ao nível dos seus mestres, com exibições de encher o olho ao público que atestou as bancadas do pavilhão.
Assim, os nossos atletas, conseguiram arrebatar várias medalhas tendo mesmo, alguns deles ocupado o primeiro lugar do pódio.
As classificações ficaram assim distribuídas entre os nossos representantes:


KATA
6 anos - 3º lugar - Inês Costa e Mariana Lopes;
8 anos – 1º lugar – Joana Venâncio;
9 anos – 1º lugar - Daniel Carvalho; 2º lugar - Luís Neves;
10 anos – 2º lugar – Beatriz Lopes;
11 anos – 1º lugar – José Abrantes;

KUMITE
6 anos – 3º lugar - Sara Elvas e Mariana Lopes;
8 anos – 2º lugar – Joana Venâncio;
9 anos – 1º lugar – Luís Neves;
11 anos – 2º lugar – José Abrantes;

Para os menos familiarizados com estes termos fica o link onde podem encontrar mais informação sobre a modalidade. Por curiosidade, a definição de Karaté que podem encontrar no mesmo sítio é “mãos vazias”. Isto porque um Karateka utiliza, durante a sua prática as suas armas naturais, como: visão, mãos, braços, corpo, pés, e cérebro. Fica também a foto de grupo dos atletas que participaram na prova representando e defendendo em Tortosendo as cores de Mangualde. Parabéns a todos.

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domingo, 11 de março de 2007

Pára Euribor, pára!

Nos últimos anos temos assistido a uma série de intervenções do Banco Central Europeu usando as taxas de juro como instrumento de travar a inflação ou de estímulo à economia, ora subindo, ora descendo as taxas directoras.
Recentemente, porém, todas as mexidas têm sido no sentido ascendente como medida de controlo da inflação. Esta, grosso modo, não é mais do que o encontro entre a procura e a oferta, entre produtores e consumidores determinando a pressão de preços no consumidor, para cima ou para baixo. Nada mais simples.
Significa isto, então, que com o aumento do preço do dinheiro o BCE quer impedir um aumento de preços no consumidor por via da diminuição do ímpeto consumista. Por um lado torna o dinheiro mais caro e, consequentemente, menos acessível, por outro porque as taxas de juro também sobem no aforro, estimulando a poupança.
De facto no passado as coisas funcionavam assim com as elevadas taxas de juro que se praticavam no mercado. Hoje as coisas estão diferentes.
A economia deve crescer, sobretudo, por via do investimento privado. O estado assume, cada vez menos, o papel de agente propulsor de uma economia global à escala planetária.
É, por isso, a pressão dos milhões de consumidores em todo o mundo que faz movimentar os cifrões da economia mundial, ora crescendo, ora caindo.
É neste sentido que muitos economistas hoje defendem que é errado continuar a usar as taxas de juro como instrumento regulador da inflação porque o seu desenfreado controlo pode atirar uma economia em crescimento para a estagnação ou, pior, para uma recessão económica.
O BCE deveria, então, hoje usar este mecanismo para fortalecer a economia europeia, defendendo a sua moeda e incrementando as transacções comerciais para dentro e, sobretudo, para fora das suas linhas de fronteira.
A América há muito que pratica essa política. Não é por acaso que é, hoje, a maior economia mundial tendo há muito ultrapassado uma Europa velha na idade e nos procedimentos.
Claro que um economista ou especialista explicariam isto bem melhor do que eu. Mas, muitas vezes, a economia é bem mais simples do que no-la mostram.

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quinta-feira, 8 de março de 2007

A ti, mulher!

Amo-te Mulher! Só Deus sabe quanto!
Desde quando não sei... e pouco importa!
Sei só que te amo e, deveras, tanto
Que renasceu a vida, em mim, já morta.

Deixaram já meus olhos triste pranto;
E à solidão cerraram, já, a porta.
Meu choro transformou-se em alegre canto,
Já minh’alma tristezas não transporta

Amo-te Mulher, o quanto não sei!
Sei só que te amo e igualmente quero
Esse teu amor ledo, amigo e puro.

E a minh’ alma e meu corpo entreguei
Ao amor que me ofereceste, sincero,
E arrancou a minha vida do escuro!

Recupero este poema que escrevi nos idos anos da década de oitenta, para exaltar a força, a coragem, e determinação das mulheres que convivem de perto comigo mas também daquelas que, não conhecendo, vêm de visita a este espaço. E ainda a todas, mas todas, as que contribuem para que o mundo seja olhado com o coração e sentido através de um olhar feminino. Feliz o teu dia, mulher!

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domingo, 4 de março de 2007

Contra ciclo

A ONU recomendou esta semana que se acabasse com as salas de chuto – ou, de uma forma mais fina, salas de injecção medicamente assistida – porquanto elas não contribuem, de acordo com o estudo da mesma organização, em nada para terminar com o flagelo social que a droga provoca.
Sérgio Lipari, vereador da Câmara de Lisboa, e sério entusiasta das salas de chuto, tanto mais que mandou abrir uma, recentemente, na capital, apressou-se a vir a público dizer que não, que a ONU não sabe o que diz. E ele sabe.
Continuamos em contra ciclo com o resto do mundo. Ou o mundo é que está, porque nós, com uma história milenar e mais de metade do mundo conquistado, já demos provas que estamos sempre na linha da frente. Sobretudo quando se trata de fazer asneira!
Bem, se a ONU ou outra qualquer organização dessas de vão de escada, descobrem este rapaz, o Sérgito, vêm buscá-lo, não duvido. Elas precisam de gente que saiba. E o moço é que sabe.

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